18ª CineOP: Último dia teve sessão de curtas, exibição de longa paulista e estreia nacional
A segunda sessão da Mostra Educação, com o tema Juventudes, teve a exibição de 17 curtas realizados por estudantes, educadores e cineastas em contexto escolar e espaços não formais de ensino na programação do último dia da CineOP.
Toda essa produção nos situa em relação aos temas e questões que atravessam a geração de adolescentes na contemporaneidade, marcados pela pandemia, a hiperutilização das redes sociais e o crescente quadro de sofrimento psíquico.
A sessão também pode ser compreendida a partir de dois gestos: no primeiro deles, assistimos a filmes que narram, por meio de histórias autoficcionalizadas pelos próprios estudantes ou professores, conflitos ligados ao gênero, à raça, à saúde mental. Os filmes, de curta duração, abordam tensões e conflitos e buscam, à sua maneira, formas de superação ou denúncia. No outro gesto, temos os trabalhos que promovem um deslocamento com as formas rotineiras de percepção do cotidiano, do corpo, do espaço. Os deslocamentos realizados se valem de estratégias próprias ao cinema documental e experimental, com o uso de efeitos, colagens e truques de montagem, contrapontos entre som e imagem etc. São filmes que nos interpelam a sentir, ver, ouvir, em suma, a perceber e fruir o mundo a partir da mediação do cinema e, assim, deslocam nossos próprios sentidos.
“Eu comecei a reparar que as pessoas no ônibus só ficavam no celular, não existia mais interação entre elas e fiquei muito decepcionada, por isso decidi fazer um curta. Eu passei a ver a arte de uma forma mais abrangente”, disse a estudante Alice Carvalho, que esteve na sessão, apresentando seu filme experimental Vidrados.
Mostra Exibição de Antunes Filho, Do Coração Para o Olho
O filme mergulha nas incursões de Antunes Filho pelo audiovisual, passando por seus teleteatros, e pelo filme “Compasso de Espera”. Neste trânsito de linguagens, compreendemos as motivações e reflexões criativas deste fazedor de teatro, cinéfilo e entusiasta do cinema. Ainda que tenha realizado apenas um filme, sua obra teatral é permeada por referências cinematográficas. Através de materiais de arquivo, que revelam o cinema percebido e falado pelo próprio diretor, passeamos pelo limite entre a realidade e o sonho que o permitia preencher de música, poesia e manifesto cada fotograma. Antunes Filho revela como sua paixão pelo cinema interferiu diretamente na sua estética.
“É sempre muito bom estar aqui, acho que esse é um dos encontros que mais tenho prazer em vir, porque os filmes são acompanhados de uma reflexão e discussão, não vejo sentido fazer filmes sem que eles sejam acompanhados por isso”, comenta o diretor Cristiano Burlan.
Filme de encerramento: estreia Nacional de Zé
A produção de Rafael Conde, cineasta de Ouro Preto, traz a trajetória de Zé, líder do Movimento Estudantil Brasileiro, que participa de um grupo de resistência contra a ditadura militar no Brasil (1964-73). Perseguido, ele escolhe a clandestinidade. Ele deixa sua vida de classe média alta para viver com o povo, realizando o trabalho de alfabetização e conscientização política dos mais pobres. Ele conhece sua parceira Bete, com quem tem 2 filhos. Durante seu tempo de clandestinidade, ele recebe Gilberto, irmão de Bete, como um novo militante. Gilberto é, no entanto, um informante do regime repressivo. Zé morre sob tortura aos 27 anos, falsamente acusado pelos militares de ter traído todos os seus companheiros, desaparecidos até hoje.
“É a segunda exibição do filme e é muito especial para mim ter essa exibição aqui”, disse o diretor que também esteve acompanhado dos atores e membros da equipe durante a exibição.