Bienal 2018: De onde brotam histórias que rendem roteiros para produções bem-sucedidas
A 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, realizada entre 3 e 12 de agosto recebeu mais de 660 mil pessoas e gerou ticket médio de gasto por pessoa de R$161,57, 33% maior que em 2016. Foram mais de 1500 horas de programação oficial, em 14 espaços culturais, com mais de 300 autores nacionais e internacionais, além de uma extensa relação de atividades dos expositores. Passaram pelo evento também 100 mil alunos e 15 mil escolas agendadas.
Com o conceito “Venha fazer esse download de conhecimento”, o evento destacou o livro como principal fonte do conhecimento em meio ao turbilhão de estímulos e canais de acesso a conteúdos que a tecnologia hoje proporciona, enfatizando a importância do diálogo e da abertura de perspectivas
Esses números reforçam que o consumo por literatura continua forte e é dele que surgem roteiros para produções bem-sucedidas em diversas plataformas. São dos livros que muitos cineastas tiram inspiração, assim como produtores de games, séries e outros. O inverso também ocorre, vários conteúdos audiovisuais geram a produção de livros, seja reunindo os detalhes da produção, o roteiro, ou as curiosidades. É um ciclo que alimenta diversas pontas e traz sempre bons resultados.
Destaques na TV
A novela global que está no ar, Orgulho e Paixão (2018), tem inspiração em várias obras: os romances Razão e Sensibilidade, Orgulho e Preconceito, Mansfield Park, Emma, A Abadia de Northanger e Lady Susan.
A minissérie Dois Irmãos (2017), com roteiro de Maria Camargo e direção de Luiz Fernando Carvalho foi baseada no romance homônimo de Milton Hatoum.
O romance Gabriela, de Jorge Amado, rendeu duas telenovelas, uma protagonizada por Sony Braga em 1975 que marcou pelo tom sensual e outra em 2012 com Juliana Paes, escrita por Walcyr Carrasco.
A Casa das Sete Mulheres (2003) foi inspirada livremente no romance homônimo da escritora gaúcha Letícia Wierzchowski.
O romance Os Maias, do escritor português Eça de Queirós, rendeu uma minissérie brasileira exibida em 2001 com Ana Paula Arósio e Fábio Assunção.
Franquias no Cinema
Várias são as franquias cinematográficas bem-sucedidas baseadas em livros.
Os sete romances de fantasia escritos pela britânica J. K. Rowling sobre o bruxinho Harry Potter renderam oito filmes que renderam mundialmente mais de US$ 7,7 bilhões. Recentemente, a franquia continua com o spin off Animais Fantásticos e Onde Habitam, que já tem outros quatro filmes previstos.
A trilogia O Senhor dos Anéis de outro escritor britânico J. R. R. Tolkien rendeu três filmes que somaram bilheteria mundial de US$ 2,9 bilhões. O Hobbit, do mesmo escritor, também originou outra trilogia para os cinemas com rendas na mesma ordem de US$ 2,9 bilhões.
A saga de romance entre vampiros, Crepúsculo, com quatro livros lançados gerou cinco longas nos cinemas, responsáveis por bilheteria global de US$ 3,3 bilhões.
Dentre outros sucessos, podemos citar ainda: As crônicas de Nárnia, 50 Tons e Jogos Vorazes.
Séries internacionais
Muitos são os fãs das séries internacionais que ganham cada vez mais espaço no streaming, especialmente na Netflix. E claro, várias são baseadas em obras literárias.
O drama político protagonizado por Kevin Spacey, House Of Cards, é uma adaptação do romance homônimo escrito por Michael Dobbs. Foi a primeira série transmitida pela plataforma em formato 4k.
A série Orange is the New Black é baseada nas memórias de Piper Kerman em que relata suas experiencias em uma prisão de segurança máxima no livro Orange Is the New Black: My Year in a Women’s Prison (2010).
Outro conteúdo de grande sucesso é Game Of Thrones, da HBO, baseado na série de livros A Song of Ice and Fire, de George R. R. Martin.
Dentre outros podemos citar também Narcos, Dexter e 13 Reasons Why.
Dos games para os livros… e vice-versa
Os gamers de plantão já sabem que muitas franquias bem-sucedidas de jogos eletrônicos têm um universo narrativo tão rico que ganharam livros e filmes. Mas, dando foco à literatura, podemos achar nas livrarias obras sobre os universos de games como Assassin’s Creed (quase 10 livros), Battlefield, Bioshock, Diablo, God of War, Halo, Minecraft, Uncharted, World of Warcraft e a lista continua.
Com esses lançamentos, as franquias crescem em milhões de dólares e conquistam ainda mais os fãs. São exemplos claros de sucesso nos negócios no mercado dos games (e editorial).
Mas essa interação entre esses setores não se limita às obras inspiradas em videogames, afinal, muitos jogos são influenciados ou diretamente inspirados em livros. Isso é visto em títulos como O Inferno de Dante, baseado na obra Divina Comédia de Dante Alighieri; ou mesmo The Witcher, que hoje tem livros da mesma franquia dos games, mas foi inspirado em uma série de contos curtos de Andrzej Sapkowski.
Há ainda outros exemplos como a série de livros O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien que deu origem a uma série bem-sucedida nos cinemas, como já apontado, mas também serviu de inspiração para games homônimos e até para o título Middle-Earth: Shadows of Mordor, que é bem avaliado pela crítica. Isso sem contar os outros games inspirados em franquias de filmes vindas de livros como Harry Potter, que hoje segue com jogo mobile que tem conquistado os fãs.