Entrevista especial “Show me the Fund”: 50 fundos e oportunidades para o audiovisual brasileiro
Em parceria, o Brazilian Content (BRAVI), o Cinema do Brasil e o Projeto Paradiso realizaram um levantamento sobre fundos internacionais voltados ao mercado audiovisual junto à revista LatAm Cinema, do Chile, chamado de “Show Me the Fund”. O objetivo? Fornecer um estudo de oportunidades internacionais de financiamento a produtoras, projetos e profissionais brasileiros, especialmente nesse momento em que as oportunidades internas e políticas públicas se tornam cada vez mais escassas. No total, foram avaliados cerca de 150 fundos de investimentos internacionais e, desses, 50 fundos foram identificados como oportunidades para o audiovisual brasileiro.
O estudo foi lançado oficialmente em agosto deste ano, com cada uma das 5 partes lançada em momentos distintos sendo compostas por 10 oportunidades cada em arquivo PDF. A primeira participação de evento do mercado audiovisual por parte do estudo foi no Brasil CineMundi, evento paralelo à Mostra CineBH, sendo que os encontros foram realizados entre outubro e novembro deste ano. Em seguida, a pesquisa foi apresentada na Minas Gerais Audiovisual Expo – MAX 2020 em novembro e, depois, no FIM Women’s Film Market SP 2020 em dezembro.
Assim, por ocasião da cobertura da MAX 2020, o Prodview recebeu a oportunidade de uma entrevista especial com Mary Morita, executiva do Brazilian Content. A entrevista foi organizada pela assessoria de imprensa ETC, responsável pela divulgação da MAX.
Confira a entrevista na íntegra:
Prodview – Como surgiu a parceria entre Brazilian Content, Projeto Paradiso e Cinema do Brasil para avaliar 50 fundos de financiamento para o audiovisual? Como e quando começou essa conversa?
Mary Morita – Seria interessante contar também com a perspectiva dos outros dois projetos, mas posso dar um parecer nosso [do Brazilian Content] de como foi. Nós procuramos o Projeto Paradiso com uma proposta, tanto o Cinema do Brasil quanto o Brazilian Content juntos, para pensar o que a gente poderia fazer para ajudar os produtores e a indústria audiovisual brasileira nesse momento. Propusemos essa questão dos fundos internacionais, que é um levantamento que a gente sempre quis fazer e não tinha conseguido, e o Projeto Paradiso topou. Tudo isso começou durante a pandemia, encabeçado pelos três [projetos].
– Como foi o processo de investigação?
Nós terceirizamos essa pesquisa para uma publicação que se chama Revista LatAm Cinema, uma publicação do Uruguai que cobre o audiovisual latino-americano. Essa equipe se encarregou de fazer essa pesquisa, eles ao todo levantaram mais de 150 fundos e acabaram selecionando 50 oportunidades que são aquelas às que os brasileiros, produtoras e profissionais, podem se aplicar.
– Na sua opinião, quais foram as descobertas mais interessantes do estudo?
Foram muitas descobertas interessantes. Primeiro, que grande dos fundos está localizada nos Estados Unidos. Logo em seguida a gente tem muitos fundos na Europa e na América Latina/Ibero América, nessa (Latam/Ibero) a gente tem praticamente um fundo só que é o Ibermedia, que é para a região inteira: são os países da América Latina com Espanha e Portugal, sendo que neste ano a Itália é um país convidado deste fundo. Outro ponto interessante é que tem diversos fundos focados em cineastas emergentes de etnias, gêneros e populações menos representadas na cinematografia e no audiovisual mundial. Então a gente tem fundos focados só para temáticas e profissionais LGBTQIA+, fundos que só realizam e investem em obras dirigidas ou produzidas por mulheres, outro só para profissionais indígenas e negros. A gente tem uma gama de opções muito diversa e muito interessante. Acho interessante isso também: tem fundos que são só para produção, outros só para construção, outros para desenvolvimento e tem fundos que não têm uma especificidade, que você pode aplicar independente do estágio do seu projeto.
– A partir dos dados obtidos, qual o peso dos fundos latino-americanos dentro dos 50 totais? Qual relevância o financiamento tem para a região?
Acredito que valha pontuar que a América Latina, apesar da América Latina não ter uma quantidade expressiva de fundos, ela tem um fundo que é muito importante que é o Ibermedia, sendo ele muito conhecido e utilizado pelas produtoras brasileiras. É interessante que este fundo serve tanto para obras televisivas quanto para obras de longa-metragem. No caso de obras para televisão, ele tem uma linha de desenvolvimento. Para produção cinematográfica, o fundo tem tanto para produção quanto para desenvolvimento. Então, é uma iniciativa em conjunto da região que é muito bem-sucedida e já resultou em diversas obras, que já foram premiadas ou participaram de circuitos de festivais. O fato de ser só um fundo não diminui a importância dele para a cinematografia dessa região.
– Vocês pretendem divulgar o estudo completo em detalhes? Se sim, por quais meios?
Todo o Show Me the Fund foi dividido em 5 edições em PDF com 10 oportunidades em cada, todos já disponíveis no site www.showmethefund.co/. A pessoa se cadastra no nosso mailing e automaticamente já recebe esses PDFs que já foram produzidos, ficando por dentro das novidades. Então, o estudo é gratuito e já está disponível no nosso site.
– Como avalia a participação do Show me the fund na CineBH/Brasil CineMundi e na MAX?
Quando a gente fez o lançamento do Show Me the Fund, uma das estratégias de divulgação para o projeto era justamente a parceria com eventos regionais realizados no Brasil para promoção deste material, que é muito importante que ele chegue ao maior número de pessoas no nosso País. A participação na CineBH, no Brasil CineMundi e na MAX entra nessa toada da gente ter a divulgação dessa informação. A nossa participação em cada um desses eventos foi distinta. No Brasil CineMundi foi focada para as pessoas que tinham projetos selecionados pelo evento. Tinha um representante de um fundo, no caso o CNC da França, que aproveitou a ocasião para conversar com os empresários e os produtores que estavam com os projetos ali, então não foi um painel tão institucional, foi uma aproximação entre brasileiros e esse fundo. Já na MAX a gente decidiu trazer a experiência de um produtor, fizemos questão de que fosse um produtor mineiro, o Tiago, justamente porque ele conhece esse cenário da indústria audiovisual mineira e é também um produtor muito internacionalizado, já fez algumas coproduções, já ganhou alguns fundos internacionais. Então ele tem uma experiência internacional muito grande e podia dividir com a audiência da MAX. A gente foi pensando que, como a gente tem alguns brasileiros que já ganharam fundos, em todo evento em que a gente podia participar, se não era um fundo internacional que estava conosco, era um produtor brasileiro que já recebeu um fundo para contar a experiência e ajudar na divulgação do Show Me the Fund.