16a CineBH – Mostra Continente coloca em foco a produção latino americana
Aurora, da cineasta costarriquenha Paz Fábrega, foi o primeiro longa a ser apresentado na Mostra, na quarta-feira (21/09), no espaço UNA Belas Artes.
Esta 16ª edição do CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte – debateu o tema “Cinema latino-americano: quais são as imagens da internacionalização?” com a exibição de 15 longas-metragens de 10 diferentes países, que compõem a Mostra Continente.
Todos os filmes desta Mostra foram apresentados pelos curadores, antes das sessões, para dar a oportunidade do público conhecer um pouco mais sobre os processos audiovisuais de cada país, a filmografia dos diretores selecionados e os conceitos por trás das escolhas feitas.
Filmes de países já tradicionais em festivais de cinema, como Argentina e México, estiveram ao lado de outros que têm menos presença no circuito, como Venezuela, Cuba, Paraguai, Equador, Costa Rica, Uruguai, Colômbia e Bolívia. Na maior parte, são longas-metragens que se viabilizaram a partir de parcerias internacionais especialmente com fundos europeus, o que se conecta diretamente ao Brasil CineMundi, que acontece no âmbito da programação da Mostra.
O filme Aurora (drama, cor, DCP, Costa Rica/México, 2021); um longa-metragem com 90 minutos de duração e direção da cineasta costarriquenha Paz Fábrega, conta a história de uma gravidez indesejada na adolescência e o encontro entre a jovem grávida e uma arquiteta mais velha que resolve ajudá-la.
A curadora Camila Vieira trouxe mais detalhes. “Este é o terceiro longa-metragem e Paz foi a primeira cineasta da Costa Rica a ganhar o prêmio Tigre de Ouro de Roterdã, em 2010, com o longa ‘Água Fria de Mar’”, explica a curadora.
Segundo o coordenador curatorial, Cleber Eduardo, a seleção de filmes traz o frescor de quem começa, pois a maioria dos selecionados é de profissionais que estão em seu primeiro ou segundo longa.
“Estamos diante, novamente e mais uma vez, de um novo cinema latino-americano, ao menos de gente nova na direção de longas, sem isso significar necessariamente uma renovação temática ou formal, mas também sem apenas ecoar a continuidade das tradições cinematográficas”, complementa o curador.
Utama (FOTO) foi outra exibição da Mostra Continente. No árido altiplano boliviano, um casal de idosos quíchuas vive a mesma vida cotidiana há anos. Em meio a uma seca, Virginio (80) adoece e, ciente de sua morte iminente, vive seus últimos dias escondendo sua doença de Sisa, sua esposa. Ele também está relutante em migrar para a cidade, como o resto da comunidade. Tudo é precipitado pela chegada de seu neto, Clever, que vem visitá-lo com novidades. Os três enfrentarão, cada um à sua maneira, a seca, as mudanças e o sentido da vida. A direção é de Alejandro Loayza Grisi.
Mostra Continente encerra com “Noites alienígenas”, de Sérgio de Carvalho.
“Noites alienígenas” é a adaptação do livro do mesmo nome, escrito há 8 anos atrás pelo mesmo diretor, Sérgio de Carvalho, e marcou o fim do evento CineBH. O livro e agora filme traz o tema “Amazônia Urbana” e é um filme “resultado” de políticas públicas, como diz o autor e diretor.
Neste projeto, o diretor comentou sobre a necessidade de “atualizar” Noites Alienígenas, pois “Há um agravamento dos índices de violência entre cidade de floresta e periferia, além de outros pontos ligados ao desmatamento e a violência”, salientou o brasileiro.
O encerramento do CineBH da mostra América Latina foi marcado por emoção: [Sérgio] comentou sobre o diálogo entre a mostra BH e o festival Pachamama, no Acre, que é uma mostra latino americana que promove o intercâmbio cultural entre o Brasil e os países Peru e Bolívia, com objetivo de fortalecer a produção audiovisual na região norte do país.
A produção fez um agradecimento aos povos da floresta e a todos que lutam pela preservação do nosso “oásis” brasileiro.
*Texto produzido com colaboração de Fabiane Watanave