SET Expo 2018 debate VR, automação e TV Digital. Marcas referência no mercado estão em exposição!
Dividido em um Congresso e uma Feira, o SET Expo é um encontro anual de negócios e tecnologia para criação, produção e distribuição de conteúdo audiovisual na América Latina e está entre os principais encontros do mundo. A programação começou ontem e segue até 30 de agosto.
De acordo com os realizadores, este ano, são esperados 15 mil visitantes de mais de 35 países, que devem passar pelo Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte (SP) para conferir as novidades das 150 empresas expositoras, que representam mais 400 marcas nacionais e internacionais. Mais de 250 especialistas do mercado estão previstos para as palestras e debates.
A programação do Congresso inclui temas como inovação e tecnologias disruptivas; produção de conteúdo; contribuição audiovisual e infraestrutura; distribuição audiovisual; eletrônica de consumo; e assuntos regulatórios e de normatização.
Confira um pouco dos destaques de ontem (27):
Realidade Virtual onipresente em 2026
Um dos destaques do primeiro dia foi o debate Realidade Virtual, Realidade Aumentada, Vídeo 360 Graus. José Renato Bergo, roteirista e mestrando em Audiovisual levou à discussão sua abordagem acadêmica sobre como a orientação da tela, vertical ou horizontal, tem estabelecido diferentes padrões de consumo de conteúdo.
“Os modelos de negócio estão mudando. A previsão é que a realidade virtual cresça cada vez mais, implodindo os modelos panorâmicos de imagem”. A Singularity University, parceria entre Google e Nasa, prevê que o uso de realidade virtual seja onipresente já em 2026, ocupando completamente a lacuna hoje dominada pelos videogames convencionais.
Para o palestrante Marcos Alves (sócio e head de Ventures da Dream2B e Presidente do HUB XRBR), essa é uma oportunidade no setor audiovisual. Um dos motivos é o barateamento do hardware necessário e o tamanho do volume de investimentos feitos em produtos de realidade estendida (extended reality, XR). De um universo global de US$ 155 bilhões movimentados em venture capital durante 2017, US$ 3 bilhões foram voltados ao segmento.
Um dos exemplos brasileiros é o jogo exclusivo para dispositivos de realidade virtual Pixel Ripped 1989, produção apresentada por Rodrigo Terra (presidente da EraTransmidia Association e cofundador da ARVORE Immersive Experiences).
Automação no controle da produção
Vários cases de sucesso foram apresentados no painel Automação no Controle de Produção, envolvendo médios produtores de conteúdo brasileiros a grandes redes internacionais.
Carlos Cauvilla, diretor de Tecnologia de TV da Rede Anhanguera, apresentou o caso da produtora de Itumbiara, cidade a 200 quilômetros de Goiânia, na qual uma interface única passou a controlar o switcher, audio mixer, graphics, video servers e câmeras, o que reduziu a equipe de engenharia de cinco para duas pessoas no apoio ao editor-chefe.
Aldo Campisi, vice-presidente da Chryronhego para a América Latina, Caribe, Espanha e Portugal, comentou o caso da BBC Nottingham, no Reino Unido, que precisava de cinco a 15 profissionais para produzir de 15 minutos a uma hora de conteúdo para a BBC nacional.
Houve até mesmo uso de inteligência artificial para gerar legendas automaticamente com reconhecimento da voz dos jornalistas apenas com software, sem necessidade de mudança na infraestrutura.
Filippo Ferlini, diretor de Operações de Venda para a América Latina da NewTek, finalizou o painel com uma solução de pan and scan automática sob medida, reforçando que a base da automação é isso, considerar que cada produtor de conteúdo tem um processo e um modo particular de fazer o trabalho e que tudo precisa ser feito para atender as necessidades individuais.
Acervo audiovisual das TVs
A memória audiovisual das TVs é algo estratégico para geração de novos conteúdos e monetização, não apenas um acervo para consultas. Este foi o consenso a que chegaram os participantes do painel MAM – Os Desafios da Gestão de Acervos frente à Imaterialidade da Imagem durante o congresso SET Expo.
As discussões foram abertas por Erick Soares, expert de Tecnologia da Sony, que enfatizou as questões essenciais para digitalizar mídias antigas, como fitas magnéticas, que requerem temperatura adequada e processos químicos para limpeza e preservação antes de serem digitalizadas.
“Este passo é essencial para encontrar facilmente um arquivo entre milhares de fontes, enriquecê-lo e, finalmente, transmiti-lo, gerando renda novamente com o material”, afirmou. O corte do trabalho manual neste ambiente pode diminuir os custos em canais de TV que pertencem a estúdios em mais de US$ 30 milhões por ano, segundo projeções da empresa. Pelo SBT, participaram Juliana Ferrari, Media Manager, e Giuliano Charadia, Head Digital da emissora.
Eles abordaram o case de digitalização do acervo, que usa um identificador único para ser localizado e cujos metadados estão sendo completados com informações adicionais, como exclusividade, direito autoral e restrição de uso.
Impacto digital na publicidade
Qual o futuro da publicidade ante as mudanças na maneira das pessoas interagirem com as mídias? Foi esse o tema do painel moderado por Carlos Octavio Queiroz, head de Parceria e Arquitetura da área de Tecnologia da TV Globo, a discussão contou com as participações de Guilherme Gomide, CEO da Mirum Brasil; Patrícia Alves, diretora de Conta de Mídia da DPZ&T; e Caitlin Roller, gerente de Desenvolvimento Comercial da FreeWheel.
A principal transformação abordada foi o aumento da importância dos meios digitais. “Na última década, o digital passou de figurante a protagonista”, ponderou Guilherme Gomide, da Mirum Brasil. Na agência, as compras de mídia digital passaram da ordem de R$ 40 milhões em 2010, para R$ 1 bilhão em 2017. “Hoje, 80% de nossos trabalhos são para meios digitais”, relatou Gomide.
Mesmo com a popularização da internet, hoje utilizada por 80% dos brasileiros, a televisão continua fundamental como veículo para ações de publicidade e fortalecimento de marcas.
Um dos desafios do novo cenário é o estabelecimento de novos fluxos de trabalho. “No passado, as agências gastavam muito mais tempo fazendo gestão de campanha. Hoje, a ênfase é para estratégia de marketing e gerenciamento de dados”, contou Gomide.
Para os debatedores, o digital tornou a dia-a-dia do mercado mais complexo, mas simplifica tarefas de mensuração de objetivos.
100% das cidades brasileiras devem ter TV digital até 2023
O Brasil deve fechar este ano com 1.378 municípios, ou 25% do total, recebendo apenas sinal digital de TV. Os outros 75%, ou 4.192 municípios continuarão com sinais digital e analógico. A previsão da EAD (Entidade Administradora da Digitalização) prevê a conclusão do desligamento da TV analógica, com 100% das cidades brasileiras assistindo TV digital, no final de 2023.
Para Gunnar Bedicks, CTO da Seja Digital EAD, que falou no painel Futuro da Cobertura da TV Digital Terrestre – Como atingir todo o país, durante o congresso SET Expo 2018, 128 milhões de pessoas terão apenas TV digital ao final de 2018. “O processo começou em 2016, quando apenas 11 cidades passaram a receber apenas o sistema digital. Em junho deste ano já chegamos a 644 e terminaremos o ano com quase 1,4 mil cidades com o analógico desligado”.
Mas o grande desafio para Valderez de Almeida Donzelli, diretora da ADTHEC Engenharia e Sistemas / SET, será o próximo passo, quando o desligamento ocorrerá nos municípios pequenos. Pelos cálculos da EAD serão 77 milhões de pessoas ainda com sinal analógico.
Transmissão IP: agilidade na transmissão de som e imagem
Como definir a melhor infraestrutura para o seu centro de produção? As instalações mais modernas estão apostando cada vez mais na tecnologia IP. Essa é uma das principais tendências apontadas durante o painel Infraestrutura IP para centros de produção, um dos palestrantes foi Michel Proulx, consultor da Radio Canada e da Canadian Broadcasting Corporation (CBC).
Ele foi um dos responsáveis pelas novas instalações da empresa, com tecnologia 100% IP de produção e transmissão. “Uma de nossas principais preocupações era criar uma estrutura extremamente flexível, porque não sabemos como será a TV e rádio daqui a cinco anos”, relata. Além disso, escalabilidade também era um fator importante. Com a tecnologia IP, isso seria muito mais fácil de se atingir. Entre as instalações da nova Maison Radio Canada em Montreal estão um estúdio grande de TV com plateia, 10 estúdios de noticiário, 19 instalações de rádio e cerca de 20 ilhas de pós-produção. “Nada sai do prédio que não seja por IP”.
Principais marcas do audiovisual em exposição
Além de uma intensa programação de palestras e debates em seu Congresso, o SET Expo 2018 também oferece aos visitantes uma área de exposição com várias marcas de tecnologia voltadas à captura de som, imagem, transmissão e operação para toda a cadeia produtiva audiovisual. Referências de mercado, como Sony, Canon, Eutelsat, Verizon Digital, estão nessa lista.
A Panasonic, por exemplo, apresenta a câmera de estúdio 4K AK-UC4000, que foi lançada ainda este ano, na feira da NAB (National Association of Broadcasters, nos Estados Unidos). É a primeira vez que ela é exposta no Brasil.
Já a Fujifilm mostra as novas lentes Fujinon das linhas UA UHD 4K 2/3”, MK e Cabrio de Cinema. Outro destaque será o lineup da Série X: lentes e câmeras profissionais que estão sendo relançadas no Brasil, com destaque para o modelo X-H1, munido de diversos recursos para produção de vídeo.
Para o universo de serviços em nuvem, um dos destaques é a parceria entre Digilab e Embratel, que leva à área de exposição do evento soluções de playout e transcodificação a partir desse tipo de tecnologia.