25a MCT: “A maior renovação do cinema brasileiro nos anos 2010 foi na ficção”

O BrasilCineMundi, programa de cooperação e coprodução audiovisual realizado anualmente dentro da CineBH – Mostra de Cinema de Belo Horizonte, contou com uma atividade dentro da programação desse ano da 25a Mostra de Cinema de Tiradentes. O bate-papo “Estratégias de festivais internacionais e a visão de programadoras sobre o cinema brasileiro” reuniu Cecília Barrionuevo (diretora artística do Festival Mar del Plata, Argentina), Davide Oberto (curador do Torino Film Festival e colaborador do DocLisboa, Itália), Pamela Bienzóbas (programadora do Locarno Film Festival, França) e Roger Koza (programador da Viennale/Filmfest Hamburgo e diretor artístico do Doc Buenos Aires e Ficic, Argentina).

Os profissionais internacionais relataram experiências, estratégias de seleção e programação de festivais, ações de cooperação e intercâmbio em relação à produção audiovisual do Brasil. “O cinema brasileiro especialmente de 2010 para cá teve sua principal renovação na ficção, sobretudo no independente”, apontou Roger Koza. Ele diz ter sentido algum movimento forte nesse sentido com “Madame Satã” em 2007, espécie de prelúdio do que estava por vir. “Estrada para Ythaca” (2010), do coletivo Alumbramento, foi o ponto de virada, segundo Koza, na inserção internacional dos anos seguintes do cinema brasileiro. “Era um filme que desafiava os padrões contemporâneos naquele momento. A força motora de inspiração e reinvenção dessa nova força criativa estava diretamente associada à Mostra de Tiradentes”.

Esse momento apontado por Koza viu florescer uma grande quantidade de filmes brasileiros independentes em diversos eventos internacionais. Cecilia Barrionuevo identifica o mesmo fenômeno, lembrando da efervescência de nomes como Juliana Rojas, Marco Dutra, Gustavo Vinagre e Caetano Gotardo como nomes revelados no período e que dialogam com as propostas do festival de Mar Del Plata, no qual ela atua. “São filmes de realizadores que lidam com a realidade ao mesmo tempo em que são muito críticos sem misantropia, sem visão de fim do mundo, e sim uma posição política, artística e que apontam para espectadores muito ativos”, disse ela.

Para Pamela Bienzóbas, é importante pensar no trânsito entre o cinema brasileiro e o cinema latino como um todo, questionando em que medida um tem acesso ao outro. “As coisas estão mudando muito na América Latina em questões tecnológicas e culturais, mas sabemos que há 15 anos ainda podíamos dizer que era muito mais fácil ver filmes latino-americanos na Europa do que na própria América Latina. Acredito que isso está mudando, então agora minha curiosidade é o que se vê de cinema brasileiro em salas latinas, como no Chile, por exemplo”, questionou ela.

 

Veja a cobertura completa do Prodview. 

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