Outros destaques CineOP: Mostra Valores, Oficinas e Curtas

CineOp: Debates, diálogos e rodas de conversa

Todos sabemos das dificuldades (técnicas, sociais, pessoais) que se impõem no momento. Ainda assim, a CineOP buscou reconfigurar sua realização e manter as características que a tornam o maior encontro dedicado a refletir as produções brasileiras sob seus eixos mais importantes. Em diversas conversas transmitidas pelas redes sociais da Mostra, professores, educadores, cineastas, pesquisadores e preservadores exaltaram a urgência de se considerar o passado numa relação direta com o presente para, enfim, preparar o futuro. Nada é desconectado, menos ainda numa pandemia de escala global.

A expressão pelos meios de comunicação também surgiu em debates sobre o uso da televisão como transmissora para além dos métodos tradicionais e dos conglomerados de mídia, cujas construções de narrativa tendem a invisibilizar os núcleos distantes dos grandes centros econômicos. Alguns participantes de debates questionaram a despreocupação da TV brasileira comercial – cujos canais são concessão de Estado – de se colocar diante dos problemas mais urgentes de populações desfavorecidas pelo poder público e apenas se preocupar, há décadas, com seus próprios interesses.

Parte fundamental da programação da CineOP foi também a realização do Encontro Nacional de Arquivos e o Encontro da Educação: XII Fórum da Rede Kino, que, nesta edição reuniu 75 profissionais no centro de 24 debates. Participaram profissionais do audiovisual e da educação, cineastas, produtores, preservacionistas, técnicos, pesquisadores, acadêmicos com a proposta de refletir temas que dialogam com o recorte curatorial de cada temática e rodas de conversa com a participação de realizadores, criando uma extensão fundamental de reflexão para além da exibição de filmes.

O Debate Inaugural “Cinema de Todas as Telas”marcou a abertura oficial do Seminário, do 15º Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e do Encontro da Educação: XII Fórum da Rede Kino. Na mesa, o filósofo Ailton Krenak (destaque da Temática Educação) e o roteirista e diretor de cinema, TV e Realidade Virtual Tadeu Jungle (integrante da TVDO, destaque da Temática Histórica) conversaram sobre este momento em que vivemos, em que a televisão completa 70 anos no Brasil, sendo ainda o maior meio de comunicação no país em contraste com a busca pela convergência com plataformas digitais, que neste momento de isolamento também servem ao teatro, à música e ao cinema.

Nesta edição, 80 profissionais do audiovisual, acadêmicos, pesquisadores, historiadores, críticos de cinema e convidados internacionais estiveram no centro dos 28 debates, diálogos da preservação e educação, estudo de caso. Rodas de Conversa e apresentações de projetos educativos, com o propósito de gerar reflexões, troca de experiências, conhecimento, intercâmbio e cooperação entre os participantes. Nesta edição, contou também com a participação de cinco convidados internacionais de quatro países – Argentina, México, Bélgica e Portugal -, que colaboraram com suas experiências, reflexões e propostas sobre as questões centrais desta edição.

Em relação às políticas de salvaguarda audiovisual, instituições do mundo todo – sejam pertencentes ao Estado ou a iniciativas privadas – têm se preocupado com o cenário digital e seus desafios de preservação, mapeamento e difusão. Coordenador de comunicação e informação da Unesco, Adauto Candido Soares participou de um bate-papo na CineOP e contou que a instituição mundial de direitos humanos tem mantido estreita política, junto às nações, de atenção ao patrimônio audiovisual.

A Unesco tem buscado dar orientação junto aos entes governamentais de quais são os melhores desenhos institucionais para essas questões, porque os desafios são enormes: a digitalização, a migração de formatos e a disseminação de conteúdos”, enumera Adauto. Ele revela que os membros da entidade têm tentado se aproximar de outras áreas do poder público – em especial planejamento, fazenda e administração – para inserir o setor cultural nas políticas já desenvolvidas de preservação de acervo nesses núcleos. “A cultura não deve estar alijada de procedimentos tecnológicos que avançam por outras instâncias em seus trabalhos de manutenção de conteúdo e de materiais internos. Muitas vezes há orçamentos enormes e alta tecnologia em arquivos públicos, enquanto a cultura tem dificuldades financeiras”, aponta. Adauto exalta a preservação audiovisual como um “ativo do país e do Estado, porque é um conteúdo de valor e é necessário pensar os elementos econômicos desse trabalho”.

 

Mostra Valores

A Mostra Valores é uma iniciativa e realização da Universo Produção que tem o propósito de dialogar e valorizar pessoas, ações, projetos e as comunidades locais das cidades de Tiradentes, Ouro Preto e Belo Horizonte no âmbito do Cinema Sem Fronteira – programa internacional de audiovisual que reúne as três mostras anuais, diferenciadas e complementares, e que exibe e discute a produção contemporânea no cinema, sua história, patrimônio, linguagens, estéticas e formas de inserção no mercado audiovisual.

Durante a 15ª CineOP, foram dois episódios do Projeto Educar, uma produção da TV UFOP. Além disso, foram recolhidas doações durante as lives artísticas destinadas ao Programa Mesa Brasil Sesc e que serão encaminhadas às instituições Irmandade da Santa Casa da Misericórdia e Lar São Vicente de Paulo, ambas da cidade de Ouro Preto.

 

Cinema em diálogo com a Arte

15CineOP promoveu, em formato online, em parceria com o Sesc em Minas, uma programação artística intensa, gratuita e diversificada. A agenda de atividades artísticas incluiu exposição online que celebrou os 15 anos da Mostra, performance audiovisual inaugural e cinco lives shows especiais transmitidas ao vivodo palco do Sesc Cine Live Show com bandas e artistas de destaque da cena mineira.

Entre os dias 3 e 7 de setembro, passaram pelo palco do Sesc Cine Live Show os artistas: Túlio Mourão e Titane com show em Homenagem aos 35 anos da Rede Minas, com participação especial de Maurício Tizumba; a banda Graveola; o grupo Lamparina e a Primavera; o Bloco Pacato Cidadão e o show inédito “Nada será como antes”, em homenagem a Milton Nascimento, de Lô Borges Trio, com a participação especial de Telo Borges.

As atrações puderam ser vistas ao vivo no site oficial do evento – www.cineop.com.br e pelo canal do Sesc em Minas no Youtube, com retransmissão das lives nos dias 5, 6 e 7 de setembro. As live shows estão disponíveis no Canal do Youtube da Universo Produção.

 

CINE-ESCOLA E MOSTRINHA

Mesmo com o distanciamento social e as sessões em ambiente virtual, o Cine-Escola segue no objetivo de formação de novos públicos e olhares para o cinema brasileiro. As sessões contêm curtas adequados para cada uma das faixas etárias montadas na seleção: entre 5 e 7 anos; de 8 a 10 anos; entre 11 e 13 anos; e a partir de 14 anos, faixa inclusive que contará com o longa-metragem “Meu Nome é Daniel”, de Daniel Gonçalves, sobre o cotidiano do cineasta, portador de deficiência.

A sessão Mostrinha vai ser composta pelo longa “Para’í”, de Vinicius Toro, que acompanha a história da menina guarani Pará, que mora com sua família na menor terra indígena do país. Uma história repleta de aventuras que vai emocionar pais e filhos.

Cine-Expressão – A Escola vai ao Cinema é um programa sociocultural-educacional que une as linguagens educação e cultura, com foco na formação do cidadão a partir da utilização do audiovisual no processo pedagógico interdisciplinar, a partir da realização de sessões cine-escola seguidos de bate-papo com os diretores e/ou representantes dos filmes. A Universo Produção preparou também um material didático específico para auxiliar os educadores.

OFICINAS

Para esta edição, a CineOP promoveu quatro oficinas que contribuíram para a formação e capacitação de 140 profissionais ligados ao universo audiovisual. As aulas foram realizadas totalmente online e as opções de atividades foram: “Como educar as crianças no mundo das telas?”, com Igor Amin (educador audiovisual, artista transmídia e diretor); “Realização Audiovisual para Web”, com Sérgio Rossini (cineasta, documentarista, diretor de produção e de séries de TV); “A Criação de Mundos em Roteiros Audiovisuais para Multiplataforma”, com Gustavo Padovani (roteirista, consultor e professor universitário); e “Planejamento de Produção de Séries”, com Mariana Brasil (produtora e consultora).

 

CURTAS

O público poderá conferir ainda uma seleção de curtas-metragens feita pela crítica e pesquisadora Camila Vieira. Entre os títulos estão “Acabaram-se os Otários”, de Rafael Luna Freire e Reinaldo Cardenuto; “Extratos”, de Sinai Sganzerla; “A Viagem do seu Arlindo”, de Sheila Atoé, e “Dona Cila, não me Espere para o Jantar”, de Carlos Segundo. Apesar de a mostra ser realizada em ambiente virtual, as sessões estarão denominadas como originalmente seriam, inclusive para delimitar o perfil dos filmes. Assim, haverá a Sessão Cine Praça, com filmes de diálogo aberto com o público, e os da Sessão Cine Vila Rica, que apresentam propostas mais autorais e de pesquisa.

 

Veja a cobertura completa da CineOP 2020.

 

Foto: Reprodução Universo Produção

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