26a MCT: Homenageados falam sobre autoria e o tradicional Cortejo da Arte invade a cidade

AUTORIA SURGE DIFERENTE A CADA PROJETO, DIZEM ARY ROSA E GLENDA NICÁCIO, HOMENAGEADOS NA MOSTRA

Os homenageados na 26a Mostra de Cinema de Tiradentes, os cineastas Glenda Nicácio e Ary Rosa, participaram de um debate dedicado ao trabalho deles na tarde de sábado, 21 de janeiro, no Cine-Teatro. Nascidos no interior de Minas, os dois estudaram cinema na Universidade Federal do Recôncavo Baiano e se estabeleceram na cidade de Cachoeira, onde fundaram a produtora Rosza Filmes. Eles são “filhotes” das políticas públicas de descentralização universitária implantadas pelo Estado a partir do começo dos anos 2000.

Ary Rosa relembrou que as mudanças no país, na época, ampliaram demandas não só a quem tinha vontade de fazer filmes, mas a quem assistia – uma demanda de público. “Deve ter sido uma das coisas mais sensíveis que o governo federal (do período) percebeu que o e fez decidir levar faculdades para o interior do país”, comentou o roteirista e diretor. Ter se deslocado para estudar em Cachoeira o conectou não só ao próprio fazer cinematográfico, mas a um senso local de comunidade que manteve ele e Glenda na cidade mesmo depois de formados. “Não parecia fazer sentido a gente se formar e ir trabalhar no Rio ou em São Paulo. A escolha mais importante da nossa vida foi mesmo continuar no Recôncavo, algo que revolucionou a nossa forma de pensar os projetos que queríamos fazer”.

Dessa decisão e da agitação cultural com artistas da cidade, surgiu “Café com Canela”, primeiro longa-metragem da dupla, lançado nos festivais em 2017. Desde então, já somam diversos outros filmes, entre eles “Ilha” (2018), “Até o Fim” (2020), “Voltei!” (2022) e “Mugunzá” (2023). “O cinema que a gente faz foi aprendido no Recôncavo e, se tivéssemos nos formado em outro lugar, é claro que nossos filmes seriam muito diferentes”, comentou Glenda Nicácio. “Nossa prática passa pelo cinema educação, pelas oficinas de formação, por uma prática de criação que vai para as ruas, passa pelas interações, pelas histórias que ouvimos. Nossos pactos estão dentro da comunidade e fazemos filmes para Cachoeira e com Cachoeira”.

Trabalhando com baixos orçamentos e um grupo criativo constante, entre atores, atrizes e técnicos, Ary e Glenda dizem ser movidos pela vontade constante de fazer filmes dentro das possibilidades que lhes surgem em termos de tamanho dos projetos. “Eu não quero fazer filmes fingindo que tenho dinheiro, eu faço filmes que mostram que eu não tenho dinheiro”, disse Ary.

Eles contam terem encontrado seus próprios fluxos de trabalho para fazer isso tudo funcionar e que a ideia de um cinema mutirão (inclusive temática da Mostra de Tiradentes em 2023) é parte de uma escolha. “Nosso tripé de produção é formado pelo território onde habitamos e filmamos, pela economia criativa e pelo coletivo. É uma fórmula que nos permite continuar a fazer filmes”. Glenda completa: “A gente constrói o nosso traço [autoral] a partir da narrativa de cada projeto”.

 

A ALEGRIA INVADIU A MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES COM O TRADICIONAL CORTEJO DA ARTE

Tiradentes se transformou em palco da cultura para receber o Cortejo da Arte que percorreu ruas tricentenárias da cidade no sábado (21/01). Inclusive o sol apareceu para acompanhar moradores, turistas e convidados num cortejo animado por bandas, grupos e artistas convidados.

Esta edição contou com a participação do Bloco Samba Queixinho, a Turma da Pipoca, a Banda Treme Terra, o cortejo de bonecos do Grupo Dia de Reis Art Move e o Palhaço da Alegria. O Cortejo da Arte, que já é tradição da Mostra de Cinema de Tiradentes, celebrou os 305 anos da cidade.

Desde a concentração em frente à Igreja do Rosário, o Cortejo se transformou num carnaval em que crianças, adultos e idosos seguiram com muita animação a Rua Direita, com destino ao Cine Praça, no Largo das Fôrras.

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