HAUS promove debate sobre inclusão da população trans e travesti no setor de Economia Criativa

Mais do que palavras populares nas reuniões de negócio, a diversidade e a inclusão têm sido tema de debates e demandas de ações por meio de diversos públicos da sociedade. E não poderia ser diferente com a população T (trans e travestis), que foi o foco de iniciativas da HAUS, holding que engloba as empresas W3haus, Huia, Hopo, Brooke e Now3 que trabalham nas áreas de publicidade, conteúdo, comunicação, marca, design de tecnologia e plataforma de aprendizagem.

Assim, em janeiro, quando no dia 29 é celebrada a Visibilidade Trans, duas profissionais da holding lideraram as iniciativas: Monique Rodrigues e Yggy Escobar, que se reconhecem como travesti e mulher trans, respectivamente. Assim, foi lançada a primeira edição do projeto #VisãoT, uma campanha com ações comunicações internas e externas.

Entre elas, foram espalhados cartazes nas sedes das empresas da holding estimulando boas práticas de conduta com a população Trans, além da publicação de um artigo assinado por Monique e a Yggy sobre o que as marcas podem fazer para transformarem sua relação com as pessoas T começando pela inclusão de pessoas trans e travestis nas equipes. “Quando uma pessoa cisgênera aprende a usar os privilégios que ela tem para ouvir e ajudar as pessoas trans, isso facilita muito a nossa vida, porque há muitas pessoas trans com garra e com vontade de aprender”, comentou Yggy Escobar em comunicado oficial.

Da esquerda para a direita, Gabriela Augusto, Monique Rodrigues, Yggy Escobar, Larissa Magrisso e Tiago Ritter assinaram uma carta de compromisso – Foto Divulgação HAUS

Outra ação da iniciativa foi realizada no dia 27 de janeiro por meio de uma roda de conversa em São Paulo com Monique, Yggy e Gabriela Augusto, que se considera mulher trans e é fundadora da consultoria Transcendemos. O evento recebeu funcionários e imprensa, debatendo sobre como as agências e as empresas da economia criativa estão se mostrando como um campo fértil de trabalho para as pessoas Trans. Além disso, o encontro foi marcado pela assinatura de uma carta de compromisso que representa o primeiro passo para a holding e suas empresas serem certificadas como “empresa de respeito” pela Transcendemos. O próximo passo é uma imersão da consultoria na holding para analisar três pilares: conscientização e treinamento, igualdade de oportunidades e comunicação inclusiva.

 

Confira a entrevista de Gabriela Augusto, da Transcendemos, para o Prodview:

Prodview – Quais são as oportunidades para a população T que existem nas empresas de economia criativa? E os desafios?

Gabriela Augusto – A diversidade tem sido vista como um importante catalisador de processos de inovação e criação. Tendo isso em vista, podemos afirmar que é imprescindível que empresas de economia criativa invistam na contratação de pessoas trans e travestis para os seus times. Esses perfis, mais diversificados, podem proporcionar pontos de vista importantíssimos para o desenvolvimento de produtos e serviços mais aderentes ao atual mercado de consumo.

– Como esse setor se mostra diferente dos espaços e áreas mais tradicionais como advocacia, tecnologia e engenharia?

Tecnologia e engenharia são setores pautados em uma visão mais cartesiana de mundo, enquanto a advocacia costuma ser protagonizada por pessoas mais apegadas ao formalismo jurídico. O setor de economia criativa, por outro lado, emprega quem possui (ou deveria possuir) uma visão mais ampla sobre as possibilidades de existência e expressão.

– Qual o papel da publicidade em combater o preconceito com travestis e trans, a transfobia? Como a economia criativa pode trabalhar em prol disso também?

Podemos dizer que publicidade tem uma espécie de dívida histórica com as pessoas trans e outros grupos minorizados. Tendo isso em mente, é fundamental que a nova geração de profissionais da economia criativa trabalhe em prol da desconstrução de estereótipos desses públicos.

– Se tivesse uma mensagem deste encontro à toda a população trans e travesti, qual seria? E o recado a quem ainda tem preconceito?

Eu diria para as pessoas T olharem para dentro de si e se atentarem a sua própria força. Às pessoas que ainda têm preconceito, eu diria para se abrirem a novas ideias e buscarem conhecimento.

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