19a CineOP: debates discutem o uso de inteligência artificial em trabalhos de preservação de filmes
Único evento a enfocar o cinema como patrimônio, preservação, história e educação no Brasil, a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto chega a sua 19ª edição de 19 a 24 de junho de 2024. A intensa programação da Mostra conta com a realização do 19º Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e do Encontro da Educação – XVI Fórum da Rede Kino. Mais de 200 especialistas em audiovisual e educação se unem nestes dois encontros para discutir temas relacionados ao cinema na escola e ao futuro da preservação audiovisual, buscando aprimoramento, colaboração, troca de experiências e alinhamentos de estratégias e ações para o setor. As atividades serão realizadas no Centro de Artes e Convenções (Rua Diogo de Vasconcelos, 328, bairro Pilar).
O tema “O futuro da preservação audiovisual começa no presente” vai nortear as atividades do 19º Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros. Com curadoria de José Quental e Vivian Malusá, o encontro vai discutir temas como políticas públicas para o patrimônio, inteligência artificial e o futuro da preservação audiovisual, regulamentação do vod e repositórios digitais. Serão 12 atividades dentre debates, masterclass e apresentação de cases.
Já o Encontro da Educação: XVI Fórum da Rede Kino será norteado pelo tema “Plano Nacional de Cinema na Escola: Comunicação, cultura e educação”. Com curadoria de Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga, o objetivo é elaborar diretrizes e recomendações para a criação de políticas públicas que venham subsidiar o contato de educadores e também de crianças, da educação infantil ao ensino fundamental, e jovens do ensino médio, com as imagens e os sons de forma a garantir a qualidade social dessa experiência. Serão 11 atividades na programação, incluindo debates, masterclasses internacionais e apresentações de projetos, além de 3 reuniões de trabalho da Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual, além de quatro GTs (grupos de trabalho): formação docente; infraestrutura e equipamentos; acervos e curadorias; e pedagogias.
O debate inaugural aconteceu no dia 21 (sexta-feira), intitulado “Memória em movimento”, e tratou de como o Estado brasileiro, que tem o dever de proteger e promover o patrimônio cultural em suas diversas manifestações, incluindo o audiovisual, tem se movimentado no trabalho de preservação em diálogo com a história e a educação. Integraram a mesa a Ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármem Lúcia – (a confirmar); o coordenador-geral de Políticas de Educação do Campo – MEC, Evandro Medeiros; a coordenadora-geral no Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania, Lígia Morais; e o diretor da Ancine, Paulo Alcoforado. A mediação é da conselheira do Conselho Superior de Cinema e Presidente da Associação de Profissionais Audiovisuais Negros – APAN, Tatiana Carvalho Costa.
19º ENCONTRO NACIONAL DE ARQUIVOS E ACERVOS AUDIOVISUAIS BRASILEIROS
No dia 20, aconteceu a mesa “Preservação audiovisual em rede: iniciativas, avanços e resultados”, que apresentou iniciativas recentes em redes colaborativas no campo do patrimônio cultural e debater de que forma as tecnologias e a cooperação entre instituições estão impulsionando avanços nesse campo. O encontro teve Dalton Martins (coordenador geral de Sistema de Informação Museal do Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM), Gustavo Mendicino (diretor-presidente da EMC – Empresa Mineira de Comunicação), João Luiz Vieira (professor da UFF representando a Rede Universitária de Acervos Audiovisuais – RUAAv) e Mirele Camargo (diretora do MIS-Paraná representando o Fórum Brasileiro dos Museus da Imagem e do Som: MIS em REDE). A conversa será mediada pela curadora Vivian Malusá.
No dia 21, a mesa “Políticas Públicas para o Patrimônio e a Preservação Audiovisual” , contou com a apresentação do Ministério da Cultura através da Secretaria do Audiovisual, das recomendações do Grupo de Trabalho interinstitucional (Portaria MinC nº 98/2023) que tratou acerca das políticas públicas para patrimonialização de bens culturais audiovisuais e para a preservação do audiovisual brasileiro, a estrutura de governança da Rede Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais e os documentos técnicos de referência para gestão de acervos públicos.
No dia 22, duas mesas vão tratar de um dos assuntos mais urgentes do momento no mundo e debatido no contexto da CineOP. Às 10h, “Inteligência artificial e o futuro da preservação audiovisual: questões contemporâneas” vai reunir Almir Almas (coordenador geral do Grupo de Pesquisa LabArteMidia, do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão e do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da Escola de Comunicações e Artes da USP), Eduardo Calvet (editor de trailer da TV Globo e diretor na IDEOgraph / Inteligência Artificial, Realidade Virtual, Metaverso e afins), Esther Hamburger (pesquisadora) e Vinícius Laureto (pesquisador em comunicação e inteligência artificial). A conversa vai tratar de como a IA pode transformar a maneira como protegemos e interagimos com o patrimônio cultural audiovisual e se ela poderá contribuir para o desenvolvimento de abordagens éticas e sustentáveis no setor. Quem media a conversa é a pesquisadora Maria Byington.
Em seguida, às 14h30, “Inteligência artificial e o futuro da preservação audiovisual: questões técnicas e éticas” vai discutir em que medida a preservação audiovisual impulsionada pela IA pode enriquecer ou distorcer o processo da nossa compreensão histórica do legado audiovisual e como podemos lidar com a questão dos direitos autorais ao preservar e compartilhar conteúdos audiovisuais historicamente significativos. Estão na conversa Marco Alves Souza (secretário de Direitos Autorais e Intelectuais do Ministério da Cultura), Paulo Barcellos (CEO da produtora 02 Filmes), Renan Porto (executivo de Tecnologia e Inovação Tecnologia da TV Globo) e Yasmin Curzi (professora de Direito na FGV Rio, coordenadora do Programa Diversidade e Inclusão e pesquisadora do Centro de Tecnologia e Sociedade). A mediação é de Ines Aisengart Menezes ( WITNESS e Diretora Técnica da ABPA).
No dia 23, às 9h30, o encontro “O futuro da preservação audiovisual começa no presente” reúne diversos profissionais sobre como inovações tecnológicas têm impacto significativo na forma como é preservado o patrimônio audiovisual e de que maneira iniciativas colaborativas estão moldando o futuro do setor. Participam Daniela Fernandes (diretora de Preservação e Difusão da Secretaria Nacional de Audiovisual), Eliane Parreiras (secretária Municipal de Cultura de Belo Horizonte e presidente do Fórum Nacional de Secretários e Gestores de Cultura das Capitais e Municípios Associados), Eloá Chouzal (pesquisadora e membro do Conselho Consultivo da PAVIC – Associação Brasileira de Pesquisadores de Audiovisual, Iconografia e Conteúdo), Fabrício Noronha (secretário de Estado de Cultura do Espírito Santo e presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura), Heitor Augusto (cofundador do Instituto Nicho 54), Minom Pinho (associada do +Mulheres, APACI – Associação Paulista de Cineastas e Fórum dos Festivais). A mediação é da professora e pesquisadora Laura Bezerra.
No mesmo dia 23, às 15h30, a mesa “Preservação audiovisual e a regulamentação do VOD” traz à pauta outro assunto que tem mobilizado o setor por conta da proliferação de plataformas digitais de exibição. Regulamentar o “video-on-demand” pode desempenhar um papel importante na preservação audiovisual, garantindo que o acesso a conteúdos digitais seja inclusivo, diversificado e sustentável a longo prazo. Participam da conversa Daniel Jaber (diretor da Cardume e representante do Fórum dos Streamings Independentes), Paulo Alcoforado (diretor da Ancine), Tatiana Carvalho Costa (professora, pesquisadora e presidenta da Associação de Profissionais Negros – APAN) e Vitor Graize (produtor e pesquisador, membro da Associação Brasileira de Preservação Audiovisual – ABPA). A mediação é da pesquisadora e vice-presidenta da ABPA, Lila Foster.
Vários estudos de caso serão ainda apresentados no Encontro de Arquivos, em encontros duplos. O primeiro, no dia 24, às 10h, tem o “case” de restauro do trabalho do produtor Mario Civelli (1923-1993). Ao longo das últimas duas décadas a Memória Civelli vem trabalhando pela preservação dos trabalhos produzidos, dirigidos e criados por Civelli. A apresentação vai destacar os desafios e protocolos técnicos e éticos que vem sendo desenhados e refletidos na restauração especialmente dos longas-metragens “Uma Vida para Dois” (1953) e “O Craque” (1953). Participam Aarão Marins (diretor técnico na Mapa Filmes do Brasil), Mauro Domingues (preservador e restaurador audiovisual) e Patrícia Civelli (diretora da Memória Civelli Produções Culturais).
Na mesma ocasião, os participantes do seminário vão conhecer o trabalho do Projeto Fragmentos, desenvolvido pela Rede Globo no intuito de trazer à tona materiais há muito perdidos de programas dos quais sobraram poucos conteúdos. Entre os dramaturgos recuperados estão escritores como Janete Clair, Bráulio Pedroso, Lauro César Muniz e Mário Prata. Adelina Veras da Costa, coordenadora de mídias digitais da Globo, vai falar a respeito.
Às 15h45 do dia 24, a segunda mesa de “cases” apresenta projetos de preservação e acervo da Cinemateca Brasileira, com a presença de Igor Pontes e Luisa Malzoni, técnicos da entidade; e em seguida os participantes vão ouvir sobre o projeto Minas é Cinema, com a convidada Alessandra Brum, pesquisadora que vai falar a respeito da iniciativa de mapeamento da atividade cinematográfica em Minas Gerais, no que diz respeito à produção, exibição, distribuição de filmes, recepção, produção crítica e publicações sobre cinema, com levantamento de informações e sistematização em banco de dados.
Entre as presenças internacionais, os participantes podem participar, no dia 22, às 16h45, da masterclass da chilena Macarena Bello, coordenadora de Mediação e Audiências da Cineteca Nacional de Chile, que apresentará um panorama dos trabalhos realizados pela instituição, com destaque para as ações de preservação digital.