Temática e Mostra Educação: “Telas e Janelas, Tempo de cuidado, delicadeza e contato”

Temática Educação, assinado pelas curadoras Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga, partiu do enfoque “Telas e Janelas: Tempo de cuidado, delicadeza e contato”, refletiu como o cinema tem estado, como nunca antes, tão presente nas diferentes telas que circulam em boa parte dos espaços, sejam domésticos ou públicos. Em 2020, a Temática Educação investigou também a produção e apropriação sobre os arquivos de som e de imagem dos diversos grupos sociais a partir do conceito de soberania digital e a importância de se tratar, de maneira emancipadora, a relação de diferentes grupos com as suas próprias imagens.

Mostra Educação apresentou 36 filmes produzidos no Brasil e um na Argentina, selecionados pela Rede Kino que buscaram apresentar os espaços possíveis neste momento, ressignificando textos de outras épocas, ressignificando o espaço vivido, refletindo sobre o tempo atual, da impossibilidade de se estar na escola, de se estar junto, de uma produção coletiva como conhecemos.

Para completar, a Mostra Educação exibiu também a série de videocartas realizadas entre três educadoras e cineastas Guarani – Michele Kaiowá,Graciela Guarani, Patrícia Ferreira Pará Yxapy (FOTO) – e a artista visual Sophia Pinheiro. O projeto intitulado Nhemongueta Kunhã Mbaraete apresenta de maneira afetiva as questões singulares que cada uma delas vivencia e percebe ao longo do processo de isolamento social.

“Estamos todas vivenciando um processo muito singular e, através da arte e das vivências simbólicas, podemos subverter o sistema de violência que faz parte da nossa história”, diz Graciela Guarani.

Tal como a videoartista Sophia Pinheiro nomeia de “assentamento de alma e de matéria” a essa reconfiguração das vivências necessária aos novos tempos.

destaque da Temática Educação foi o escritor, ambientalista e filósofo Ailton Krenak, uma das principais lideranças indígenas no Brasil. Figura presente nos mais importantes debates da cultura e política do país nas últimas décadas. Ao longo dos anos, Krenak esteve em diversas experiências audiovisuais no cinema, na televisão e nas redes sociais. Uma de suas defesas é que as telas também precisam ser demarcadas como um “território indígena” no que ele reconhece a importância da produção e circulação das imagens para a pauta do movimento indígena. E ele segue com sua voz fundamental.

Para ele, a televisão “está envenenada” e que é preciso, de alguma forma, tomá-la – através da valorização de suas possibilidades de linguagem e de atuação. “É preciso terra para todo mundo e tela para todo mundo”, reivindica Krenak. A tela democrática se potencializa com a proliferação de novas tecnologias, considerando que elas sejam ampliadas também em seus usos para além dos grandes núcleos de produção.

 

Foto: Divulgação

Veja a cobertura completa da CineOP 2020. 

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