25a MCT: Resumo 27/01 – Cinéfilos participam, ao vivo, dos Encontros com os Filmes
O primeiro Encontro com os Filmes do dia teve bate-papo sobre o longa “Você nos queima”. O encontro teve a participação do diretor do experimental, Caetano Gotardo, convidados e do crítico mineiro Paulo Maia.
Em seguida, aconteceu e o bate-papo sobre o filme “Sessão Bruta” com a presença do coletivo independente As Talavistas, composto por Pink Molotov, Darlene Valentim, Marli Ferreira, Cafézin – e ela.ltda (Gabriela Luíza). A conversa contou ainda com a participação da crítica Dri Azevedo (RJ) e convidados.
Debates com cineastas e sessões de média e curtas-metragens
Encontro com os filmes
A programação da tarde teve bate-papo com os diretores dos curtas-metragens que foram selecionados na Mostra Foco | Série 3 e exibidos na noite de quarta-feira: Anália Alencar, de “Bege Euforia”; Rodrigo Almeida, de “O Nascimento de Helena”; Yasmin Guimarães, de “Eu te amo é no sol” e Érica Sarmet, de “Uma paciência selvagem me trouxe até aqui”.
Sessão Média | Mostra Cinema em Transição
Teve a sessão do média-metragem “Hit Parade (Episódios 1 e 2)” que integra a Mostra Cinema em Transição. Criada por André Barcinski e dirigida por Marcelo Caetano, o média desenvolve uma ficção em ritmo célere que se passa nos bastidores da indústria fonográfica e da televisão nos 1980, que primava pela fabricação em série de artistas e discos. A série se passa em Belo Horizonte, com equipe e elenco da cidade, e investe na figura da precariedade da indústria cultural no Brasil à época.
Sessão de curtas | Mostra Panorama
O público conferiu a exibição de cinco curtas-metragens selecionados na Mostra Panorama | Série 5. A sessão começou com o experimental paulista “Tereza Josefa de Jesus”. Dirigido por Samuel Costa, o filme acompanha a trajetória do luto de Juliana Jesus, que perdeu a mãe por negligência médica. Vindo de Minas Gerais, “Tito, uma videópera pop do cerrado mineiro em chamas”, do cineasta Fernando Barcellos, inspira-se no clássico Tito Andrônico, de William Shakespeare, para construir uma videodança enérgica e caótica que discute a violência na contemporaneidade. No pernambucano “Sad Faggots + AngryDykes Club”, ViqViçVic faz um relato confessional sobre suas questões e vivências num corpo que resiste às conformidades de gênero. Também vindo de Pernambuco, a ficção “Viver Distrai”, de Ayla de Oliveira, acompanha um casal de namoradas criando sua própria celebração às vésperas do carnaval, que foi cancelado pela pandemia. A sessão é concluída pelo impactante filme carioca “Usina-desejo contra a indústria do medo”, dirigido por Clarissa Ribeiro, Lorran Dias e Amanda Seraphico. Tomando como ponto de partida a precarização da produção audiovisual no Brasil, a narrativa abraça o místico e o espiritual e se transforma de maneira surpreendente.
Roda de Conversa
A Roda de Conversa “Teatralidade e performance: caminhos da ficção” mostrou quais os caminhos que percorreu a ficção na última década e como a ficção reflete a história ou a questiona.
Participaram os cineastas Felipe Bragança e Marina Meliande (RJ) e por Tiago Mata Machado, crítico de cinema, curador e cineasta (SP).
Mostras Aurora, Olhos Livres e Praça nas telas
Mostra Olhos Livres
A programação teve a pré-estreia nacional de “Avá – Até que os ventos aterrem”, na Mostra Olhos Livres. Dirigido pela atriz do Teatro Oficina, Camila Mota, a ficção mobiliza uma cosmogonia ao mesmo tempo originária e derradeira para agenciar o caos do mundo desde a perspectiva dos trópicos. A produção cruza o teatro, imagens audiovisuais em um trabalho de montagem e som que experimenta tempos e texturas que não estão distantes do cinema e do vídeo que herdou a antropofagia dos modernos nos anos 1970 e 1980.
Mostra Praça
Teve a exibição do longa “As faces do Mao”, dos diretores Dellani Lima e Lucas Barbi, também em pré-estreia nacional, pela Mostra Praça. O documentário faz um apaixonante registro sobre a trajetória e vida de Mao, historiador, professor e vocalista da banda Garotos Podres, banda punk que retratou a vida do trabalhador, marcadamente a dinâmica fabril do ABC Paulista, também um enfrentamento direto à ditadura militar e à repressão de seu tempo.
Mostra Aurora
Dando sequência à programação cinematográfica, a Mostra Aurora apresentou dois longas em pré-estreia mundial. A primeira exibição será às 20 horas com “Panorama”, documentário de Alexandre Leco Wahrhaftig, que mergulha no passado e no futuro incerto da comunidade do Jardim Panorama, favela que vai sendo demolida com a invasão de vultosos projetos imobiliários. A memória do lugar, o mapa das suas ruas e as histórias de resistência vão sendo construídos pelos depoimentos, imagens de arquivo, caminhadas que reconstroem os antigos limites da comunidade, as casas que se foram, as moradias que permanecem. Os arquivos, os filmes amadores, as fotografias, são peças-chaves nesse mapeamento, dando a ver também a força do trabalho comunitário de outras micro-histórias ali presentes, como a história do rap na cidade de São Paulo, as mutações dos bairros, as formas do transitar pela precariedade dessa cidade em eterno movimento de construção e destruição.
A segunda sessão exibiu a ficção “Maputo Nakuzandza”, da cineasta Ariadine Zampaulo. Atenta à geografia, a diretora faz uma crônica, uma incursão poética pelas ruas de Maputo, Moçambique, com uma modernidade narrativa (intensa e fragmentária) como raramente vemos no cinema atual. A câmera vai mapeando a cidade e criando vínculos com os personagens que atravessam o filme, criando sutis narrativas, nessa obra que se faz em um gesto de conhecer um lugar e suas pessoas, sua luz e seus sons, sua ordenação possível e seu caos. O seu trabalho documental-narrativo é uma fina linha que vai sendo tecida entre diferentes núcleos de interesse, as ondas do rádio que conectam seus personagens imersos em um cotidiano fabular, espectral e poético.