25a MCT: Diversidade na frente e atrás das câmeras

A Mostra de Cinema de Tiradentes realiza, desde 2019, um levantamento pioneiro no Brasil que apresenta a autodeclaração de gênero e raça dos diretores e diretoras. Como resultado, tem sido observado uma presença cada vez forte e relevante de filmes dirigidos por mulheres, indivíduos não cisgênero e por pessoas negras, trans e indígenas.

Nesta 25a edição da Mostra de Tiradentes, entre os 67 longas selecionados, 70 cineastas se autodeclararam pessoas brancas, 9 indivíduos como negros, e 1 se autodeclarou pessoa amarela. De acordo com os dados autodeclarados de gênero de realizadores, 58 são homens, 20 mulheres, 2 mulheres trans, 1 travesti e 2 agênero/ não-binário.

E considerando os 102 curtas-metragens selecionados, 47 cineastas se autodeclararam pessoas brancas, 37 indivíduos como negros, 3 indígenas e duas pessoas se autodeclararam amarelas. Entre os dados de gênero de realizadores, são 49 homens cis, 35 mulheres cis, 2 mulheres trans, 1 travesti e 3 agênero/ não-binário.

Para a pesquisadora, professora e uma das curadoras de curtas da Mostra Tiradentes, Tatiana Carvalho, o evento tem uma importância fundamental no que diz respeito à visibilidade destes indivíduos, grupos e movimentos. “A autodeclaração no formulário de inscrição é um ponto de destaque, é uma relevante fonte de produção de dados. Isto nos auxilia a compreender a realidade brasileira e o cinema nacional como lugar não hegemônico”.

Tatiana salienta que há um crescimento muito grande nas artes visuais com a presença de pessoas não brancas, cisgênero e masculinas. “A pluralidade contribui imensamente para o desenvolvimento do campo artístico, sua dimensão estética e ética. É muito limitador achar que as narrativas devam ser universais. O que escapa é o que alarga os nossos horizontes”, afirma a curadora.

 

Representatividade de gênero nas telas

Nesta 25a edição da Mostra de Tiradentes, está sendo expressiva a presença de filmes queer, tanto nas mostras competitivas como nas mostras paralelas. Além disso, filmes com temática LGBTQIA+ também ganharam foco. Até o dia 30 de janeiro, ainda é possível conferir algumas obras que trazem o protagonismo lésbico/queer na direção, atuação ou enredo.

Em cartaz na Mostra Jovem, “Luazul”, de Letícia Batista e Vitoria Liz, apresenta a vida de Riva em sua reaproximação com a família materna, momento em que percebe que não há muito sentido em tentar fugir dela. Flávia é uma Irmã Mais Velha com letra maiúscula, e cresceu se colocando em uma posição de responsabilidade e bons exemplos desde muito nova. Nascida e criada no Campo Limpo, vê no futebol um lugar de recreio e descanso. As duas se encontram no amor ao futebol.

“Cacicus”, de Bruno Cabral e Gabriela Dullius, narra a história de Laura, uma jovem que vive e trabalha com o pai em uma lavanderia à beira da falência. A troca de mensagens por bilhetes deixados nas roupas com Camila, uma cliente frequente, traz a possibilidade de fugir do mundo barulhento das máquinas de lavar funcionando 24 horas por dia para um momento de paz e silêncio.

Já na Mostra Formação, o curta “Como Respirar Fora D’água”, de Júlia Fávero e Victoria Negreiros, relata a experiência de Janaína ao ser enquadrada por policiais após um de seus treinos de natação, assim como a sua relação com o pai, também policial militar.

 

Veja a cobertura completa do Prodview. 

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