18a CineBH – Dois Sertões, de Caio Resende e Fabiana Leite, mostra a humanidade do cineasta Geraldo Sarno e documenta seu processo criativo
O filme Dois Sertões, dirigido por Caio Resende e Fabiana Leite, foi exibido na programação da CineBH, dentro da Mostra Continente. Após a exibição, houve uma sessão comentada com a presença do produtor executivo Daniel Leite. O filme já foi exibido na Mostra Internacional de São Paulo e deve chegar ao circuito comercial ainda em novembro. O longa tem produção da Ato 3 Produções e Canal Curta!.
O documentário traz imagens do processo de produção da série Sertão de Dentro e do longa Sertânia, mostrando o set de filmagem e também conversas com o diretor em momentos de produção criativa.
“O filme mostra um cineasta dentro das suas inquietudes. E, ao mesmo tempo, colocando o cinema enquanto uma maneira de existir, de se colocar no mundo. E que, infelizmente, a gente perde esse grande gênio para a Covid em 2024, mas que deixou essas memórias e pensamentos”, disse o produtor executivo na abertura da sessão.
Boa parte da obra do cineasta está disponível no site Linguagem do Cinema.
O Prodview acompanhou a sessão comentada do filme e traz um breve bate-papo com o produtor executivo Daniel Leite. Confira!
Como foi o processo do filme?
Caio e Geraldo eram amigos, trabalhavam juntos. Se conheceram na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. E aí Caio, filósofo, estudante de cinema, conhecedor de Bergson compartilha das suas leituras com o Caio, muito fã de Geraldo. Então o filme começou mostrando essa relação entre eles e foi se desenhando quase como uma reconciliação, principalmente quando os dois rompem essa relação e após a morte do Geraldo, o filme passa a dar mais destaque e trazer ele como figura central. O filme traz um Geraldo mais humano, mais de perto.
Como foi a experiência de trabalhar com ele?
Geraldo se torna a figura central com conversas íntimas que a gente pouco vê. Mostra um Geraldo muito apaixonado por cinema. Eu ia algumas vezes na casa de Geraldo e era assim, cinema o tempo todo. Ele falava que quando ele ia cozinhar, ele cozinhava como se estivesse vendo planos. O cinema realmente fazia parte da existência dele. E aí pra gente foi muito simbólico, porque realmente com a perda dele, foi um luto pro cinema brasileiro.
E como foi lidar com os desafios das filmagens?
O filme teve muitas imprevisibilidades que só o improviso possibilitaria estar muito seguro. O Geraldo era essa pessoa pra conseguir lidar com isso. Ainda pensando nessa coisa da relação entre dois cineastas, ainda tentando entender também a história de um e a história de outro.