Inauguração do Museu das Favelas representa a potência e a importância da preservação audiovisual nas periferias

No dia 26 de novembro foi inaugurado o Museus das Favelas, em São Paulo (SP), com a exposição “Favela Raiz”, uma ocupação-manifesto que representa o primeiro movimento de transformação do Palácio dos Campos Elíseos, reverenciando a memória e as heranças das lutas dos que vieram antes e dos que seguem resistindo na construção desta história.

Além desta exposição, a programação contou com outras apresentações: intervenções poéticas, interações audiovisuais, exposição de arte em serigrafia, esculturas em alumínio, oficinas de dança: passinho, performances artísticas, batalha de rimas, atrações musicais e atividades voltadas ao público infantil no jardim.

O Museu das Favelas tem como objetivo proporcionar e incentivar a expansão do audiovisual periférico nas favelas brasileiras com a conexão sobre as experiências de quem vive essa realidade. Além disso, busca ampliar o olhar que a sociedade tem acerca das favelas e também do que é museu. A arquitetura do museu proporciona ao visitante uma ressignificação das ambiguidades socioeconômicas dos territórios valorizados e um novo olhar de suas histórias únicas.

 

Direito à memória audiovisual: a resiliência periférica

João Pedro Rodrigues, museólogo do Museu das Favelas, participou em junho deste ano da CINEOP, no “Seminário de arquivos”, compondo a mesa de debate “Direito à memória audiovisual: a resiliência periférica”. Na ocasião, o museólogo comentou sobre o Museu das Favelas e as frentes voltadas à educação, empreendedorismo, preservação, exposições e troca de saberes envolvendo da potência do audiovisual da periferia, além de sua preservação. 

Neste debate, João trouxe a importância das instituições que valorizam a produção do audiovisual na periferia, pois por muitas vezes são desqualificados ou não são dadas a relevância que merecem. Tais instituições criam, preservam e auxiliam na memória audiovisual destas regiões periféricas, mas é do próprio povo que brotam as iniciativas de produção e preservação dessas potências.

 

“Descristalização” do preconceito

A diretora do Museu, Daniela Alfonsi, traz uma premissa básica ao Museu da Favelas, o trabalho colaborativo com as pessoas que vivenciam o cotidiano das favelas e periferias: ”Além desse processo colaborativo, propõe a articulação social e processos de geração de renda como pilares transversais importantes.”

O Museu das Favelas é, antes de tudo, uma forma de “Dar voz e vez a quem sempre esteve construindo, mas que sempre foi invisibilizado” completa Carla Zulu, coordenadora de Relações Institucionais do Museu das Favelas, portanto é uma forma de expressão: a força, a potência que o audiovisual das Favelas possui, além de ser um local de pluralidade e diversidade.

Por fim, o Museu das Favelas não tem como objetivo apenas ocupar, mas ser ocupado. Então, fica o convite, visite e ocupe também você esse espaço.

 

*Com a colaboração de Fabiane Naomi.

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