26ª MCT: Passado, presente, futuro…política, sexualidade, transexualidade: A Alegria é a Prova dos Nove

“Um passado de opressão e um presente também, a qual quero me livrar: como ser humano, como mulher, como nordestina. O cinema e a literatura como arma, arma do bem que faz entender o mundo” é como a diretora, roteirista e protagonista Helena Ignez define o filme A Alegria é a Prova dos Nove, que foi exibido na programação da Mostra de Cinema de Tiradentes. 

Ela complementa “O filme foi feito para conversar, ele coloca para pensar, o que é que ele quis dizer”, e em um misto de amor e política, o filme é uma ode aos movimentos underground e da contra cultura, um hino à liberdade.

A narrativa do filme traz as memórias de uma viagem nos anos 70 ao Marrocos de Jarda Ícone (Helena Ignez), artista, sexóloga e roqueira octogenária e Lírio Terron (Ney Matogrosso), defensor dos direitos humanos. Mas, para além desse enredo, há muitas outras vertentes. 

Durante o debate do filme, que integra a mostra Olhos livres, foram ressaltados alguns pontos interessantes e reflexivos em relação à filmografia da diretora. A viagem, de Jarda e Lírio (protagonistas) é uma lembrança de um passado libertável e ao mesmo tempo opressor, de maneira não idealizada. Vemos, neste filme e como nos outros filmes da Helena, um filme com o passado luminoso e opressor.

Há na produção um acúmulo, uma sobreposição de tempos: passado, presente e projeção para o futuro. O filme é um longa amplo, abrangente e totalizante no que diz a respeito a diversidade de temas que ele aborda.

Ney Matogrosso é o protagonista Lírio, e falou um pouco sobre a reflexão do filme acerca das desigualdades sociais. “Em uma das cenas, há aquela pessoa que nos serve, porém é tratado com respeito, nunca menosprezado. No filme é abordado ‘gente rica’ e é válido também, os mesmos podem ter uma preocupação social”, a diretora complementou a fala do ator dizendo: “Desejo consciência e ação, precisamos de apoio para a desigualdade também, porque o que há de pior é estar em um país que as pessoas passam fome”.

A Alegria é a Prova dos Nove aborda diferentes temas, misturando os tempos e assuntos em apenas um filme: sobreposição de tempos, política, sexualidade feminina, cannabis, transexualidade, conflito na Palestina, referências de teatro, tematização do ato de fazer cinema, natureza e o urbano, São Paulo como protagonista: no cinema de Helena Ignez todos esses temas se entrelaçam, em explosão, acompanhamos a narrativa do filme: nesta não separação entre vida e arte.

 

Saiba mais sobre a 26ª edição da Mostra de Cinema Tiradentes em nossa cobertura completa.

 

*Texto produzido com a colaboração de Fabiane Watanave.

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