CineOP recebeu presenças internacionais de quatro países
A CineOP contou com cinco presenças internacionais de quatro países que apresentaram masterclasses e participaram de debates sobre as temáticas do evento.
São eles: Carlos Skliar (investigador principal do Instituto de Investigaciones Sociales de América Latina, Argentina), Christophe Dupin (administrador sênior da Federação Internacional de Arquivos de Filmes – FIAF, Bélgica), Tiago Baptista (diretor do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento, Centro de Conservação da Cinemateca Portuguesa e Museu do Cinema, Portugal), Paula Félix Didier (diretora do Museo del Cine Pablo Ducros Hicken, Argentina) e Inés Dussel (pesquisadora e professora do Departamento de Investigaciones Educativas DIE-CINVESTAV, México).
MASTERCLASS POÉTICA E EMOCIONANTE
Carlos Skliar, investigador principal do Instituto de Investigaciones Sociales da América Latina (Argentina), falou sobre a “pedagogia da fragilidade”. O conceito foi desenvolvido a partir da ideia de que as pessoas não nascem com capacidade de sentir amor, dor e noções de morte, o que conflui num constante ensinamento que tem a educação como ponto fundamental.
Skliar disse que “o frágil é a debilidade, a facilidade de uma coisa quebrar, que é o oposto da tenacidade, do objeto que insiste em não se quebrar”. Para ele, “essa fragilidade de cada um de nós não deseja outra coisa que não experimentar o pequeno, e ela abre espaço para uma pergunta que, de outro modo, seria inaudível: o do saber da morte que cria, assim, um belo desespero por viver”.
PRESERVAÇÃO DE ARQUIVOS DIANTE DA CRISE MUNDIAL
Instituições e iniciativas internacionais de preservação de acervos também ganharam mesas de conversa na Temática Preservação da CineOP. Mais uma vez houve a exposição da FIAF (Federação Internacional de Arquivos de Filmes), entidade criada em 1938 e atualmente reunindo 171 arquivos e cinematecas do mundo todo. Christophe Dupin, administrador sênior da FIAF, falou sobre as formas de atuação da Federação num contexto de inédita crise mundial.
E mais uma presença internacional nos Encontros de Arquivo foi a de Paula Félix Didier, diretora do Museo del Cine Pablo Ducros Hicken, na Argentina. Ela falou sobre sua experiência na instituição e as perspectivas de um espaço considerado de excelência no campo do patrimônio audiovisual por conta de seu acervo e das estratégias expositivas.
CINEMATECA PORTUGUESA DEVE IMPLANTAR SISTEMA MODERNO DE DIGITALIZAÇÃO DE ACERVO ATÉ O FIM DO ANO
Discutindo sua atuação na Cinemateca Portuguesa, o diretor de acervo Tiago Baptista fez, no sábado (5/9), uma masterclass sobre uma das mais importantes instituições de patrimônio audiovisual no mundo. Sob mediação dos curadores da Temática Preservação, Ines Aisengart Menezes e José Quental, Batpista falou da importância de uma cinemateca num contexto contemporâneo em que o acesso a filmes é tão facilitado pelas tecnologias digitais formais e informais.
“O espectador pode fazer suas escolhas, sua cinematografia, fazer seu caminho”, comentou Baptista. Diante de um cenário assim, a existência de museus e cinematecas se torna ainda mais fundamental, pois fazem a salvaguarda de memórias, acervos e organizações da história não só do audiovisual, mas de toda uma cultura. “Eles têm função de recordar o passado diante do presente. Não existe nada no presente que seja natural ou inevitável: o passado nos ajuda a perceber que o presente é fruto de escolhas, de opções, de debates”, disse.
Com grande participação virtual na transmissão da masterclass, Tiago Baptista respondeu a algumas questões. Muitas delas eram sobre justamente a transição de uma cinemateca para a tecnologia digital. No caso da Cinemateca Portuguesa, há grande preocupação de depositar e transmitir esses novos conteúdos em seus formatos originais.
“Aplicamos o mesmo princípio, ao máximo, que usamos nas películas, mantendo assim os formatos de produção”, explicou. Baptista revelou ainda que, nos últimos anos, a Cinemateca tem buscado aprimorar esse processo. “Até o fim de 2020, teremos um arquivo digital profissional, formado pelo conjunto de um hardware e software que combina armazenamento em disco rídigo e uma biblioteca de suporte de fita magnética”.
DESAFIO NA PANDEMIA É ENFRENTAR A SEDUÇÃO DAS TELAS COMO DESVIADORAS DE ATENÇÃO
Em masterclass no sábado (5/9), dentro da Temática Educação da CineOP, a professora e pesquisadora Ines Dussel, integrante do Departamento de Pesquisa Educacional do CINVESTAV-IPN (México), conversou com os espectadores sobre “As telas nas pedagogias da pandemia”. Dedicada a estudos de cultura visual e mídia digital, Dussel tem se aprofundado nos impactos do coronavírus nos processos de aprendizado, especialmente pela proliferação de telas. Se antes as telas se limitavam ao entretenimento ou à conectividade mais frugal, recentemente as escolas estão se tornando parte das possibilidades dos usos de telas.
Diante desse cenário, Dussel chama de “fenômeno da gulliverização” a constante miniaturização dos dispositivos, em referência ao personagem literário criado por Jonathan Swfit em “As Viagens de Gulliver”. “Existe uma batalha pela atenção das novas gerações, que estão crescendo num mundo de muitas telas, de vários tipos e várias quantidades”, frisou ela. “Somos sempre convidados a nos conectar de todas as formas, e as línguas audiovisuais são cada vez mais espetaculares para disputarem essa atenção”.
Foto: Reprodução Universo Produção.