Diretora da Academia Internacional de Cinema e TV comenta história da escola e tendências do setor

O mercado audiovisual é uma indústria que demanda cada vez mais qualificação e formação por parte dos profissionais. Por isso, as entidades, escolas e universidades devem ser parceiras-chave do setor em busca da constante atualização e competitividade.

Como parte desse cenário, está a Academia Internacional de Cinema e Televisão – AICTV, que conta com quase 20 anos de atividades. Em entrevista ao Prodview, Gláucia Pelliccione, diretora da escola, contou sobre a trajetória e a missão da entidade, além de comentar as tendências e demandas do audiovisual. “Nunca tivemos patrocínio público ou privado ao longo desses quase 20 anos de existência e atividades”, afirmou.

Leia a entrevista na íntegra:

– Como surgiu a ideia de criar a AICTV? Qual foi a trajetória da escola nesses quase 20 anos?

O diretor de Fotografia Jorge Monclar, graduado pelo Institute des Hautes Études Cinematographique (Paris), trabalhou mais de 30 anos em cinema no Brasil e no exterior, sendo também ex-presidente do STIC – Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica. Ele e eu (Gláucia), que trabalho como continuísta há cerca de 20 anos, tendo atuado em mais de 30 longas-metragens, percebemos a carência de técnicos especializados e com boa formação, a ausência de escolas técnicas especializadas para formarem profissionais para trabalharem no audiovisual brasileiro.

Gláucia Pelliccione, diretora da AICTV

Reunimos profissionais competentes especializados e criamos a AICTV – Academia Internacional de Cinema e Televisão para preencher essa lacuna com cursos técnicos especializados de curta duração de alto conteúdo e muita prática de set, o que as Escolas de Cinema e universidades não preenchiam. Ministrando cursos genéricos, acadêmicos e extremamente teóricos, uma formação distante da realidade do mercado profissional.

AICTV se tornou ao longo dos anos um centro de formação e reciclagem técnica para o cinema e a televisão, atendendo às necessidades das empresas produtoras de cinema e das emissoras de televisão. Desenvolveu uma metodologia prático-teórica a partir do set de filmagens, realizando ao longo desses quase 20 anos 74 filmes de ficção, adaptados de contos da literatura brasileira com atores profissionais renomados, exibidos no Canal Brasil.

A Academia se tornou também uma referência nacional e internacional. Passamos a receber alunos dos outros Estados brasileiros e de toda a América Latina, Portugal e Angola. Paralelamente publicamos obras técnicas como “Diretor de Fotografia”, “Roteiro Passo a Passo” e “Linguagem Cinematográfica”, além de promovermos eventos técnicos artísticos e organizarmos mostras cinematográficas em nosso cineclube gratuito.

Devido à procura intensa de alunos das mais distantes localidades, em 2016 formulamos pioneiramente os cursos a distância (Roteiro e Direção de Fotografia). Em junho de 2019 completaremos 20 anos de atividades com mais de 8.000 alunos formados.

Desses, cerca de 250 alunos se formaram em 2017 e 120 em 2018 até agosto, distribuídos em várias especialidades de edição (After Effects, Adobe e Animação), imagem (Direção de Fotografia Básica e Avançada, Operação de Câmera), roteiro (Básico e Avançado), continuidade, produção, figurino, entre outros.

– Como a AICTV contribui para a descentralização da produção audiovisual local brasileira?

Disponibilizamos bastante conteúdo gratuito de alta relevância em nosso blog e redes sociais semanalmente (Facebook, Instagram, YouTube). São Dicas de Direção de Fotografia, Roteiro, Linguagem, Direção Cinematográfica e Actors Studio.

Mantemos o Cineclube Academia gratuito com Mostras de Cinema Gratuitas seguidas de análises e discussão para formação de plateia. Periodicamente realizamos Workshops técnicos gratuitos e realizamos parcerias com alunos no start de suas primeiras produções e cursos em festivais, entidades culturais e entidades público-privadas.

– Como a AICTV enxerga seu papel na formação de profissionais para o mercado? Quais os principais desafios da sua atuação?

Nosso papel é fornecer uma formação totalmente adequada ao que o mercado audiovisual necessita. Reproduzimos para o aluno uma realidade de set e produção para que tenha o entendimento global do processo.

No momento estamos em uma encruzilhada tecnológica com a chegada da TV móvel/internet. Teremos de formar técnicos para transmissão instantânea e a pré-gravada via celular, a TV por assinatura, as TVs de circuito fechado e as TVs abertas convencionais, para o mercado milionário dos games e as TVs tutoriais das grandes empresas. Necessitaremos de investimento público e talvez associação a grupos internacionais de educação técnica a distância para isso.

– Quais são as principais tendências e desafios do setor audiovisual brasileiro, na sua opinião?

Uma massiva entrada em nosso mercado de filmes/vídeos de ficção de produtoras multinacionais (Fox, Netflix etc.), criação de braços produtivos das TVs abertas (Globo Play etc.), desenvolvimento de emissoras de TV aberta e por assinatura dedicada às notícias e aumento do mercado de TVs shopping.

As TVs abertas sofrem hoje forte concorrência na área do entretenimento, provocando uma transformação na sua grade de programação (produção de séries com temporadas de 5, 10, 13 e 26 episódios). Assim, terão de encurtar a duração das teledramaturgias para 50 capítulos e criar programas interativos, exigindo uma maior qualificação da mão de obra técnica e artística para essas emissoras.

As salas de cinema deverão se digitalizar, criando imensas cadeias internacionais de cinema ou se extinguirão se houver um barateamento dos preços das telas digitais domésticas de grandes dimensões e uma geração de imagens em 10K.

Conheça mais sobre os cursos da AICTV em seu site oficial.

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