Festival do Rio vence dificuldades financeiras e premia cinema nacional
Por Janaina Pereira, correspondente no Rio de Janeiro
Com a exibição de mais de 100 filmes internacionais e 91 produções brasileiras, foi realizado de 9 a 19 de dezembro a 21ª edição do Festival do Rio. O evento, que normalmente acontece em setembro, foi adiado duas vezes devido a falta de verbas por causa da perda de patrocínios. Uma campanha de arrecadação coletiva feita na internet, onde foi arrecado mais de R$ 600 mil, e o apoio de empresas privadas possibilitaram a realização do Festival.
“Foi um ano de aprendizado. Tivemos que pensar em outras maneiras de garantir o Festival. A partir de agora, para a organização das próximas edições, essas alternativas estarão presentes”, explicou a diretora do Festival do Rio Ilda Santiago, durante a cerimônia de encerramento realizada no Museu do Amanhã.
Na Premiére Brasil, tradicional mostra de filmes nacionais, Fim de Festa, de Hilton Lacerda, venceu o Troféu Redentor de Melhor Longa-Metragem de Ficção. O filme ganhou também na categoria de Melhor Roteiro.
Paralelo ao Festival do Rio foi realizado o RioMarket, braço de negócios do evento. Com palestras e oficinas que aconteceram no hotel Othon Palace, em Copacabana, profissionais de toda a cadeia produtiva debateram sobre novas tecnologias, comportamento do público, legislação, formatos de investimentos, entre outros temas.
Segundo Walkíria Barbosa, diretora do evento, o formato do RioMarket não teve alteração mesmo com os problemas financeiros. “Oferecemos ao público a oportunidade de discutir temas essenciais para o setor, com os principais nomes do cenário audiovisual brasileiro promovendo debates atuais e propositivos”.
Com um público menor do que em anos anteriores, o RioMarket manteve suas palestras, workshops e rodadas de negócios, que atraíram profissionais do mercado. Um dos destaques da programação foi a presença da atriz Cleo Pires, que falou sobre “Cleo on Demand”, o seu projeto de conteúdo para o IGTV que, desde a estreia em outubro, já foi visto por seus 11 milhões de seguidores do Instagram. O projeto tem capítulos que abordam temáticas sociais, artísticas e culturais. “Esse projeto veio da minha vontade e de uma equipe de fomentar a produção de conteúdos sobre temas que achamos que precisam ser mais discutidos”, explicou a atriz, que também é produtora executiva do conteúdo.
Outro painel que teve grande repercussão foi “Por que a liberdade de expressão é fundamental para a criação de conteúdo?”, que contou com a presença da presidente da SPCINE Lais Bodansky, do jornalista Pedro Doria e do advogado Marcelo Goyanes, que falou sobre a garantia da liberdade de expressão desde a nossa primeira constituição, de 1824. Ele frisou que esse é um tema que não pode ser mudado. “Nessa não mexem, é cláusula pétrea”. Mas Laís Bodansky advertiu. “Tudo é possível, e há movimentos para acabar com o pensamento no país”.
Confira os vencedores Festival do Rio 2019:
TROFÉU REDENTOR
– Melhor Longa-Metragem de Ficção – Fim de Festa, de Hilton Lacerda
- Melhor Direção de Ficção – Maya Da-Rin, por A Febre
- Melhor Atriz – Regina Casé, por Três Verões
- Melhor Ator – Fabricio Boliveira, por Breve Miragem de Sol
- Melhor Atriz Coadjuvante – Gabriela Carneiro da Cunha, por Anna
- Melhor Ator Coadjuvante – Augusto Madeira, por Acqua Movie
- Melhor Fotografia – Miguel Vassy, por Breve Miragem de Sol
- Melhor Montagem – Renato Vallone, por Breve Miragem de Sol
- Melhor Roteiro – Hilton Lacerda, por Fim de Festa
- Melhor Curta-Metragem – A Mentira, de Klaus Diehl e Rafael Spínola
- Melhor Longa-Metragem de Documentário – Ressaca, de Vincent Rimbaux e Patrizia Landi
- Melhor Direção de Documentário – Vincent Rimbaux e Patrizia Landi, por Ressaca
- Prêmio Especial do Júri – Som do filme A Febre – Felippe Schultz Mussel e Breno Furtado (Som direto), Felippe Schultz Mussel e Romain Ozanne, (Edição de som) e Emmanuel Croset (Mixagem)
- Menção honrosa do Júri – Favela é Moda (Emílio Domingos) e M8 – Quando a Morte Socorre a Vida (Jeferson De)
MOSTRA NOVOS RUMOS
- Melhor Filme – Sete Anos em Maio, de Affonso Uchôa
- Melhor Curta – Revoada, de Victor Costa Lopes
- Prêmio Especial do Júri – Chão, Camila Freitas
- Menção honrosa (longa-metragem) – Marcelo Diorio, ator e co-roteirista de Rosa Azul de Novalis
- Menção honrosa (curta-metragem) – Bonde, de Asaph Luccas
VOTO POPULAR
- Melhor Longa de Ficção – M8 – Quando a Morte Socorre a Vida, de Jeferson De
- Melhor Longa Documentário – Favela é moda, de Emílio Domingos
- Melhor Curta – Carne, de Camila Kater
PRÊMIO FELIX
- Melhor Longa-Metragem Ficção: Retrato de Uma Jovem Em Chamas, de Céline Sciamma
- Melhor Longa Documentário: Lemebel, um artista contra a ditadura chilena, de Joanna Reposi Garibaldi
- Melhor Longa Brasileiro: Alice Júnior, de Gil Baroni
- Prêmio Especial do Júri: Bicha-Bomba, de Renan de Cillo
- Menção Honrosa – Camille Cabral, pela atuação em luta dos direitos humanos
MOSTRA GERAÇÃO
- Melhor filme Júri Popular -Alice Júnior, de Gil Baroni