Representatividade feminina, educação e criatividade entre os principais temas do RioMarket, braço de negócios do Festival do Rio

Por Janaina Pereira, do Rio de Janeiro

A 20ª edição do Festival do Rio, que terminou neste domingo (11), contou mais uma vez com o RioMarket, área dedicada ao mercado audiovisual. O evento, conhecido por proporcionar oportunidades de negócios e capacitação para o mercado, também promoveu palestras, seminários e workshops. Um dos principais temas discutidos nesta edição foi a representatividade da mulher no setor audiovisual, com debates sobre igualdade de gênero e sobre a linguagem feminina por trás das câmeras.

Segundo Ilda Santiago, diretora executiva do Festival do Rio, debater a representatividade feminina é reconhecer também a diversidade. “Estamos falando de um negócio que rende e traz riquezas para o país e é especialmente importante ter um olhar diferente, como o feminino. E não estamos falando apenas disso, mas também dos olhares da diversidade”, disse.

Números que revelam a desigualdade de gênero no setor no Brasil foram apresentados por Debora Ivanov, diretora da Agência Nacional do Cinema (Ancine). “De 2009 a 2017, a participação feminina na direção de filmes nunca ultrapassou 25% do que é lançado nas salas de cinema”, disse.

O debate também apresentou iniciativas brasileiras para alavancar a representatividade feminina no cinema, como o Selo Elas, da produtora Elo Audiovisual. “O Selo Elas surgiu de uma inquietação por causa de uma pesquisa da Ancine de 2017. O selo busca trazer consultorias de mercado, mentores para realização de filmes e capacitação das diretoras”, explicou Gabriela Souza, da produtora Elo Audiovisual.

Já as cineastas Dominga Sottomayor, Gabriela Amaral, Alice Gomes, Vanessa Barone e Susanna Lira conversaram sobre suas experiências atrás das câmeras. “A mulher pode fazer tudo, terror, ficção e todos os tipos de orçamento”, contou a diretora e roteirista Alice Gomes.

 

Educação e Criatividade são temas de palestras

O uso do Audiovisual como Ferramenta para a Educação também foi tema de uma palestra do RioMarket. Para André Scucato, analista Setorial da Firjan, a nova educação possibilita a utilização do audiovisual, cada vez mais, como um instrumento para o aprendizado. “A imagem sempre foi aliada da educação, e essa nova pedagogia precisa ter um pensamento audiovisual, com mais afeto, interatividade e unindo experiências”.

Outra palestra bastante concorrida foi sobre Processo Criativo no Cinema, com a participação do cineasta francês Olivier Assayas, de Vidas Duplas, indicado ao Leão de Ouro na 75ª edição do Festival de Veneza, e do produtor Rodrigo Teixeira, de Me Chame Pelo Seu Nome, indicado ao Oscar de Melhor Filme deste ano.

Teixeira, que está à frente da RT Features e se consolidou como o produtor brasileiro mais reconhecido no mercado internacional, vai produzir o próximo filme de Assayas, baseado no livro de Fernando Morais, Os Últimos Soldados da Guerra Fria. Ele falou sobre as dificuldades na produção de um filme. “É preciso ser criativo para encontrar soluções, de modo a educar o público no Brasil. Criatividade não é o problema, brasileiro é criativo. Acho que é muito mais enxergar a realidade”, analisou.

Além de participar do RioMarket,  o diretor francês OIivier Assayas apresentou Vidas Duplas durante o Festival do Rio. O longa foi um dos mais assistidos desta 20ª edição do Festival, também marcada pelo lançamento de filmes como El Último País, de Gretel Marín, coprodução entre Brasil, Angola e Cuba, e O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues, que encerrou o evento.

Outro momento marcante foi o debate sobre VOD com João Worcman (Synapse Films), Leonardo Edde (SICAV – Sindicato da Indústria Audiovisual) e Magno Maranhão (ANCINE – Agência Nacional do Cinema). O presidente da Ancine, Christian de Castro, encerrou a programação da sexta-feira, 9, com uma ampla exposição sobre as realizações da agência no último ano. Antes, o publicitário Fabio Seidl fez uma palestra sobre criatividade, para plateia lotada.

 

A premiação

“Resistência”. Essa foi a palavra de ordem – repetida em diversos discursos – na noite de premiação do Festival do Rio 2018. A cerimônia no CCLSR – Cine Odeon NET Claro, apresentada com bom humor pelos atores Dira Paes e Du Moscovis, foi aberta por falas emocionadas das diretoras do Festival. “Foram dez dias de encontros, reflexão e a certeza de que, além de um setor produtivo, representamos um país”, afirmou Ilda Santiago.  A seu lado, Valquíria Barbosa lembrou do RioMarket, a frente de negócios do Festival do Rio. “Promovemos uma grande reflexão sobre nossa indústria, temos pela frente um desafio muito maior, o da revolução digital, e sou otimista”, disse Valquíria.

 

VENCEDORES DA PREMIÈRE BRASIL, PRÊMIO FÉLIX e MOSTRA GERAÇÃO  

Première Brasil

Júri presidido por Lúcia Murat (diretora e roteirista)e composto por Joel Zito Araújo (diretor), Hebe Tabachnik(curadora e programadora de festivais), Koby Gal-Raday (produtor), Thomas Ordonneau (produtor):

MELHOR LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO –  Tinta Bruta, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher
MELHOR LONGA-METRAGEM DE DOCUMENTÁRIO –  Torre das Donzelas, de Susanna Lira
MELHOR CURTA-METRAGEM – O Órfão, de Carolina Markowicz Menção Honrosa curta-metragem – Universo Preto Paralelo, de Rubens Passaro
MELHOR DIREÇÃO DE FICÇÃO – João Salaviza e Renée Nader Messora, por Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos
MELHOR DIREÇÃO DE DOC – Susanna Lira, por Torre das Donzelas
Menção Honrosa Direção de Documentário – Daniel Gonçalves, por Meu Nome é Daniel
MELHOR ATRIZ – Itala Nandi, por Domingo
MELHOR ATOR – Shico Menegat, por Tinta Bruta, e Valmir do Côco, por Azougue NazaréMELHOR ATRIZ COADJUVANTE – Eliane Giardini, por Deslembro
MELHOR ATOR COADJUVANTE – Bruno Fernandes, por Tinta Bruta
MELHOR FOTOGRAFIA – Renée Nader Messora, por Chuva é Cantoria na Terra dos Mortos
MELHOR MONTAGEM –  André Sampaio, por Azougue Nazaré
MELHOR ROTEIRO –  Filipe Matzembacher, Marcio Reolon por Tinta Bruta
PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI – Azougue Nazaré, de Tiago Melo

NOVOS RUMOS – Júri composto por Tatiana Leite, produtora, Babu Santana, ator e João Luiz Vieira, professor doutor.
MELHOR FILME –  Ilha, de Ary Rosa e Glenda Nicácio
MELHOR CURTA –  Lembra, de Leonardo Martinelli

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI –  Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diogenes
Menção Honrosa – Mormaço, de Marina Meliande
Menção Honrosa – Eduarda Fernandes pela atuação (Luna, de Cris Azzi)
Menção Honrosa – Alexandre Amador pela atuação (Vigia, de João Victor Borges)
Menção Honrosa – Verónica Valenttino pela atuação (Jéssika, de Galba Gogóia)

VOTO POPULAR:MELHOR LONGA FICÇÃO: Deslembro, de Flavia Castro
MELHOR LONGA DOCUMENTÁRIO:  Torre das Donzelas, de Susanna Lira
MELHOR CURTA:  Você não me conhece, de Rodrigo Séllos

PRÊMIO DA CRÍTICA  FIPRESCI
Júri composto por   Eduardo Valente , Luciana Costa Almeida, Olivier Pelissone Tatiana Trindade
– Deslembro, de Flavia Castro

PRÊMIO FELIX
Juri composto por Adriana L. Dutra, documentarista, Claudia Saldanha, mestre em artes visuais e diretora do Paço Imperial, Felipe Sholl, diretor e roteirista e Vicente de Mello, fotógrafo e curador.
Melhor Longa Ficção:  Sócrates, de Alex MorattoMelhor Longa Doc:  Obscuro Barroco, de Evangelia KraniotiPrêmio Especial do Júri: Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diogenes
Prêmio Mostra Geração:  Shade – Entre bruxas e heróis, de Rasko Miljkovic

 

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