25a MCT: Resumo 23/01 – longas, pré-estreias e debates
No domingo, 23 de janeiro, a programação teve o bate-papo sobre o filme “Diário Dentro da Noite”, com a presença de Juliana Ludolf, que assina no longa a Direção de Produção e Assistência de Produção e Montagem, e é corresponsável pela Edição de Som. A conversa foi mediada pelo crítico convidado Pedro Guimarães – professor e pesquisador | SP.
E em seguida, o público conferiu o bate-papo do filme “Cafi”. O debate cotou com a presença do diretor e convidados, a participação do crítico Vitor Velloso|RJ (foto) e a mediação será realizada por Maria Trika – assistente curadoria | MG.
Mostra Foco Minas
Teve também o debate sobre a temática central do evento “Cinema em Transição”.
Sessões de Cinema
As exibições tiveram os curtas da Foco Minas Série 2, realizações audiovisuais criadas e produzidas em território mineiro. São curtas ficcionais que desenham um panorama do cinema feito em Minas Gerais e por realizadores do estado. Integram este recorte: “Forrando a vastidão”, de Higor Gomes; “Olho além do ouvido”, dirigido por Bruna Schelb Corrêa e Luís Bocchino; “Azulscuro”, com direção de Evandro Caixeta e João Gilberto; “Vovó”, de Franco Dafon e “O dia em que Helena matou o presidente”, da cineasta Fernanda Estevam.
Debate conceitual
Ocorreu ainda o debate conceitual “Cinema em Transição”. Hoje, o campo audiovisual brasileiro está em transição, a maior desde a popularização do aparelho televisor. As plataformas de streaming e as ferramentas de internet empregam grande contingente de profissionais e o trabalho com imagens e sons na música, no teatro e nas artes visuais e performativas se amparam não só na possibilidade de difusão das plataformas digitais, mas também se lançam às possibilidades de criação nas dimensões de uma “tela” em uma dinâmica de som e imagem, o campo e extracampo próprios do que conhecemos como cinema. Se o audiovisual hoje é parte fundamental de “cenas” alternativas ligadas ao teatro e à música juntando artistas em uma dinâmica colaborativa e experimental, quais são as mudanças das ideias que fomentam a criação? Existem novos paradigmas que reconfiguram aquilo que conhecemos como cinema?
Para responder a estas e outras perguntas, participaram da discussão Dodi Leal – curadora, crítica, performer e iluminadora | SP, Ivana Bentes – professora da UFRJ | RJ e Maria Bogado – pesquisadora e crítica de cinema | RJ. A mediação será de Francis Vogner dos Reis – coordenador curatorial e curador de longas da Mostra Tiradentes| SP.
Longas em pré-estreia e sessões de curtas agitaram a programação
O público de todo Brasil e do mundo pode conferir, pela tela de sua preferência, a exibição de dez curtas-metragens, divididos entre a Mostra Panorama | Série 1 e Mostra Cinema em Transição e ainda dois longas, da Mostra Praça e Mostra Olhos Livres, em pré-estreias mundial e nacional, respectivamente.
A Mostra Panorama | Série 1 ressaltou através dos curtas selecionados diferentes formas de criação no cinema nacional. Com direção e roteiro de Maíra Tristão, o curta “Transviar” apresenta Carla da Victoria, mulher trans artesã que leva adiante a tradição das paneleiras de barro do Espírito Santo. A ficção “Dois bois”, do diretor Perseu Azul, se organiza como uma fábula trágica, mas é atravessado pela insurgência feminina na dureza do conservador sertão mato-grossense. O documentário “Uma escola no Marajó”, da cineasta Camila Kzan, aproxima o espectador do cotidiano de estudantes, famílias e educadores, do tempo das águas, da burocracia na precariedade e de um aprendizado possível e poético. A sessão encerra com o experimental “Curupira e a máquina do destino”, de Janaína Wagner, que incorpora uma lenda e a própria memória do cinema brasileiro para expurgar, por meio da fabulação, uma chaga civilizatória no meio da Amazônia.
A Mostra Praça exibiu o longa “Lavra”, de Lucas Bambozzi. A produção une o desejo de documentar a devastação causada pela presença da indústria da mineração em Minas e o encontro de uma personagem com o seu lugar de origem.
A Mostra Olhos Livres, que se caracteriza pela diversidade de formas e conceitos, apresentou, em pré-estreia mundial, o documentário “Germino pétalas no asfalto”. Dirigido pelo casal de cineastas Coraci Ruiz e Júlio Matos, o filme acompanha e testemunha mudanças de vida de Jack e de outros jovens que vivenciam a transição sexual.
Finalizando as sessões, o público conferiu seis curtas da Mostra Cinema em Transição. A ficção “521 anos | Siia Ara”, de Adanilo, é uma videoperformance em que o corpo do artista indígena agoniza acamado no meio de uma floresta cercada por objetos que simbolizam a história da colonização no Brasil. O documentário “Voz na escuridão”, de José Hélio Neto, é uma conversa franca e afetuosa de um jovem realizador sobre questões que ficam à margem dos debates sobre cinema. Em “Qual é a grandeza”, de Marcus Curvelo, são colocados em discussão o valor, material e artístico da produção audiovisual, e a autoridade da figura do realizador. “Tenho receio de teorias que não dançam”, de Gau Saraiva evoca a fragilidade e a potência da existência travesti. Já “Centelha”, de Renato Vallone, aborda o contexto pandêmico através do delírio de um homem que ritualiza e somatiza no corpo as dores da fome, do desespero, da história de um país abandonado à própria sorte. E “Mutirão: o filme”, de Lincoln Péricles, dá continuidade a seu projeto de cinema nas áreas do Capão Redondo.