26a MCT: Reafirmação do espaço político e audiovisual traduz o presente histórico, confira a entrevista com a diretora da Mostra, Raquel Halack

Formada em comunicação, especializada em gestão de planejamento pela Fundação Dom Cabral, a diretora Raquel Halack fala sobre a importância da Mostra em sua carreira e para a sociedade “Eu pauto em programas que possam deixar um legado, que possa fazer a diferença, que possa trazer resultados. A Mostra é o grande case desse diálogo, com a comunidade, com a sociedade, com a projeção da cidade. Um diálogo, uma conexão, do cinema, da cultura, com o turismo. A gente vê como o evento projetou a cidade”.

A comunicadora criou a empresa Universo Produção em 1994, e a Mostra Tiradentes é o primeiro grande projeto para a cidade de Tiradentes, segundo Raquel, mas também há a realização de outros projetos, como a Mostra de Ouro Preto, Mostra Cine BH e a Mostra Brasil CineMundi. Além disso, ela fala sobre a pandemia e o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que com o cenário paralisado, houve uma mudança de paradigma e então, pôde ser alcançado novos alcances, resultados e os meios digitais se tornaram um aliado à produção e promoção do cinema brasileiro.

A Prodview entrevistou a diretora da Mostra, confira a entrevista completa:

Prodview: O balanço traz aqui números muito grandiosos, como sempre. Mas eu gostaria que você fizesse um balanço de sentimento, de vivência, de momentos memoráveis e históricos que vocês viveram nesta edição.

Raquel: Tem sido 9 dias bem tensos, né? (risos). Começar na abertura, a gente chegar e falar “nós estamos aqui” conseguimos um evento que foi concebido, planejado em dois momentos governamentais diferentes.

Então assim, um sentimento de estar vencendo, como se nós estivéssemos fazendo a primeira mostra, porque até então a gente achou que não ia conseguir.

Segundo, a gente na pandemia, como que a gente sentiu falta, né? Da experiência, do abraço, do encontro. Então cada pessoa que a gente reencontra ou conhece, viver a experiência, de ver o cinema na sala, na praça, tem sido dias de muita emoção, de muita colaboração, de muito coletividade, mostrando isso, como o cinema transforma, como o cinema muda, como o cinema revela, que é um dos slogans que a gente tá trazendo esses dias, para essa edição de modo especial.

 

Prodview: A Mostra de Tiradentes tornou-se muito maior do que uma Mostra de Cinema, principalmente por causa da chegada do Fórum. Vocês já pensaram em fazer uma Mostra de Audiovisual, contemplando o segmento como um todo?

Raquel: A gente trabalha num programa no cinema sem fronteiras, exatamente porque a Mostra Tiradentes cresceu tanto, né? A gente recebe 5x a população da cidade. Então ela chegou em um formato que não tem como crescer mais, já fomos muito audaciosos em trazer duas ações novas para a programação (risos).

É uma cidade (Tiradentes) que tem limitação de infraestrutura, de espaço, enfim e eu acho que essa discussão ampla que você fala, a gente pensa que em janeiro o Cinema Brasileiro Contemporâneo e em junho a gente tá falando de preservação e história e educação para dar conta exatamente da experiência que a gente teve aqui de não sabermos onde estão os filmes, de não saber o estado das cópias dos filmes quando a gente ia homenagear alguém. O evento nasce em 2006 com a chancela de tratar cinema como patrimônio, uma cidade património da humanidade, depois nasce a Mostra CineBH em setembro para falar de mercado, não só do mercado brasileiro, mas também do internacional porque a gente via que os filmes que a gente exibia em Tiradentes não chegavam às salas de cinema, depois veio o digital e aí virou outro desafio da gente pensar nesse mercado digital incluindo aí as plataformas, alternativas de exibição. Então eu acho que esse programa ele acaba sendo um grande evento do audiovisual durante o ano inteiro.

 

Prodview: Ele se conecta, né?

Raquel: Um é complementar, são diferenciados, mas pensando para serem complementares.

 

Prodview: O próximo grande evento então é o CineOp?

Raquel: A gente vai estar em São Paulo nos dias 23 a 29 de março, levando as nossas competitivas e os vencedores de Tiradentes, ampliando as vozes e discussões sobre a temática cinema mutirão e em junho a CineOp.

 

Prodview: Tem alguma coisa que você pode revelar, dar um gostinho do que vai ser esses eventos? 

Raquel: Eu acho que esses eventos de 2023 é muito importante a gente contar com a presença do Ministério da Cultura, é fundamental um órgão que está se recriando, a gente poder colaborar com o fórum, ele inicia em janeiro e em Ouro Preto quando os dois grandes encontros que a gente promove de preservação: Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiro e o Cinema Audiovisual que a gente possa ter uma presença maior, não só do Ministério da Cultura, mas também do Ministério da Educação.

Então a gente vai começar a conceber isso, espero que de uma forma conjunta, que o evento também seja um instrumento e esteja a favor dessa salvaguarda do nosso cinema, mas que as discussões que se iniciaram aqui também possam se fortalecer em Ouro Preto.

 

Saiba mais sobre a 26ª edição da Mostra de Cinema Tiradentes em nossa cobertura completa.

*Texto produzido com a colaboração de Fabiane Watanave.

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