30/1 – Antes da premiação do evento, Mostra Tiradentes encerra ciclo de debates e shows
O último dia da Mostra Tiradentes, em 30 de janeiro, além do encerramento e premiação, foi marcado pelos últimos debates sobre filme, além da arte no projeto #CINECBMM e Show de Johnny Hooker
– Encontro com os Filmes | Mostra Aurora (longas) | “Eu, Empresa”:
O painel final da Mostra Aurora na 24º Mostra de Cinema de Tiradentes foi sobre o longa “Eu, Empresa”, dos diretores Leon Sampaio e Marcus Curvelo que participaram junto à roteirista Amanda Devulsky e à produtora executiva Marisa Merlo, além da crítica convidada Maria Bogado e do mediador Marcelo Miranda, também crítico de cinema.
Para Maria, o filme se relaciona com o modo de criação do coletivo mineiro Filmes de Plástico ao partir de experiências cotidianas para tocar em pontos estruturais da sociedade. Ela afirma que não se trata de um humor sabichão ou direcionado a outro público. “Por estar trabalhando em alguma medida com essa autorepresentação ele pode ir fundo no ridículo, pois está implicado”.
Curvelo contou que ele tinha um projeto de documentário enquanto Leon Sampaio desejava refletir sobre o universo em torno do “self” e do culto ao empreendedorismo. Ou seja, influenciadores, coaches. “Aprovou como documentário, mas queríamos brincar com a ficção, tentando entender o lugar do personagem”, disse. Já Leon, queria estudar as performances de empreendedores de si mesmo, das novas profissões. “Como essa lógica estava sendo incorporada e o quanto a ideia de ser autêntico está articulada à imagem de vencedor”.
Segundo Amanda, o processo de construção do filme também desemboca na ideia da “uberização” da economia. “Foi um trabalho também pensado nesse contexto do capitalismo cognitivo, das nossas emoções e interações sociais sendo apreendidas por esse poder econômico de forma tão severa”.
– Encontro com os Filmes | Mostra Olhos Livres | 2:
O evento reuniu Ary Rosa e Glenda Nicácio, diretores de “Voltei!”; Clara Chroma e Orlok Sombra, de “Rodson ou (Onde o Sol Não Tem Dó)”; e Pedro Urano, diretor de “Subterrânea”, além do mediador e coordenador curatorial, Francis Vogner dos Reis.
– Pedro Urano: “Talvez seja uma imagem que situe o filme a partir de que espaço-tempo a gente está falando. Eu jamais pensei o filme nesses termos, do fim do mundo, mas achei bom colocar dessa forma. Muitas vezes os meteoritos são índices de destruições imensas, no nível cósmico mesmo”.
– Ary Rosa e Glenda Nicácio, “Voltei!”: “Toda a equipe do filme mora na mesma cidade e não estávamos nos vendo. Então virou um grande pretexto. Fizemos um resguardo de 15 dias e veio todo mundo morar na minha casa”.
– Clara Chroma e Orlok Sombra, “Rodson ou (Onde o Sol Não Tem Dó)”: “Futuro e distopia foi uma coisa que a gente sempre gostou de trabalhar desde quando começamos a fazer filme. Sempre estivemos no universo dos anos 3000. Acaba que tudo que a gente fala no filme é o que vivemos mesmo, só um pouquinho exagerado”.
Em suma, os três filmes pensam na construção de um imaginário que se confunde com a realidade, seja nos anos atuais ou nos 3000. De certa forma, trazem uma denúncia sobre o modo de ser e estar no mundo e têm o princípio da destruição.
– Encontro com os Filmes | Mostra Foco Minas | Valentina | Filme de Encerramento
Com mediação do professor e pesquisador Pedro Maciel Guimarães, o encontro teve a participação de Cássio Pereira dos Santos, diretor do filme; Erika Pereira dos Santos, produtora e diretora de casting; os atores Pabllo Thomás e Ronaldo Bonafro e Pedro Diniz, ator, pesquisador e consultor de roteiro. O filme conta a história de Valentina, menina trans de 17 anos que se muda para uma cidade do interior de Minas e precisa se inserir em uma nova escola. Para se proteger ela tenta usar o novo nome, mas precisa da assinatura do pai ausente. Além disso, precisa lidar com preconceitos e com os novos amigos que também enfrentam problemas.
“No caso da Valentina, a gente partiu da protagonista. Eu tinha certeza que seria importante ter uma mulher trans para interpretá-la”, explicou Santos. Dessa forma, ao lado de Erika Pereira dos Santos, produtora e diretora de casting, abriram uma chamada para todo o Brasil e receberam cerca de 50 vídeos. Assim, chegaram a Thiessa Woinbackk, enquanto a outra parte do elenco também chegou por meio de uma chamada pública.
Outra questão fundamental que também esteve presente foi a transsexualidade no contexto da sociedade. Santos optou por falar do assunto a partir da escola depois de encontrar, na primeira pesquisa, que cerca de 80% das pessoas transsexuais saem da escola porque sofrem tanta violência que não conseguem estudar. Assim, a ideia do filme é que haja promoção do diálogo para avanço das discussões e políticas públicas.
Vale lembrar que “Valentina” foi o filme de encerramento da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes.’
Confira os destaques na íntegra: