Social Media Week 2019: Publicidade em Cannes, podcasts e muito mais
Entre 9 e 13 de setembro, foi realizada mais uma edição da Social Media Week São Paulo – SMWSP nas dependências da ESPM-SP. O encontro faz parte de um evento mundial realizado em mais de 20 cidades, sendo licenciado pela InterNey e realizado no Brasil pela faculdade ESPM em parceria com a Tambor, agência de Curadoria Humana para soluções corporativas.
O evento deste ano contou com cerca de 200 palestras com assuntos diversos indo do storytelling a vendas, brand content, marketing digital, marca, redes sociais várias, representatividade negra, sucesso pessoal, games, podcast, publicidade em diferentes pontos de vista, empreendedorismo e muito mais. Diante dessa alta diversidade de conteúdos, o Prodview escolheu trazer três como foco principal da cobertura com o olhar do audiovisual: a Pesquisa Game Brasil 2019; o podcast como formato crescente e possível aliado do audiovisual; e um olhar da publicidade no Festival de Cannes.
Pesquisa Game Brasil 2019 – Olhar expandido para a América Latina
A PGB 2019 é a 6ª edição do estudo realizado pela ESPM, Blend – New Research, Go Gamers e o Sioux Group. Nesta edição, foram entrevistadas mais de 5.110 pessoas, incluindo os países Brasil, México, Argentina, Colômbia e Chile. Esta é a primeira vez que o estudo vai além das fronteiras brasileiras.
A pesquisa foi lançada oficialmente durante a SMWSP e hoje custa R$ 6.990,00 para aquisição completa. O estudo traz dados sobre temas como o perfil demográfico e comportamental, diversas particularidades sobre jogos digitais, eSports e os hábitos de consumo dos gamers.
Entre os insights já liberados sobre o estudo, houve um olhar mais detalhado sobre as diferenças entre os Casual Gamers, de maioria feminina (+58%); e os Hardcore Gamers, de maioria masculina (+58%). Os Casual Gamers não jogam pouco com em média três sessões por semana de até 3 horas cada, porém preferem games gratuitos, são um grupo duas vezes maior do que os Hardcore Gamers e usam prioritariamente o celular como meio para jogar.
Os Hardcore Gamers também jogam muito no celular, mas sua paixão está no computador e no console, sendo os principais conhecedores do eSports (+90%, os Casual também têm bastante visibilidade para e-Sports, +49%). Mais de 60% de ambos os tipos de gamers assinam Netflix.
Podcast – Formato em crescimento e possível aliado do audiovisual
O executivo Lucas Patrício, sócio-fundador da GMD e da Half Deaf, palestrou sobre o formato podcast, que é a especialização da Half Deaf, que é uma produtora de podcast. Segundo o profissional, o formato surgiu por volta de 2004 por uma necessidade de um jornalista e hoje já conquistou mercados como os Estados Unidos e vem crescendo no Brasil.
“O Brasil já é considerado como o 4º país maior produtor de podcasts do mundo e, conforme pesquisa do Ibope, mais de 40% dos usuários de internet no país (50 milhões) sabem o que é podcast e, desses, 16 milhões escutam o formato frequentemente”, comentou Lucas, que apontou também que 42% escutam podcasts no YouTube e 32% no Spotify. Para ele, o YouTube tem sido o meio mais fácil de postar podcasts porque o processo de subir esses formatos para servidores e disponibilizá-los em locais como Spotify não é tão simples quanto o YouTube ainda.
Falando de Spotify, Lucas lembrou que a empresa europeia está investindo US$ 500 milhões em conteúdo no formato podcast só em 2019, tendo já adquirido empresas independentes nos EUA. Ele ainda apontou que estudos têm dito que os ouvintes de podcasts consomem 2 vezes mais músicas e costuma pagar por aplicativos e facilidades, tornando este público um alvo interessante em termos de mercado.
Outro ponto que atrai no podcast na perspectiva das marcas é que esse formato tem uma média maior de retenção do que os vídeos online, por exemplo Lucas disse que o YouTube tem uma média de 30% de retenção enquanto os podcasts da Half Deaf têm 60% de retenção média – incluindo também podcasts de uma hora de duração.
O executivo chamou atenção para o fato de que o brasileiro que mora em grandes centros-urbanos como São Paulo poderia ter ainda uma predisposição à adesão ao formato. Isso porque são pessoas que na maioria precisam pegar transporte público, não gostam de “dar bobeira com o celular”, mas gastam mais de 1 hora, às vezes 3 horas, no transporte público somente na ida para o trabalho e gostam de consumir entretenimento ou ter distrações no caminho.
“Não dá para querer imitar tudo dos EUA. O tempo médio de locomoção nos EUA, é 25,4 minutos. O tempo médio do tempo de locomoção por viagem do brasileiro em grandes cidades, é de quase 100 minutos”, disse. Para ele, essa é uma triste realidade social, mas que pode dar oportunidades para empresas entregarem entretenimento de qualidade para essas pessoas.
Quanto à produção, Lucas afirmou que não existem grandes barreiras tecnológicas para se começar a fazer podcast porque hoje qualquer celular tem a função gravador e que o formato tem até sido usado nos EUA, por exemplo, como um tipo de teste para roteiros. Algumas séries de hoje que Amazon Prime e outras plataformas estão lançando, começaram como podcasts para testar o roteiro e a adesão do público.
Segundo o executivo, a monetização ainda é difícil hoje para os produtores de podcasts e o principal público ainda é elitista porque faltam conteúdos que saiam da classe AB. “Uma vez que a Globo e outras empresas estão entrando no negócio, começaremos a expandir o público”.
Publicidade em Cannes – Uma visão do júri
A executiva Bia Granja, cofundadora da YOUPIX, foi ao evento para contar um pouco sobre sua experiência como jurada do Festival de Cannes para os prêmios de publicidade.
Bia deu alguns highlights para campanhas e marcas como “Dream Crazy” da Nike, “Generation Lockdown”, Twitter do Burger King e Wendy’s no Fortnite. Além disso, comentou algumas dicas que tirou da sua experiência profissional e como jurada de projetos em mídias sociais. A começar por: Marca que não tem posicionamento não vai sobreviver. Para ela, o posicionamento vai muito além de se posicionar em relação a causas específicas, mas toca também no conhecimento profundo de quem é a marca e como ela se relaciona com o mundo. Participar de movimentos culturais é outro ponto relevante para a executiva da YOUPIX. “É muito mais fácil atuar em social media se você sabe quem você é como marca”, afirmou.
Ela acredita ainda que achar e manter um tom de voz único ainda é o mais difícil para as marcas no meio digital. “Todo mundo quer ser a Netflix, mas acaba se tornando o tio do pavê nas redes”, brincou, alertando também que hoje a decisão emocional é ainda mais importante para os consumidores, que estão atolados de tantas opções. “As pessoas sentem a necessidade de se conectar com coisas que tenham significado emocional para eles. O consumidor é o novo influenciador. Você não tem que ser tudo para todo mundo, você tem que ser algo para alguém. Afinal, o dinheiro compra alcance, não relevância”.
Por fim, Bia apontou que nem sempre a rede social mais relevante para uma marca é a mais óbvia, então as marcas precisam parar de pensar só em Instagram e YouTube. Além disso, a executiva afirmou que as marcas já têm apresentado um movimento de leveza. “Nem tudo é causa, às vezes precisamos de algo leve e engraçado”.
Para ela, a experiência em Cannes foi muito trabalhosa, porém gratificante. “Fiquei muito feliz que o Grand Prix não foi dado à favorita Nike e sim ao case da Wendy’s em Fortnite. A Nike fez uma grande campanha, o melhor do que já fazemos. Já a Wendy’s foi muito além na compreensão do meio digital”. Bia disse também que, no social media não se trata da campanha mais genial e cara, mas de consistência e agilidade.
Mais sobre a SMWSP 2019
O evento ainda contou com a exposição de marcas, tendo a maioria uma forte conexão com o mundo digital, foram elas: Scup, Young Living, Sprinklr, Bume, mLabs, Nuvemshop e Monetizee.