Matapi: Importância dos eventos de desenvolvimento, formatos replicáveis e multiculturalidade
Importância dos eventos
A manhã da programação do dia 26/11 foi de trocas com Martín Albertengo, do Estelab (Peru), e Viviana Saavedra, do Bolívialab (Bolivia), que trouxeram ao Matapi pontos de reflexão sobre a importância dos eventos de desenvolvimento, como laboratórios e mercados, na macrorregião amazônica.
“Precisamos diversificar a produção pensando em outras realidades e trabalhar coletivamente com mercados, fundos, bancos para tudo acontecer. Isso é fundamental para que possamos fomentar esses espaços de diálogo, as coproduções e pensando não apenas em retornos econômicos, mas em construção criativa”, disse Martín Albertengo.
“Os laboratórios, os espaços de mercado e de conexão fazem com que a gente se encontre, se reconheça nesse outro e que a gente fortaleça cada vez mais a identidade lationamericana. Porque temos uma conexão ancestral e histórica, que a colonização nos separou, mas que agora temos a oportunidade de contar nossas histórias e de nos reconectarmos nesse lugar”, completou Viviana.
Neste terceiro dia de evento os participantes também puderam conferir o Bizu Jurídico com Diego Medeiros, que falou sobre direitos patrimoniais de autor e registro.
Criar para engajar
Os participantes tiveram uma aula sobre criação de conteúdo e engajamento nesta sexta-feira (27), com Juliana Algañaraz e Eduardo Gaspar, da EndemolShine Brasil. Durante o painel eles apresentaram falaram sobre como transformar boas ideias em formatos replicáveis e compartilharam de que forma isso vem sendo feito na Endemol.
“As novas gerações de produtores têm a vantagem da internet, antes só tinham a TV. Hoje você pode transformar o seu TCC em algo que tenha um milhão de views, e isso vai chamar a atenção do alguém que está buscando algo diferente. Mas precisamos lembrar que é preciso pensar no storytelling, porque o mais importante é o que estamos contando, a tecnologia vem depois”, comentou Juliana.
Eduardo acrescentou: “Não adianta que o Masterchef, por exemplo, seja um sucesso global se a gente não trouxer o tempero brasileiro para este formato. É preciso pensar nos contextos regionais, valorizando o mercado local, criando um conteúdo legal e fazendo com que essas produções cruzem fronteiras”.
No terceiro dia do Matapi também tivemos a expansão “Foco, Território e Multiculturalidade”, um encontro realizado durante o Talents Latinoamérica 2020, e o Diálogo Formativo “O produtor executivo e as estratégias de internacionalização”, com Rodrigo Teixeira (RT Filmes), Julia Alves (Sancho&Punta) e Mediação de Lidiana Reis (Panaceia Filme).
A mesa “Foco Amazônia: Território, Identidade e Multiculturalidade” recebeu os convidados Diego Sarmiento (Peru), Aldemar Matias (Brasil), Laura Mora (Colômbia) e Juan Pablo Richter (Bolivia) e contou com mediação de Rodrigo Antonio (Matapi).
Esta atividade foi realizada durante a edição do Talents Latinoamérica 2020.
Assista:
Produção e participação em festivais
O quarto e último dia do Matapi contou com o compartilhamento de experiências sobre produção e participação em festivais internacionais com Karina Avellán (Costa Rica), José Permar (México) e Aldemar Matias (Brasil).
“O mercado classifica e simplifica. Eu sinto que são poucos os filmes que vão ao circuito internacional. Os que vão, passam pela Europa, nos grandes festivais e recebem um ‘selo de qualidade’, e só depois geram interesse pelo público local. Ainda pra gente, distribuir um filme na Europa é muito mais fácil do que na América Central ou na República Dominicana que temos uma maior relação. Sinto também que é importante incentivar as ações que saem do hegemônico”, disse Karina.
A tarde o encontro seguiu com o seu último Bizu Jurídico, apresentado por Diego Medeiros, e ainda pelo bate papo com Camila Lamha, do Canal Brasil, que trouxe aos participantes caminhos para acessar espaços no canal.
“Apesar das dificuldades dos últimos tempos, o mercado está aquecido, em transformação e movimento. Temos novas possibilidades de janela, novos formatos e o fortalecimento do online. Nós acreditamos na qualidade do conteúdo brasileiro e precisamos criar espaços para conteúdos que retratem o país, as pessoas querem se ver neles”, comentou Camila.
Larissa Ribeiro e Pedro Jorge apresentaram a Masterclass sobre os formatos no audiovisual, trocando vivências e trazendo diversos cases para o encontro.
“Não tem como pensar um produto sem pensar em todos os formatos que circulam a ideia que estou imaginando. É preciso pensar o desenho dos projetos como potencializador da história que a gente quer contar. Isso faz com que o produtor e a audiência ganhem e esses conteúdos cheguem a muito mais lugares e pessoas”, afirmou Larissa.
Fechando o ciclo do encontro deste ano, o Matapi realizou a mesa Amazoneidades, comandada pelos realizadores Rodrigo Antonio, Carlos Barbosa, Clemilson Farias e Liliane Maia. Durante o bate papo os participantes compartilharam sua experiência no Matapi 2020, trazendo também contribuições para as próximas edições.