PerifaCon quebra barreiras culturais e promove intercâmbio geek na periferia

Em 24 de março último foi realizado na Fábrica de Cultura do Capão Redondo, em São Paulo, a PerifaCon, primeiro evento de cultura pop, geek e quadrinhos, gratuito que teve como objetivo fomentar a cultura pop, nerd e geek das periferias de São Paulo. Mais de 4 mil pessoas participaram dessa primeira edição que teve mais de 7 horas de programação acontecendo simultaneamente nos 7 andares da Fábrica.

“Nossa expectativa de público era de aproximadamente 3 mil pessoas, tendo como base as inscrições feitas previamente. Às 14h, do dia 24 a fila na porta do evento já apresentava indícios de um sucesso além do esperado. O público ultrapassou a marca de 4 mil visitantes, levando a superlotação do prédio, o que infelizmente nos levou a encerrar e entrada de novos visitantes por uma questão de segurança”, comenta Luíze Tavares, produtora do evento.

Em números a 1ª edição teve mais 200 pedidos de artistas para participar do Beco dos Artistas, mais de 150 mídias de imprensa credenciadas, mais de 150 inscrições de voluntários e quase 3 mil pessoas previamente credenciadas como visitantes.

O evento literalmente levou para a quebrada esse universo que historicamente é negligenciado. Além disso, fomentou o consumo da cultura pop, nerd e geek nesses locais de São Paulo, contribuindo para a quebra de barreiras culturais, promovendo o acesso de marcas e produtores à periferia e vice-versa.

Formado por 7 integrantes oriundos da periferia, evento se tornou conhecido como a “Comic Con da favela” ou da “quebrada”.

 

Financiamento

Em dezembro de 2018, o grupo divulgou uma campanha de financiamento coletivo para suprir os custos da primeira edição. A campanha encerrou no dia 28 de janeiro e arrecadou pouco mais de R$ 7 mil reais para suprir parte das despesas do evento. O PerifaConTM foi viabilizado de forma colaborativa, e também por meio de patrocínio da Chiaroscuro Studio, que conta com um grupo de artistas brasileiros que trabalham para marcas como Marvel, DC, Dark Horse, sendo também uma das realizadoras da CCXP.

Colocar a periferia em destaque, e estabelecer contato de grandes marcas com a quebrada é um dos objetivos centrais do evento.

 

Programação

A programação contou com artistas da Chiaroscuro Studios, fazendo debates, avaliação de portfólio e autógrafos. Ao mesmo tempo que os principais destaques ficam para o lançamento de videoclipe, bate-papo e sessão de autógrafo com o rapper Rashid, além da exposição “Rap em Quadrinhos” de LOAD & LOUD.

Editoras como Draco e Companhia das Letras, fizeram vendas de seus principais títulos a preços populares. Também marcaram presença lojas de músicas, roupas e acessórios como o Boogie Store e 4P. Além disso, teve feira de ilustrações e quadrinhos – o Beco dos Artistas, sala de games, sala de gameboard, concurso de cosplay, oficinas e atrações. Ocorreu a transmissão da série “Impuros” dos Canais FOX, seguido de debate com Felipe Ferrari e Zico Goes.

 

Debates

As mesas de debate misturaram temas de arte, política e comunicação. Abordando Produção e Representatividade Negra nos quadrinhos, com a quadrinista Marília Marz, a artista Lya Nazura e o quadrinista Marcelo D’Salete, vencedor do prêmio Eisner, um dos maiores prêmios dos quadrinhos; Arte e Resistência, com DJ KL Jay (Racionais MC’s) e Clarice França do HQ de Menininha; Produção Independente e Editorial: Qual rumo seguir?, com Sidney Gusman e Rafael Calça; Mulheres no Mundo Nerd com Adriana Melo, ilustradora da Marvel e artista mundialmente conhecida nos quadrinhos; e Produção de podcast no Brasil – porque ninguém consegue parar de ouvir, com os podcasts Judão e Mamilos.

Sala de Games

Cinco mesas com computadores apresentaram games independentes de São Paulo, como o jogo Huni Kuni que é fruto de uma parceria do povo indígena Huni Kuni do Acre com um grupo de antropólogos da USP; o jogo Angola Janga do grupo Sue The Real e o One Beat Min que é sobre hiphop. Já a Nova Califórnia é um jogo desenvolvido por Taina Felix e Jaderson Souza, sendo uma adaptação de um conto do Lima Barreto que fala de ganância.

 

Leave comment

Your email address will not be published. Required fields are marked with *.