24/1 – Um domingo com debate do filme “Açucena”, processo de criação de personagem e mais na Mostra Tiradentes

O terceiro dia (24/1) da 24ª Mostra Tiradentes, que é realizada pela Universo Produção até o próximo sábado, 30/1, contou com dois debates e um show ao vivo, este da cantora Adriana Araújo com participação de Sérgio Pererê.

DEBATE – ENCONTRO COM OS FILMES – MOSTRA AURORA | AÇUCENA – Foto Reprodução/Universo Produção

Integrante da Mostra Aurora, o filme “Açucena” foi tema do “Encontro com os filmes” desse domingo, com participação do diretor e roteirista Isaac Donato, do diretor de fotografia Flávio Rebouças e da produtora e roteirista Marília Cunha, além da crítica convidada Carla Italiano e do mediador e jornalista Marcelo Miranda. Foi Carla, inclusive, que abriu o encontro. “‘Açucena’ é um filme raro, que se apresenta com muito cuidado para quem assiste. Dois pontos principais estão interligados na construção do filme: o desafio de levar para as telas a manifestação de uma religião de matriz africana, do candomblé; e de transformar em imagens em movimento algo que não é da ordem do visível”, descreveu.

Já Marília contou do processo de produção da obra, que partiu do primeiro contato com Dona Guiomar em 2016. “Estávamos desenvolvendo uma pesquisa para um outro projeto. Ficamos fascinados com a história dessa mulher, que fabula sem nunca ser fictícia e esse universo importante em sua essência e o que há de visível em sua invisibilidade. E ao longo do desenvolvimento, descobrimos pontos de conexão com a biografia do Isaac e por que só ele poderia contar essa história”, disse a produtora, que ainda explicou que o filme não se propõe a explicar a realidade do candomblé, mas sim a relação afetiva com os atores sociais presentes. Fala essa que foi completada por outra do diretor fotografia Flávio Rebouças, que afirmou que o filme é muito honesto, pela aproximação e cuidado com o espaço retratado.

O diretor, por sua vez, afirmou que o filme, que para ele celebra a alegria, só foi possível de ser produzido graças às políticas públicas da ANCINE. Segundo Donato, a entidade “precisa seguir alimentando essa potência que é o cinema brasileiro”.

RODA DE CONVERSA | PROCESSOS ARTÍSTICOS E CRIAÇÃO DE PERSONAGENS: ENTRE A CENA E A TELA – Foto Reprodução/Universo Produção

Em seguida, o segundo painel do evento nesse domingo reuniu atrizes e cineastas para debater em uma Roda de Conversa o tema: “Processos artísticos e criação de personagens: entre a cena e a tela”. São elas: Arlete Dias, atriz de “Voltei!” (BA); Djin Sganzerla, diretora e protagonista de “Mulher Oceano” (RJ/SP); Isabela Catão, atriz de “Enterrado no quintal” (AM) e “O barco e o rio” (AM); e Julia Katharine, diretora e roteirista de “Won’t you come out to play?” (SP). A mediação foi da atriz e arte-educadora pernambucana, Amanda Gabriel.

Julia, por exemplo, comentou como se fascina por ver atores em cena. “Eu gosto de dar palco pra eles, é o que eu mais gosto na vida, vê-los em ação. Como diretora, quero dar ao elenco o melhor material para que eles desenvolvam”, disse. Vale lembrar que em 2018 Julia foi agraciada com o Troféu Helena Ignez por sua atuação em “Lembro Mais dos Corvos”, de Gustavo Vinagre, exibido na Mostra Aurora da Mostra de Tiradentes naquele ano. “Foi um prêmio que mudou o rumo da minha carreira, passei a ser olhada de outra forma como artista”, contou.

E algo em que todas concordaram foi na necessária harmonia entre cineasta e elenco durante a filmagem de uma obra audiovisual. Para Djin, “o ator é o melhor amigo do diretor”. Assim, também Isabela contou mais de seu processo de criação de personagens, que depende da troca artística entre direção e ator. “Eu faço ensaio, faço visita na locação, converso com os diretores, procuro uma intimidade e um diálogo que permitam dar sugestões, que o diretor pode ou não seguir”

Djin, por sua vez, comentou como foi “desenvolvendo formas e técnicas à medida que fui trabalhando e estudando o ofício de atriz. Tive o privilégio de estar com diretores incríveis e ainda tive a experiência de dirigir a mim mesma em ‘Mulher Oceano’. A minha base sempre foi buscar a verdade e me tornar os personagens de cada filme, mesmo que fossem pessoas que você não encontra na rua, como em ‘A Moça do Calendário’. Eu procuro não decorar as falas de roteiro, e sim eu leio compulsivamente o texto, para que ele se torne uma extensão do meu braço, do meu corpo, para que ele saia absolutamente natural na minha fala”.

Confira os painéis e o show na íntegra:

 

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