25a MCT: produções de cineastas que também atuam nas plataformas de streamings
O audiovisual brasileiro está passando por um período de transição, o maior desde a popularização do aparelho televisor. As plataformas de streaming e as ferramentas de internet empregam cada vez mais profissionais, sejam eles diretores, roteiristas, produtores e técnicos que se dividiam entre o cinema e os trabalhos para a televisão quando as políticas para o audiovisual via Fundo Setorial estavam em pleno funcionamento. Nos últimos anos, no processo de desmonte dessas políticas, estes profissionais tiveram que migrar para as plataformas de streaming e televisão comercial, setores estes que mais empregam atualmente no audiovisual.
Entre os curtas selecionados pela 25a Mostra de Cinema de Tiradentes, destaca-se a presença de cineastas que já trabalharam (e ou trabalham) com streamings, canais de televisão e plataformas digitais. Conforme explica Rubens Fabrício Anzolin: “Tal linha de raciocínio se adensa e mistura com as discussões da temática desta edição da mostra: Cinema em Transição. Estes são alguns espaços cujos realizadores de curtas-metragens têm conquistado e também exercido suas disposições estéticas e criativas”.
Na 25a Mostra Tiradentes, o público já teve a oportunidade de conferir o curta-metragem experimental “Rua Ataléia”, de André Novais Oliveira, mesmo diretor de alguns episódios da série “Pico da Neblina”, da HBO Max. Já o cineasta paulistano Lincoln Péricles, montador da série “Noturnos”, de Marco Dutra e Caetano Gotardo, produzida pelo Canal Brasil, exibiu na Mostra Tiradentes o documentário “Mutirão – O Filme”. E da atriz, cineasta e roteirista da série “Os últimos dias de Gilda”, da Globoplay, Karine Teles, foi exibida a ficção “Romance”.
E de Natália Maia e Samuel Brasileiro, produtores da série “Lana e Carol”, exibida na TV Futura, o público terá a oportunidade de assistir na Mostrinha o curta-metragem “Rua Dinorá”, ficção cearense que conta a história de Dinorá, menina de 10 anos que mora na Rua 749, no bairro Conjunto Ceará, na cidade de Fortaleza. Faixa branca no karatê, seu grande sonho é vencer o campeonato interestadual. Para que as atletas possam viajar, elas precisam angariar fundos para o time por meio da venda de rifas para familiares e vizinhos. Ao descobrir que suas colegas moram em ruas com o nome de personalidades históricas, Dinorá empreende, em sua jornada para a venda das rifas, uma investigação sobre o nome de sua própria rua e acaba descobrindo a força coletiva na construção dos espaços habitados.