18a CineOP: Em ano-chave para preservação, associação brasileira aponta desafios para reestruturar novo plano a ser enviado ao governo federal
O ano de 2023 é chave para os participantes da 18ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto porque acontece no evento a reestruturação do Plano Nacional de Preservação Audiovisual. Fruto de ações da ABPA (Associação Brasileira de Preservação Audiovisual), entidade fundada na própria CineOP em 2008, o Plano, lançado há sete anos, sofreu revezes com o descaso de agentes dos governos federais nas últimas gestões do país, ao menos desde 2016, exatamente quando o Plano esteve pronto para ser levado ao governo, ação impedida pelo impeachment de Dilma Rousseff.
O Plano Nacional de Preservação Audiovisual ganhou novas perspectivas e fôlego recentemente, com a recriação do Ministério da Cultura e a promessa do novo governo de tratar a preservação como prioridade. Para a pesquisadora Débora Butruce, atual presidente da ABPA, o momento é propício ao novo Plano e especialmente delicado dentro do cenário difícil da preservação, justamente pelos obstáculos e desafios que acervos, museus, arquivos e demais instituições públicas e privadas enfrentam constantemente na manutenção de seus conteúdos.
“Há carência de recursos estáveis e de planejamento de longo prazo no setor, o que são coisas essenciais”, apontou ela. Butruce enumerou ainda outras dificuldades que ela espera entrarem nas pautas de discussão. “A legislação é inadequada, há falta de incentivo a publicações e de recursos humanos e os investimentos financeiros são insuficientes e instáveis”.
Além dessas questões materiais e políticas, a presidente da ABPA demonstrou preocupação com os acervos digitais, algo anualmente discutido na CineOP por sua proliferação tão grande quanto a dificuldade de armazenamento, localização e organização. “Se com as películas podemos ter lacunas, com o digital vamos ter crateras”, comparou.