18a CineBH – Raquel Hallak anuncia mudanças na Mostra de Cinema de Tiradentes e comenta mais uma edição bem sucedida do evento em BH
Na tarde de sábado, 28/9, na 18a. CineBH, Raquel Hallak, coordenadora geral da Mostra de Cinema de Tiradentes, anunciou mudanças significativas para a 28ª edição do festival, prevista para ocorrer entre os dias 24 de janeiro e 1º de fevereiro de 2025. As alterações, que impactam principalmente as mostras competitivas Olhos Livres e Aurora, apontam novo direcionamento na curadoria do evento, o maior no país dedicado ao cinema brasileiro contemporâneo.
A Mostra Olhos Livres, que anteriormente possuía recorte mais geral, agora se tornará a mostra competitiva oficial em Tiradentes. Com um enfoque em filmes independentes que propõem novas linguagens e abordagens cinematográficas, a nova configuração trará filmes de várias tendências e de realizadores com experiências anteriores.
Para 2025, a Olhos Livres será composta por até sete longas-metragens, preferencialmente inéditos no Brasil, de cineastas com mais de um filme realizado. O prêmio principal, dado ao título escolhido pelo Júri Oficial, será o Troféu Barroco, valor em dinheiro de no mínimo R$ 5.000,00, serviços cinematográficos e certificado de premiação.
A Mostra Aurora também passará por uma reformulação importante. Tradicionalmente voltada para cineastas em início de carreira, a mostra agora se concentrará exclusivamente em diretores e diretoras que estão estreando no longa-metragem. Os filmes selecionados para a Aurora serão avaliados por um Júri Jovem, composto por cinco estudantes universitários que participaram de oficina de análise cinematográfica na CineBH. Assim como na Olhos Livres, os filmes vencedores da Aurora receberão o Troféu Barroco, certificado e prêmios oferecidos por empresas parceiras, além de prêmio de no mínimo R$ 5.000,00.
As inscrições de filmes estão abertas no site da Mostra: www.mostratiradentes.com.br.
Confira um bate-papo com a Raquel Hallak:
Como você vê o futuro do cinema em Minas Gerais, considerando os desafios atuais e as iniciativas como a CineBH?
Quando comecei a trabalhar no mercado cinematográfico em Minas, percebi que não havia infraestrutura adequada. As pessoas precisavam ir ao Rio de Janeiro ou São Paulo para finalizar seus filmes, especialmente na época em que o cinema era feito em película e os custos eram muito altos.
Hoje, ainda enfrentamos desafios com a falta de espaços. Temos apenas seis salas de cinema de rua e resistimos à ideia de migrar para os shoppings. Na CineBH, nosso objetivo é ocupar a área central, onde estavam os principais cinemas.
Nosso objetivo é trazer todos para a área central e ocupar esses espaços culturais.
E hoje, 18 anos depois, eu acho que a gente ainda tem muito a construir, mas fazendo um balanço, eu acho que o percurso foi bem bacana, bem incrível em termos de resultado.
Hora a gente está sobrevivendo, hora estamos na fragilidade, que é uma situação comum, não normal, entre os países da América Latina. Então se a gente vier junto, puder se fortalecer, que a gente pretende que aqui seja esse espaço de encontro, de fortalecimento das nossas potências enquanto cinema latino-americano, eu acho que aí sim a Mostra CNBH vai ganhar esse destaque internacional como espaço da América Latina.
Como o CineBH ocupa a cidade?
Além das salas de cinema na sede, que são duas aqui no Palácio e nas demais que estão sediadas nos bairros, não podemos perder essa essência de um festival, que é o encontro. A Mostra da Cidade em Movimento, que é o nosso principal diálogo com a cidade, a maioria são realizadores, realizadoras amadores, que utilizam o audiovisual como um mecanismo de registro de seus problemas, questões sociais, políticas, ou de personagens da comunidade, ou de grupos sociais.
Então, esse é o maior eixo de integração com a cidade. É onde que a gente olha para a cidade e ela nos traz, através do audiovisual, o que está acontecendo. Então, se você quiser conhecer a grande BH, é a Mostra da Cidade de Movimento.
O que faz uma CineBH melhor do que a outra?
A presença de todos e os filmes que estão nas telas. Cada edição é uma, mas o que diferencia uma da outra são as pessoas, os filmes e a programação.
E cada um se vê, se identifica com o cinema na praça, o outro com o cinema latino, o outro com o encontro de negócios, o outro que encontra uma pessoa. Tudo é pensado com muito carinho, com muito critério, com muito cuidado. E o que faz diferença é a gente se encontrar pelo cinema e estabelecer esse espaço de ocupação para o cinema.
Quais os principais desafios que o festival tem?
O nosso grande desafio é fazer o nosso cinema chegar até o público. O ano passado, nessa pesquisa que os curadores fizeram, em 2023, apenas seis filmes latino-americanos chegaram ao circuito comercial. A segunda é como você atrai a população. A gente tem um público que nos acompanha. Então, fica ali sempre atento ao que a gente está exibindo no audiovisual.
E sobre a próxima CineBH, o que já podemos esperar?
A gente começa sempre do zero, sempre sem saber se a gente vai ter o patrocínio ou não, sem ter garantia, sem assegurar. Isso não dá mais para quem é empreendedor. E, no meu caso, eu empreendo com a fonte de financiamento do patrocínio. Então, meus eventos não têm receita. Eu não conto com bilheteria, eu não conto com venda de espaço. Isso, porque eu acredito que, se eu estou utilizando a lei de incentivo, é uma maneira do governo transferir para as empresas e para os gestores aquilo que, talvez, ele não esteja fazendo, ou que seja deficiente, ou que a gente possa ser complementar no sentido de oferecer esse acesso à cultura.