Braço mercadológico de Gramado propõe internacionalizar a produção audiovisual

46º Festival de Gramado, realizado entre 17 e 25 de agosto último, consagrou Ferrugem, de Aly Muritiba, eleito pelos jurados como o Melhor Filme de longa-metragem brasileiro desta edição. A produção paranaense levou ainda os Kikitos de Melhor Roteiro (Jessica Candal e Aly Muritiba) e Melhor Desenho de Som (Alexandre Rogoski). (Confira a lista completa dos ganhadores abaixo).

Mas, além da premiação, já muito esperada pelo mercado, o Festival de Gramado conta com uma programação diferenciada para o mercado, o Film Market – Conexões, um espaço de aproximação de talentos em um ambiente de questionamento e novas possibilidades, focado na discussão e na reflexão de pontos cruciais da atividade audiovisual, no gargalo de escoamento e nas parcerias nacionais e internacionais.

Painéis temáticos, encontros de negócios e workshops, com participação através de inscrições prévias, integraram a programação, realizada em dois dias: 21 e 22 de agosto.

Esse braço mercadológico do Festival de Cinema de Gramado propôs alternativas para internacionalizar a produção audiovisual brasileira. As estratégias para comercialização de filmes ao redor do mundo e as janelas existentes em festivais – que podem catapultar uma obra – foram os principais temas debatidos em painéis e workshops. Aliás, uma tendência também capturada em eventos recentes do mercado, como a MAX e a Mostra CineBH.

Foram sete encontros com convidados como a consultora de estratégias e financiamento de filmes da Alemanha, Marika Kozlovska, a agente internacional de vendas mexicana Sofía Moreno ou a coordenadora de aquisições da empresa francesa Loco Filmes, Florencia Gil. As executivas passaram dicas de como se posicionar no disputado mercado internacional.

Os debates contaram também com depoimentos de quem vive na prática esse desafio, caso de Rodrigo Teixeira, que integra o júri de longas-metragens brasileiros neste 46º Festival de Cinema de Gramado e já emplacou filmes nacionais em eventos de primeira linha, como o Festival de Berlim, para onde levou O Abismo Prateado, de Karim Ainouz (2011) ou Heleno, de José Henrique Fonseca, exibido em Toronto.

“Estudar a produção de outros países e fazer autorreflexão são fundamentais. Não adianta só ter um bom assunto se o filme for ruim. Em Cannes, o Brasil disputa duas ou três vagas com todos os países latino-americanos. É de fato uma dificuldade”, avalia.

Os debates atraíram desde estudantes de audiovisual até gente experimentada na indústria como o ator Marcos Frota, que apresentou em Gramado seu mais recente longa, O Grande Circo Místico, dirigido por Cacá Diegues. “O festival ganha uma dimensão incrível com essas conexões, esses diálogos. Acho muito bem-vinda a inciativa”, elogiou o ator, que vem também trabalhando na produção de audiovisual, como a cinebiografia Irmã Dulce, com o qual Frota viajou pelo mundo.

A coordenadora da programação do GFM, Gisele Hiltl, destaca também a participação do diretor-presidente da Ancine, Christian de Castro. Ele abriu a programação abordando oportunidades da produção VOD (video on demand) para o Brasil, que trabalha em um projeto de lei que assegure que parte dos lucros de grades empresas do segmento em operação no país seja destinado ao fomento do audiovisual nacional. Mas Castro aproveitou também a presença massiva da imprensa no Festival de Cinema de Gramado para conceder uma coletiva, explicando os novos critérios de seleção de projetos dos novos editais da agência. “E teremos ainda uma capacitação para quem quer disputar recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, que é hoje a principal linha de crédito para o cinema brasileiro”, destaca Hiltl.

Como vender conteúdo nacional

GFM contou com o painel “Exportação de conteúdos brasileiros”, que teve como destaque a participação da executiva da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (APEX-Brasil), Deborah Rossoni.

Painéis focados em tecnologia abordaram as características das salas de cinema do futuro – algumas já em operação, com poltronas que provocam sensações no espectador – e ferramentas de inteligência artificial ou rastreamento que auxiliam na monetização de conteúdo.

“Para essa edição, dobramos o orçamento do Gramado Film Market pois percebemos a grande importância para os produtores. Esperamos que ele cresça cada vez mais, engrandecendo o nosso festival”, projeta o gerente de projetos da Gramadotur, Diego Scariot.

 

Vencedores do 46º Festival de Cinema de Gramado

Curta-metragem brasileiro
Melhor Desenho de Som: Fábio Carneiro Leão, por Aquarela
Melhor Trilha Musical: Manoel do Norte, por A Retirada Para Um Coração Bruto
Melhor Direção de Arte: Pedro Franz e Rafael Coutinho, por Torre
Melhor Montagem: Thiago Kistenmacker, por Aquarela
Melhor Fotografia: Beto Martins, por Nova Iorque
Melhor Roteiro: Marco Antônio Pereira, por A Retirada Para Um Coração Bruto
Melhor Ator: Manoel do Norte, por A Retirada Para Um Coração Bruto
Melhor Atriz: Maria Tugira Cardoso, por Catadora de Gente
Prêmio Especial do Júri: Estamos todos aqui, de Chico Santos e Rafael Mellim
Prêmio Canal Brasil de Curtas: Nova Iorque, de Leo Tabosa
Melhor Filme do Júri Popular: Torre, de Nádia Mangolini
Melhor Filme do Júri da Crítica: Torre, de Nádia Mangolini
Melhor Direção: Fábio Rodrigo, por Kairo
Melhor Filme: Guaxuma, de Nara Normande

Longas estrangeiros
Melhor Fotografia: Nelson Waisntein, por Averno
Melhor Roteiro: Marcelo Martinessi, por Las Herederas
Melhor Ator: Nestor Guzzini, por Mi Mundial
Melhor Atriz: Ana Brum, Margarita Irun e Ana Ivanova, por Las Herederas
Prêmio Especial do Júri: Averno, de Marcos Loayza
Melhor Filme do Júri Popular: Las Herederas, de Marcelo Martinessi
Melhor Filme do Júri da Crítica: Las Herederas, de Marcelo Martinessi
Melhor Direção: Marcelo Martinessi, por Las Herederas
Melhor Filme: Las Herederas, de Marcelo Martinessi

Longas brasileiros
Melhor Desenho de Som: Alexandre Rogoski, por Ferrugem
Melhor Trilha Musical: Max De Castro e Wilson Simoninha, Por Simonal
Melhor Direção de Arte: Yurika Yamazaki, por Simonal
Melhor Montagem: Gustavo Giani, por A Voz Do Silêncio
Melhor Ator Coadjuvante: Ricardo Gelli, por 10 Segundos Para Vencer
Melhor Atriz Coadjuvante: Adriana Esteves, por Benzinho
Melhor Fotografia: Pablo Baião, por Simonal
Melhor Roteiro: Jessica Candal e Aly Muritiba, Por Ferrugem
Melhor Ator: Osmar Prado, por 10 Segundos Para Vencer
Melhor Atriz: Karine Telles, por  Benzinho
Menção Honrosa: A Cidade Dos Piratas, de Otto Guerra
Melhor filme do Júri Popular: Benzinho, de Gustavo Pizzi
Melhor filme do Júri da Crítica: Benzinho, de Gustavo Pizzi
Melhor Direção: André Ristum, por A Voz Do Silêncio
Melhor Filme: Ferrugem, de Aly Muritiba

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