18a CineOP: Abertura teve congado, soul e muita celebração da música preta com destaque para o homenageado Tony Tornado
Na gelada noite da quinta-feira, 22/6, em Ouro Preto, a cerimônia de abertura da 18ª CineOP aqueceu mentes e corações da plateia que lotou a Praça Tiradentes para acompanhar a abertura oficial do maior evento dedicado ao patrimônio audiovisual no Brasil. A Mostra de Cinema de Ouro Preto segue na cidade histórica até o dia 26 (segunda-feira).
Entre músicas de congado e referências ao soul, a abertura destacou a temática da Música Preta no Brasil – que conduz a curadoria história da mostra em 2023 – e celebrou a carreira de Tony Tornado. Aos 93 anos, o ator e cantor recebeu o Troféu Vila Rica das mãos de seu filho, Lincoln, e se emocionou com o carinho e reconhecimento.
“Só faltam sete anos para eu chegar ao 100, né? Rumo aos 100!”, celebrou. Tornado lembrou que, apesar de ter feito preponderantemente televisão, teve uma significativa carreira no cinema. “Fiz filmes muitos, outros nem tanto… e alguns realmente horríveis”, disse, arrancando risos da plateia. “Alguns me orgulham demais, como ‘Quilombo dos Palmares’, do Cacá Diegues, e ‘Pixote’. Viva o cinema nacional! Que honra, que honra”, completou.
Num vídeo apresentado pouco antes da homenagem, produzido pelo Canal Brasil, Tony Tornado apareceu em depoimento gravado para a Universo Produção reforçando suas raízes negras e conclamando “muita paz e amor” entre os povos. “Quando duas mãos se encontram, a sombra refletida no chão é da mesma cor”, dizia no vídeo.
Também por vídeo, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, fez uma aparição surpresa. Impossibilitada de vir à CineOP por motivos de agenda, ela gravou um depoimento, exibido no telão. Em poucos minutos, exaltou a homenagem a Tony Tornado e disse que “há boas notícias para o cinema no Brasil”. A secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga, representou a ministra e está na cidade para conversar com a classe audiovisual.
Logo em seguida à cerimônia, foi exibida o documentário “Baile Soul”, dirigido por Cavi Borges. Ao longo de 80 minutos, o público ouviu histórias deliciosas sobre a ascensão da black music no Rio de Janeiro, a popularização do imaginário visual e social negro vindo dos EUA a partir do sucesso de James Brown e ainda a perseguição dos bailantes pela ditadura militar, municiada de racismo, opressão e preconceito.
A noite foi encerrada no Centro de Convenções de Ouro Preto com o poderoso e empolgante show da banda Diplomattas, que, junto ao multiartista Maurício Tizumba, tocou um repertório inteiramente dedicada e referenciado ]á black music.
PREMIÈRE MUNDIAL DE “BAILE SOUL” ABRE PROGRAMAÇÃO DE FILMES
Nesta sexta-feira, 22 de junho, no Cine-Praça, ocorreu a aguardada première mundial de “Baile Soul”, do diretor Cavi Borges. O documentário retrata o período do fim dos anos 60 até o final da década de 70, quando as equipes de som realizavam bailes blacks em centenas de clubes espalhados pelo subúrbio do Rio de Janeiro, dando origem ao movimento “Black Rio”.
A música soul reinava nessas festas e atraiam milhares de pessoas todos os fins de semana para esses eventos. Esse “fenômeno” popular colaborou para a consolidação do movimento negro. Tony Tornado, homenageado este ano pela Mostra, teve participação fundamental nesse processo e aparece no longa-metragem.