28a MCT: Celebração a Bruna Linzmeyer e assinatura de acordo para Cinema sem Fronteiras marcam abertura do evento
Com o Cine Tenda lotado, a 28a Mostra de Cinema de Tiradentes realizou sua cerimônia de abertura na noite de sexta-feira, 24 de janeiro. Entre apresentações artísticas exaltando os povos originários brasileiros e a defesa do meio ambiente por meio da importância da Serra de São José, que circunda a região da cidade histórica mineira, a coordenadora geral do evento, Raquel Hallak, destacou o papel transformador do cinema brasileiro.
“Nossa produção é rica, plural e audaciosa e conduz nossa imaginação até onde pode nos transformar”, afirmou. A Serra de São José, elemento simbólico da cidade, foi lembrada por sua importância cultural e ambiental, que precisa ser preservada contra a exploração que ameaça seu patrimônio.
Raquel reforçou o protagonismo da Mostra de Tiradentes como espaço de encontros e fomento ao cinema contemporâneo. “Aqui é ponto de convergência entre sonhos e realidade, um retrato do cinema como imagem do nosso país”. Ela celebrou a Mostra como incubadora de talentos que renova o cenário audiovisual nacional com iniciativas voltadas à formação, exibição e difusão.
Dois atos simbólicos marcaram a abertura oficial da Mostra. O primeiro foi a assinatura de um termo de cooperação para a realização do programa Cinema sem Fronteiras, firmada pelo procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Dr. Jarbas Soares Júnior, representado no evento pelo Dr. Hugo Barros de Moura Lima, e a presença de diversas autoridades, como o prefeito em exercício de Belo Horizonte, Álvaro Damião, o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, o prefeito de Tiradentes, José Antônio do Nascimento, e a secretária municipal de Cultura de Belo Horizonte, Eliane Parreiras.
A secretária do Audiovisual Joelma Gonzaga também esteve presente e abriu oficialmente o calendário audiovisual brasileiro, celebrando as conquistas do setor. Em seu discurso, destacou as indicações ao Oscar de “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, e reforçou a visibilidade e relevância internacional que o filme vem firmando para o país diante do mundo.
Tanto Joelma quanto Raquel Hallak reivindicaram a urgência de regulamentar as plataformas de streaming, uma das bandeiras do setor para 2025, com o propósito de garantir práticas justas e sustentáveis para fortalecer o ecossistema audiovisual.
A atriz Bruna Linzmeyer, homenageada desta edição, emocionou o público ao receber o Troféu Barroco das mãos de seus pais. Ela agradeceu a eles, a amigos, amores e a todas as pessoas que acreditaram em suas escolhas.
“Eu nunca sonhei ser atriz, tendo nascido numa pequena cidade do interior de Santa Catarina, mas ter vindo de lá formou meu jeito de sonhar e de estar com as pessoas”, disse, comovida.
Bruna exaltou o ofício de ser atriz como um trabalho profundamente conectado às emoções e ao movimento. “Ser atriz é manter um olhar pro mundo e me deixar ser atravessada pelas histórias que outras pessoas me apresentam. E então, com o trabalho de uma equipe inteira, me tornar alguém que não sou eu, mas que é meu corpo, meus ossos, minha memória”, refletiu.
A atriz também destacou o poder transformador do cinema e do trabalho coletivo por trás das câmeras, reforçando a importância de espaços como a Mostra de Tiradentes. “É um privilégio viver o cinema dessa maneira, com tanto afeto, escuta e troca. Esse ofício me ensina todos os dias sobre mim mesma e sobre o mundo”.
COM TEMÁTICA “QUE CINEMA É ESSE?”, 28a MOSTRA DE TIRADENTES ABRE CALENDÁRIO AUDIOVISUAL DE 2025 COM 140 FILMES E MUITAS ATIVIDADES FORMATIVAS
A 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes abre o calendário audiovisual de 2025, entre os dias 24 de janeiro e 1º de fevereiro na cidade histórica mineira apresentando ao público a diversidade da produção cinematográfica brasileira em 140 filmes de todas as regiões do Brasil – 43 longas, 1 média e 96 curtas-metragens vindos de 21 estados – São Paulo (35), Rio de Janeiro (32), Minas Gerais (24), Ceará (10), Pernambuco (7), Rio Grande do Sul (7), Espírito Santo (6), Distrito Federal (5), Rio Grande do Norte (5), Alagoas (4), Paraná (4), Bahia (3), Santa Catarina (2), Acre (2), Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1), Mato Grosso (1), Amazonas (1), Paraíba (1), Pará (1), Sergipe (1), divididos em 62 sessões que acontecem em três espaços de cinema instalados na cidade: Cine-Praça, Cine-Tenda e Cine-Teatro.
“A Mostra Tiradentes transforma a cidade histórica mineira na capital do cinema brasileiro, reafirma seu papel como plataforma de lançamento do cinema brasileiro contemporâneo e ponto de encontro de cineastas, críticos, pesquisadores, profissionais do audiovisual e da cultura, acadêmicos, estudantes e espectadores. Ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil e oferece um ambiente de negócios, de gestação de parcerias profissionais, de inovação e tendências, de interação crítica no cinema. Um espaço de estímulo à novas produções e, ainda de internacionalização do cinema brasileiro”, destaca Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora geral da Mostra Tiradentes.
TEMÁTICA | QUE CINEMA É ESSE?
Tiradentes se tornou referência por programar um cinema que aposta no processo criativo, na liberdade de expressão e na imaginação de novos mundos. O desafio da temática “Que cinema é esse?” é o de indagar o ponto em que essa produção está agora. “É preciso que o cinema brasileiro se arrisque a fazer perguntas novas, se arrisque a sair do já conhecido, seja na criação dos filmes, na elaboração das políticas públicas e estruturais do setor, na eleição de nossas prioridades, na nossa própria linguagem no debate público e no forjamento das novas ideias”, destaca Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial.
Para Francis, a pergunta da temática estimula olhar uma multiplicidade de produções, muitas vezes desconhecidas ou fora do circuito tradicional. “O cinema não é ‘o’ cinema, mas ‘os’ cinemas, compostos por uma dinâmica povoada de olhares, práticas e ideias contrastantes. É necessário preservar e restaurar filmes, fazer pesquisa e crítica, programar obras e formar novos públicos. Tudo isso faz parte do ato de ‘fazer cinema’, mas é preciso também reconhecer as distinções e hierarquias dentro dessa multiplicidade”, diz ele.
Além de se espalhar por vários filmes da programação, a temática estará presente em dois títulos específicos: os longas-metragens “Relâmpagos de Críticas, Murmúrios de Metafísicas”, de Julio Bressane e Rodrigo Lima, e “Odradek”, de Guilherme de Almeida Prado.