Panorama Experience: desafios das OTTs, futuro da TV e tecnologias em SP
*Por: Natalí Alencar e Vanessa Vieira
Na última terça-feira (4/12), o Novotel Center Norte recebeu um evento dedicado ao conteúdo etecnologia televisivos: o PanoramaExperience, realizado pelo PanoramaAudiovisual.
O encontro reuniu especialistas, empresários e representantes de entidades relevantes em São Paulo (SP), pronto para participar de apresentações de tecnologias como HDR e Dolby Vision. Es
tiveram presentes marcas como Vitec Group, Blackmagic, Ross Video, Grupo Bandeirantes, entre outras.
Porém, nem só de tecnologia e workshop vive o mercado audiovisual. Logo, o evento garantiu que importantes debates tivessem espaço no encontro com temas como o futuro da TV e seu paradigmas, os desafios da implantação de OTT (Over-The-Top) e as tendências de consumo audiovisual no Brasil.
Novos paradigmas e o futuro da TV
Com moderação do editor-chefe Panorama Audiovisual, Flávio Bonanome, o Panorama Experience contou com um debate sobre as experiências que a tecnologia de broadcast tem realizado e também a busca por mais eficiência e potencial de monetização para as emissoras.
Temas como produção remota, uso de mochlinks, automação, infraestrutura IP e até mesmo Inteligência Artificial estiveram em discussão. Participaram do debate: Eduardo Padilha (gerente de Transmissão do SBT), Gilvani Moletta (diretor de engenharia e operações da TV Cultura) e Amauri Filho (gerente de vendas regional da Ross).
“Os fabricantes têm que estar alinhados com o que as emissoras precisam com soluções que se adequem às necessidades e ofertar ferramentas adequadas para os produtores de conteúdo. A tecnologia tem que vir para suportar o mercado”, comentou Amauri.
Num momento de multiplataformas, a TV tem que se repensar. Os debatedores comentaram como a linguagem precisa ser diferenciada para cada plataforma, tendo em vista que o perfil do usuário na internet é completamente diferente daquele que consome conteúdo pela TV e que a telinha não deixará de existir, mas passará por transformações consideráveis para se manter.
“O caminho para as novas plataformas é algo irreversível. Já vemos outras emissoras migrando alguns conteúdos, porém o SBT ainda não encontrou seu caminho. Infelizmente, o streaming não monetiza. Porém já publicamos nosso conteúdo no YouTube e nas redes sociais”, exemplificou Eduardo Padilha, do SBT.
Ele deu alguns números bem expressivos sobre a presença da emissora na internet. São 46 milhões de assinantes no YouTube, 50 milhões no Facebook, 24 milhões no Instagram e 10 milhões no Twitter. São 118 canais ativos no YouTube, 26 perfis no Facebook e Instagram e 19 no Twitter.
No Caso da TV Cultura que hoje conta com um acervo gigantesco, porém com problemas referentes ao direito autoral desses materiais, a emissora acredita num “reenpacotamento” do conteúdo para o meio acadêmico, por exemplo, como alternativa.
“São mais de 15 mil horas de um material muito rico e estamos vendo como disponibilizar para pesquisa e estudo, não temos apelo econômico, mas sim acadêmico. A TV é só uma camada de transporte, acredito na junção dela com outras plataformas também, mas ela não vai acabar. A TV tem espaço sim”, disse Gilvani Moletta, da TV Cultura.
Desafios para OTTs
A distribuição de conteúdo televisivo por meio da internet (OTT) tem seus desafios técnicos próprios em um país como o Brasil, no qual a qualidade da entrega de banda larga muitas vezes não é suficiente para que o espectador consiga consumir adequadamente o conteúdo. O que pode agravar quando se tem em mente a extensão continental do País.
No entanto, essas são apenas algumas das dificuldades enfrentadas por empresas que se dedicam a essa tecnologia, seja parcial ou completamente. Maurício de Almeida, cofundador da startup de OTT WatchTV, lançada oficialmente em outubro deste ano, comentou que os desafios para quem trabalha exclusivamente com OTT vão da tecnologia até conseguir conteúdo, isso sem contar o desafio principal que, para ele, é ser empreendedor no Brasil.
Outras experiências em OTT foram apresentadas como a Tamanduá, uma plataforma-irmã do Canal Curta! que conta com parceria com a NET, por meio da qual seus assinantes não precisam pagar a mais para ter acesso à plataforma. Outros espectadores podem ter acesso por meio de assinatura.
Também participou do debate o executivo Alexandre Britto, presidente da Abotts – Associação Brasileira de OTT’s, para quem o mercado de OTT tem como dificuldades também a área regulatória, tributária e outras como a própria monetização, que não passa pela publicidade da mesma maneira como a TV tradicional em sua opinião. Britto declarou ainda que o setor de OTT traz grandes oportunidades especialmente para conteúdos de nicho. “O que antes custava milhões para distribuir conteúdo de nicho, agora está bem mais barato, desde conteúdo religioso até outros”.
O executivo também apontou outras áreas fora do entretenimento como possibilidades para empresas de OTT como o setor de educação, que não precisa se preocupar com conteúdos relacionados a Condecine ou Ecad, por exemplo.
E mais…
– “Ainda existe muita restrição tecnológica ao som 360. Aos poucos o áudio imersivo será absorvido por plataformas. O som 360 está vindo pelo Dolby Atmos, especialmente no meio doméstico”. Daniel Sasso, do Estúdio JLS e da Lab657.
– “Sempre tive uma postura para evitar ter deslumbramento com a tecnologia, que é perigoso. Agora com a nova tecnologia de imersão está rolando uma certa cautela por conta do fracasso do 3D no uso doméstico. Isso é bom porque mostra que não é uma tecnologia substitutiva”. Marcelo Trotta, diretor de fotografia e presidente da Associação Brasileira de Cinematografia.
– VAV Audiovisual:lançamento de nova funcionalidade da plataforma, com proposta de ser umaferramenta de match para o mercado audiovisual que promete aliar as demandas dosetor (obras finalizadas e/ou projetos em desenvolvimento) à procura e ofertade vagas. Conheça mais aqui.