23ª Mostra de Tiradentes premia filmes plurais, destaque feminino negro e concede serviços aos vencedores
A Mostra de Cinema de Tiradentes deste ano foi realizada entre 24 de janeiro e 1º de fevereiro, culminando na tradicional premiação no Cine-Tenda no último sábado. Com um total de sete categorias e seus troféus, os escolhidos para os prêmios trouxeram a força da temática do evento – “A Imaginação como Potência” – e a pluralidade do País.
Falando em destaques, a premiada como destaque feminino da Mostra foi Lilís Soares, que recebeu o Prêmio Helena Ignez diretamente da atriz que dá o nome à premiação. Vale lembrar que Lílis é diretora de fotografia, assumindo um dos cargos técnicos com histórica menor presença feminina dentro do mercado audiovisual.
De acordo com o Júri Oficial: “O que ela tem feito, articulada em coletivos, como o Coletivo de Diretoras de Fotografia do Brasil, ao qual o júri estende sua homenagem, é um cinema que assume para si a responsabilidade de enfrentar não apenas uma disputa de narrativas, mas o agenciamento de uma sensibilidade preta”. Em seu agradecimento pessoal, a diretora de fotografia desejou um cinema brasileiro com mais mulheres e mais pessoas negras na criação. Ela participou da Mostra também com três obras: os dois curtas-metragens “Ilhas de Calor”, na Mostra Jovem, e “Minha História é Outra”, na Mostra Foco; e o longa “Um Dia com Jerusa”, na Mostra A Imaginação como Potência.
Entre as obras audiovisuais exibidas na Mostra, o Júri Popular escolheu como melhor longa o baiano “Até o Fim”, de Glenda Nicácio e Ary Rosa, e como melhor curta “A Parteira”, de Catarina Doolan no Rio Grande do Norte.
Quanto às outras mostras competitivas presididas pelo Júri Oficial, o cearense “Canto dos Ossos”, de Petrus de Bairros e Jorge Polo, ganhou como melhor longa da Mostra Aurora. Para o Júri, o filme “aposta na imaginação como potência gestada coletivamente e acolhe seu caráter disjuntivo”. Já na Mostra Foco o vencedor foi o curta fluminense “Egum”, de Yuri Costa. Sobre a obra, o Júri afirmou que “na proposta de abordar a questão racial em sua dimensão sensível, encontramos um filme que se posiciona no âmbito do cinema de gênero, em busca de formas para as sensações de terror e desespero que com frequência atravessam o cotidiano dos corpos negros no Brasil”.
O Júri Jovem, por sua vez, premiou na Mostra Olhos Livres o longa “Yãmĩyhex – As Mulheres-espírito”, de Sueli Maxakali e Isael Maxakali. Assim, a obra recebeu Prêmio Carlos Reichenbach. “Esse filme é importante para mostrar nossa realidade a vocês”, disse Sueli, que saudou a maior presença de profissionais indígenas no audiovisual brasileiro.
Confira todos os vencedores da Mostra de Tiradentes e seus respectivos prêmios:
– Melhor longa-metragem Júri Popular: Até o Fim (BA), de Glenda Nicário e Ary Rosa.
Troféu Barroco
Da Mistika: R$ 20 mil em serviços de finalização
Da Dot: Master DCP para longa até 120 minutos.
– Melhor curta-metragem Júri Popular: A Parteira (RN), de Catarina Doolan.
Troféu Barroco
Da Ciario: R$ 5 mil em locação de equipamentos de iluminação, acessórios e maquinaria da Naymar;
Do CTav: 20 horas de mixagem e empréstimo de câmera por duas semanas;
Da Mistika: R$ 6 mil em serviços de finalização
– Melhor curta-metragem pelo Júri Oficial, Mostra Foco: Egum (RJ), de Yuri Costa.
Troféu Barroco
Da Ciario: R$ 5 mil em locação de equipamentos de iluminação, acessórios e maquinaria da Naymar;
Do CTav: 20 horas de mixagem e empréstimo de câmera por duas semanas;
Da DOT Cine: duas diárias de correção de cor e máster DCP para curta de até 20 minutos;
– Melhor longa-metragem pelo Júri Jovem, da Mostra Olhos Livres, Prêmio Carlos Reichenbach: Yãmĩyhex – As Mulheres-espírito (MG), de Sueli Maxakali e Isael Maxakali.
Troféu Barroco
Da Ciario: R$ 10 mil em locação de equipamentos de iluminação, acessórios e maquinaria da Naymar;
Da Cinecolor: 5 diárias de correção de cor;
Da Dotcine: máster DCP para longa de até 120 minutos
– Melhor longa-metragem da Mostra Aurora, pelo Júri Oficial: Canto dos Ossos (CE), de Jorge Polo e Petrus de Bairros.
Troféu Barroco
Da End Post: R$ 40 mil em serviços de pós produção (laboratório digital, sync, dailies, conform, correção de cor, animação, composição, 3D e masterização);
Da Ciario: R$ 10 mil em locação de equipamentos de iluminação, acessórios e maquinaria da Naymar;
Da Cinecolor: 5 diárias de correção de cor;
Da Dotcine: máster DCP para longa de até 120 minutos
– Prêmio Helena Ignez para destaque feminino: Lílis Soares, diretora de fotografia.
– Prêmio Canal Brasil de Curtas: Perifericu (SP), de Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira.
Prêmio de R$ 15 mil.
Confira a cobertura completa da 23ª Mostra de Tiradentes:
– Debate “Os Escravos de Jó”: memória do Holocausto, contradições no Brasil e processo identitário
– “Estamos em momento de governantes inimigos da imaginação”, afirma curador
– Abertura da Mostra convida à defesa da Cultura como diálogo e necessidade de novas lideranças
– Com homenageado no elenco, “Os Escravos de Jó” será exibido na abertura
– 23ª Mostra Tiradentes abre o calendário do audiovisual em 2020 com 113 filmes brasileiros