10 anos de Brasil CineMundi: mais de 200 profissionais receberam consultorias e participaram de mais de 1.300 rodadas de negócio
A capital mineira é a sede do Brasil CineMundi – International Coproduction Meeting que acontece em edições anuais e consecutivas desde 2010 e chega a sua 10a edição em 2019, a ser realizada de 17 a 22 de setembro, integrando a programação da 13a Mostra CineBH. Consolidado e caracterizado como evento de mercado do cinema brasileiro, o empreendimento promove um encontro internacional de coprodução com atividades diversas de formação, capacitação, difusão e negócios que visam a inserção do cinema brasileiro no mercado global, a profissionalização do setor, a conexão de profissionais, ações de intercâmbio e cooperação internacional.
Posiciona-se também como instrumento facilitador do diálogo com o mercado internacional, por meio de parcerias produtivas, ações de cooperação e intercâmbio, encontros de negócios e investimento na formação e capacitação de profissionais do setor audiovisual. Coloca em debate experiências e implicações do formato de coprodução, busca refletir e difundir um histórico das coproduções no Brasil e no mundo e as oportunidades e desafios dessa modalidade de produção para os profissionais que atuam no mercado audiovisual brasileiro.
“O Brasil CineMundi teve sua primeira edição em 2010 e, ao longo de suas edições anuais, pode-se constatar os impactos internacionais gerados que tem favorecido o trabalho, a articulação e a capacitação de profissionais do setor, os projetos que se tornaram filmes e estrearam nas telas no Brasil e no circuito de festivais internacionais, outros que firmaram parcerias de coprodução. Resultados que fortalecem as ações construídas e ampliam a participação de projetos brasileiros em eventos de mercado internacional, por meio de parcerias e intercâmbio promovidos pelo Brasil CineMundi, destaca-se a coordenadora do Brasil CineMundi e diretora da Universo Produção, Raquel Hallak.
Ao longo de sua trajetória, em nove edições já realizadas – 2010 a 2018 – os números e resultados comprovam o alcance e a importância do Brasil CineMundi para o mercado audiovisual brasileiro. Foram apresentados 129 projetos brasileiros, sendo que 31 longas brasileiros finalizados, sendo 24 lançados comercialmente, 15 longas em finalização, 13 em produção, 317 convidados internacionais e nacionais de 18 países marcaram presença no evento, 70 instrutores de oficinas, workshops e masterclasses estiveram à frente do programa de formação que ofereceu 70 atividades entre debates, painéis, workshops e masterclasses, 11 estudos de caso e 61 oficinas. Mais de 2000 profissionais do audiovisual foram qualificados pelo Brasil CineMundi e mais de 200 diretores e produtores dos projetos selecionados receberam 118 consultorias com tutores especializados e participaram de mais de 1.300 rodadas de negócios. 50 filmes exibidos na Mostra Brasil CineMundi e 11 empresas da indústria nacional parceiras e 6 instituições internacionais cooperaram com o evento.
“Se os filmes de alto orçamento dependem cada vez mais de somas vultosas para se impor no circuito dos multiplexes, a engenharia financeira do cinema de autor passou a contar com vários ‘dinheirinhos’ provenientes das mais diversas fontes, de vários cantos do mundo (sobretudo da Europa, com sua longa tradição de apoio ao cinema, que vem desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e a defesa da chamada ‘exceção cultural’, ou seja, a ideia de que produtos relacionados à cultura de um país não podem estar submetidos às leis de mercado)”, relembra Pedro Butcher, crítico de cinema e colaborador do Brasil CineMundi.
“Da mesma forma, criou-se também uma grande rede internacional de festivais, distribuidoras, circuitos de arte e sites de streaming especializados, que garantem a circulação de parte desses filmes. Os filmes de baixo orçamento vivem de pequenos públicos espalhados por vários países, que frequentam festivais e salas alternativas, com uma carreira que pode se estender por anos”, completa ele.
Entre os filmes recentes cujos projetos iniciais estiveram nas mesas de conversa do CineMundi, estão “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, ganhador do Prêmio do Júri no Festival de Cannes, em maio deste ano; e “A Febre”, de Maya Da-rin, vencedor do troféu de melhor ator (Regis Myrupu) no Festival de Locarno, em agosto. Outros títulos de grande repercussão ao longo da década e que passaram pelo CineMundi são “Benzinho” (2018), de Gustavo Pizzi; “Mormaço” (2018), de Marina Meliande; “Elon não Acredita na Morte” (2016), de Ricardo Alves Jr; e “Los Silencios”(2018), de Beatriz Seigner.
“Foi importante participar do Brasil CineMundi, pois foi o primeiro momento em que apresentamos nosso projeto para outras pessoas. Falar dele e ouvir sobre ele dos participantes foi fundamental para encontrar nosso caminho de desenvolvimento”, relata Gabriela Amaral Almeida, que participou com o que viria a se tornar “A Sombra do Pai”, seu filme mais recente, lançado no circuito comercial em 2019. No caso de “A Professora de Francês”, projeto de Ricardo Alves Jr ainda em desenvolvimento, o CineMundi foi o encontro de coprodução escolhido para iniciar sua carreira. “O projeto foi premiado na edição de 2018 e isso impulsionou o interesse de outros eventos, abrindo portas para convites de mais encontros de coprodução”, diz o produtor Thiago Macêdo Correia.
No Brasil, constata Pedro Butcher, o Brasil CineMundi foi uma das iniciativas pioneiras neste sentido de juntar os produtores independentes e os realizadores com projetos ainda em começo de desenvolvimento para encontrarem interesses em comum que desemboquem em filmes de repercussão mundial. São apresentados projetos de longa-metragem em fase de desenvolvimento ou pré-produção, selecionados por um comitê composto por colaboradores nacionais e internacionais para atualmente três categorias: CineMundi (com ações direcionadas a uma plateia especializada de produtores e representantes do mercado audiovisual), Doc Brasil Meeting (para construir redes de trabalho, cooperação e troca de experiências na promoção e difusão do documentário brasileiro no mercado audiovisual) e Foco Minas (para ampliar a presença de projetos de longas originados em Minas Gerais).
“Ao longo dessa primeira década de existência, o Brasil CineMundi pôde confirmar resultados concretos no sentido de contribuir para a formação, cooperação, intercâmbio e projeção do cinema brasileiro no exterior. Dezenas de projetos que passaram pelo encontro foram selecionados por festivais internacionais e ganharam distribuição em diversos países. O encontro acolheu uma nova geração de realizadores e produtores, acompanhou e contribuiu num processo de profissionalização e amadurecimento da atividade audiovisual no Brasil”, comenta Pedro Butcher.
BRASIL CINEMUNDI 2019 E CONVIDADOS INTERNACIONAIS
Em 2019, um total de 22 projetos em busca de parceria e coprodução vão participar dos encontros com profissionais no Brasil CineMundi. A seleção foi feita pelos produtores Paulo de Carvalho(Alemanha), Gudula Meizolt (Alemanha) e Séverine Roinssard (França), pelo crítico Pedro Butcher(Brasil) e pela Universo Produção. Os 22 projetos estão distribuídos em três categorias: CineMundi(10), DocBrasil Meeting (6) e Foco Minas (6). Os selecionados vêm de oito estados brasileiros: Minas Gerais (9), Rio de Janeiro (5), São Paulo (3), Bahia (1), Espírito Santo (1), Pernambuco (1), Rio Grande do Sul (1) e Ceará (1).
Os projetos serão discutidos e analisados numa série de encontros promovidos pelo Brasil CineMundi com a presença de 25 profissionais do audiovisual, entre produtores e programadores vindos de 15 países: Alemanha, Argentina, Benin, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, Espanha, Equador, França, Itália, México, Portugal, Suíça e Uruguai. Todos estarão disponíveis para trocas de ideias e experiências, orientações sobre métodos e caminhos para coprodução internacional, workshops, masterclasses e outras atividades.
Entre as presenças confirmadas, estão: Anke Petersen (Jyoti Film, Alemanha), Annabelle Aramburu(Festival de Málaga, Espanha), Aonan Yang (Greenground Productions, Canadá), Davide Oberto(Torino Film Festival, Itália), Eduardo Villalobos (Molotov Cine, Chile), Faissol Gnonlonfin (Benin) e Nidia Santiago (Ikki Films, França).
Os projetos selecionados, em sua maioria, estão em fase de desenvolvimento, o que significa que devem ser filmes ainda a levarem algum tempo para serem concluídos. Alguns deles são de nomes bastante conhecidos no circuito de cinema independente brasileiro, casos de Affonso Uchôa (“2019”, produção de Julia Alves), Davi Pretto (“Casa no Campo”, produção de Paola Wink e Jessica Luz), Anna Azevedo (“À Prova de Futuro”, produção de Rodrigo Letier) e Miguel Antunes Ramos(“Dragões da Independência”, produção de Julia Murat e Otavio de Castro Domingues). Outros revelam novas facetas artísticas, caso da atriz Karine Teles, que assina a direção de “Princesa”, produzido por Tatiana Leite e Thiago Macêdo Correia. E há ainda a consolidação de nomes revelação no curta-metragem, como Vinicius Silva, que aparece com seu projeto de longa “A História da Beleza”, produção de Alice Riff.
A Foco Minas, que amplia a presença do estado no Brasil CineMundi, tem participação de nomes como Ana Carolina Soares, que desenvolve o primeiro longa, “Ausente”, com produção de Denise Flores; os irmãos Luiz e Ricardo Pretti, que preparam “Relato do Golden Villa”, produzido por Luana Melgaço; e Joana Oliveira, com a ficção “Ushuaia”, filmado em parte na Argentina e produzido por Juan Pablo Lattanzi.
Foto Beto Staino/Universo Produção