Olhar de Cinema: Mostras Competitiva, Olhares Brasil e Mirada Paranaense, exibições especiais e curtas
O Olhar de Cinema é um festival que busca destacar e celebrar o cinema independente produzido no mundo. São propostas estéticas inventivas, envolventes e com comprometimento temático, que abrange desde a abordagem de inquietações contemporâneas acerca do micro universo cotidiano de relacionamentos, até interpretações e posicionamentos sobre política e economia mundial.
A seleção apresenta ao público filmes que se arriscam em novas formas de linguagem cinematográfica, que estão abertos ao experimentalismo e que, ainda assim, possuem um grande potencial de comunicação com o público.
Nesta edição, o Festival acontecerá de forma totalmente online de 7 a 15 de outubro, os filmes ficarão disponíveis diretamente no site do festival: www.olhardecinema.com.br. Ao todo, a programação terá sete mostras: Mostra Competitiva, Novos Olhares, Outros Olhares, Olhares Brasil, Exibições Especiais, Mostra Foco e Mirada Paranaense.
O 9º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Cinema conta com apoio da Copel, Governo do Estado do Paraná, Ademilar, Lojacorr, incentivo da Lei de incentivo à cultura, Fundação Cultural de Curitiba, Prefeitura de Curitiba e PROFICE.
Olhares Brasil
Entre os títulos estão longas e curtas-metragens que compõem um recorte da nova e mais ousada cinematografia brasileira. A diversidade de olhares e narrativas é o ponto de maior destaque da mostra que traz a co-produção Brasil/Portugal/Moçambique “Um Animal Amarelo”, nova fábula visual de Felipe Bragança, exibido no começo do ano no Festival de Roterdã. A seleção conta também com o vencedor do prêmio do júri na 23ª Mostra de Tiradentes “Canto dos Ossos”, de Jorge Paulo e Petrus Bairros, e ainda da mostra mineira, o longa “Cabeça de Nêgo”, que cria uma narrativa que tem como base ideais do Panteras Negras.
Outro destaque é o documentário “Fakir”, assinado por Helena Ignez. O filme tem despertado as mais diversas sensações por onde passa. Foi exibido no 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no XV Panorama Coisa de Cinema e forumdoc.bh, além de outros festivais brasileiros e internacionais.
O veterano Geraldo Sarno também tem filme na seleção. O diretor de “Viramundo” (1965) apresenta no Olhar de Cinema seu último filme, “Sertânia”, uma revisita modernizada ao sertão, ao cangaço e ao cinema novo.
A ancestralidade é o tema dos dois títulos que completam a mostra: “Cavalo”, de Raphael Barbosa e Werner Salles Bagetti e “Yãmĩyhex: as mulheres-espírito”, da Associação Filmes de Quintal. Enquanto este se volta para o resgate da mitologia e tradição indígena, aquele traz a dança para falar das marcas do passado.
A seleção de curtas também está bem atenta às temáticas atuais. Negritude, lesbiandade e anscestralidade se fazem presentes nos curtas “Enraizadas”, de Juliana Nascimento e Gabriele Roza; “Minha História É Outra”, de Mariana Campos; “Mãtãnãg, a Encantada”, de Shawari Maxacali e Charles Bicalho, “A Morte Branca do Feiticeiro Negro”, de Rodrigo Ribeiro, e “O verbo se fez carne”, de Ziel Karapotó.
Distopias também não ficaram de fora. Conversando com os dias atuais, está o curta de Matheus Farias e Enock Carvalho “Inabitável”. Já o exibido no 17º IndieLisboa “Os Últimos Românticos do Mundo”, de Henrique Arruda, faz uma ponte entre o futuro pré-apocalíptico e o desconhecido.
Mirada Paranaense
Nesta 9ª edição do evento, onze títulos integrarão a mostra local. Entre eles está o longa-metragem documental “A Alma do Gesto”, de Eduardo Baggio e Juslaine Abreu-Nogueira, que explora a criação artística e a construção imagética de outra arte que não o cinema. A arte também é o tema de “Exumação da Arte”, curta-metragem de Maurício Ramos Marques.
Outros 9 curtas integram a seleção, que destaca o racismo e a negritude como um de seus temas. Exibido na 23ª Mostra de Tiradentes, “E no rumo do meu sangue”, de Gabriel Borges, reorganiza imagens para construir uma nova narrativa. O documentário “Meia Lua Falciforme”, de Dê Kelm e Débora Evellyn Olimpio, fala sobre a Doença Falciforme, que afeta principalmente a população afrodescendente.
A mostra traz também a história de Enedina Alves Marques, a primeira mulher negra a se formar engenheira no Brasil, no curta “Além de Tudo, Ela”, de Pedro Vigeta Lopes, Pâmela Regina Kath, Mickaelle Lima Souza, Lívia Zanuni. Em linguagem experimental, “Cor de Pele”, de Larissa Barbosa, questiona as opressões sofridas pelas mulheres negras.
Outro retrato do preconceito da sociedade está no curta de documentário “Seremos Ouvidas”, de Larissa Nepomuceno, que investiga o movimento feminista surdo. As mulheres, em diferentes fases da vida, também são o foco dos curtas “Aonde Vão os Pés”, de Débora Zanatta, e “A Mulher Que Sou”, de Nathália Tereza. Este, premiado no último festival de Gramado, com o Kikito de melhor atriz para Cassia Damasceno.
Completam a seleção a única animação da mostra, “Napo”, curta afetivo de Gustavo Ribeiro sobre memória, e “Cancha – Domingo é dia de jogo”, de Welyton Crestani, sobre o poder do futebol de várzea em Vila Verde.
EXIBIÇÕES ESPECIAIS
Entre as mostra deste ano, está a Exibições Especiais, que conta com filmes de grandes mestres do cinema mundial e busca a redescoberta de títulos, privilegia o cinema brasileiro e abre um espaço especial para pré-estreias.
Com uma seleção reduzida nesta edição, a seleção traz apenas dois títulos que sintetizam muito bem a o objetivo da mostra. O Tango do Viúvo e seu espelho reformador, é um deles. Primeiro longa-metragem do diretor chileno Raúl Ruiz, filmado em 1967, o filme só foi finalizado este ano pela viúva do cineasta, Valeria Sarmiento. O Tango do Viúvo foi encontrado recentemente, restaurado e teve a sua primeira exibição no Festival de Berlim.
Quem completa a seleção é o diretor brasileiro Karim Aïnouz, com seu filme Nardjes A. O longa também foi exibido este ano na Berlinale e conta a história da militante argelina que lhe dá nome em meio aos protestos populares contra a quinta candidatura do então presidente Bouteflika.
OUTROS OLHARES
A Mostra Outros Olhares mescla em sua seleção longas e curtas-metragens ainda mundialmente inéditos e filmes que já possuem uma trajetória em festivais e mostras internacionais recentes. São várias propostas, estilos, linguagens e abordagens feitos em torno de uma série de extremidades que reflete o mundo atual.
Fazem parte da seleção de longas-metragens os brasileiros inéditos O Índio Cor de Rosa Contra a Fera Invisível: a Peleja de Noel Nutels, de Tiago de Almeida, e A Flecha e a Farda, de Miguel Antunes Ramos, além de O Reflexo do Lago, que esteve na seleção Festival de Berlim. Da Berlinale também chegam o indiano Crônica do Espaço, de Akshay Indikar, a co-produção França, Bélgica e Burkina Faso, Traverser (Após a Travessia), dirigido por Joël Akafou, e o longa argentino Responsabilidade Empresarial, de Jonathan Perel.
Do FIDMarseille chega a co-produção Eslovênia e República Tcheca, Oroslan, de Matjaz Ivanisin, do NY Film Festival vem Trouble, uma co-produção entre Estados Unidos e Reino Unido dirigida por Mariah Garnett e, por fim, o longa chileno Visão Noturna, dirigido por Carolina Moscoso Briceño.
Curtas de todos os lugares
A seleção de curtas-metragens também traz um recorte na nova produção brasileiro, com os títulos Manual do Zueiro Sem Noção, de Joacélio Batista; Memby, de Rafael Castanheira Parrode e Rafameia, de Mariah Teixeira e Nanda Félix. Representantes de vários outros países também estão na seleção, como Irã, Argentina, Camboja, Cuba e Rússia.
Mostra Foco
Nesta 9ª edição, o nome destacado na Mostra Foco é o do diretor Daniel Nolasco (FOTO). Nascido em Catalão, Goiás, o realizador escreveu e dirigiu mais de nove curtas-metragens e dois documentários, todos os filmes participaram e foram premiados em diversos festivais. Seu primeiro longa de ficção, Vento Seco recentemente exibido na Berlinale e no Festival de Guadalajara é um dos filmes que poderão ser vistos.
MOSTRA COMPETITIVA
LONGAS-METRAGENS
Nasir (Índia, Países Baixos, Singapura, 2019, 79 min.), de Arun Karthick;
Na Cabine de Exibição (The Viewing Booth, Israel, Estados Unidos, 2019, 71 min.), de Ra’anan Alexandrowicz
A Metamorfose dos Pássaros (Portugal, 2020, 101 min.), de Catarina Vasconcelos
Longa Noite (Espanha, 2019, 90 min.), de Eloy Enciso
Victoria (Bélgica, 2020, 72 min.) de Sofie Benoot, Liesbeth De Ceulaer e Isabelle Tollenaere
Entre Nós Talvez Estejam Multidões ( Brasil, 2020, 99 min.) de Pedro Maia de Brito, Aiano Bemfica
Luz nos Trópicos (Brasil, 2020, 260 min.) de Paula Gaitán
Um Filme Dramático (Un film dramatique, 2019, França, 114 min.), de Eric Baudelaire.
Los Lobos (México, 2019, 95 min), de Samuel Kishi
CURTAS-METRAGENS
Chão de Rua (Brasil, 2019, 20 min.) de Tomás von der Osten
O Mártir (El Màrtir, 2020, Espanha, 18 min.) de Fernando Pomares
Panteras (Panteres, 2020, Espanha, 22 min.) de Erika Sanchez
Noite Perpétua (2020, Portugal, França, 17 min.) de Pedro Peralta
Noite de Seresta (Brasil, 2020, 19 min.) de Sávio Fernandes, Muniz Filho
O Silêncio do Rio (El Silencio del ri, 2020, Peru, 14 min.) de Francesca Canepa
Telas de Shanzhai (Shānzhài Screens, 2020, França, 23 min.) de Paul Heintz
Algo-Rhythm (Austria, Senegal, Reino Unido, 2019, 14 min.) de Manu Luksch
MOSTRA FOCO
Vento Seco (Brasil, 2020, 110 min.)
Mr. Leather (Brasil, 2019, 85 min.)
Paulistas (Brasil, 2017, 80 min.)
Programação completa no App
Desde a última edição, o Olhar de Cinema – Festival internacional de Curitiba conta com um aplicativo desenvolvido especialmente para o festival. Nele, o público pode acompanhar toda a programação de filmes, data e horários.
O app é gratuito e já está disponível na AppStore (https://apple.co/2HhUlBc) e GooglePlay (https://bit.ly/2VxJOvx).