Roda de conversa em Tiradentes abre espaço para questionamentos políticos e vivências de Homens e Mulheres trans
*Crédito da foto: Leo Lara/Universo Produção
A programação da 22ª Mostra Tiradentes teve dentre seus destaques uma roda de conversa no Sesc Cine-Lounge com o tema “Corpos Políticos”, em que abriu espaço para a discussão política a respeito das possibilidades de existência de homens e mulheres trans.
Para falar sobre o assunto, estiveram presentes a professora, ambientalista e presidenta da ONG Transvest, Duda Salabert, que apresentou dados estarrecedores a respeito desta parcela da população – como o de que 80% das travestis mortas em 2018 eram negras -, Galba Gogoia (diretora de Jéssika) e Ariel Nobre (Preciso dizer que te amo). A mediação foi feita pela curadora Tatiana Carvalho.
A conversa, com forte interação do público, mesclou momentos de questionamentos políticos e vivências pessoais. “Não somos vistos como humanos. Ainda brigamos por nome, por qual banheiro usar, por identidade. Se não sou reconhecida como um ser humano, como posso me relacionar com a arte?”, questionou Duda.
A declaração teve sequência na fala da diretora de Jéssika, que apontou a repetição de estereótipos que persistem nas narrativas relacionadas a estas pessoas. “Nossa história não está resumida à transformação do corpo e à prostituição. Nossa história também tem a ver com afetos”, afirmou.
Para Ariel Nobre, esta invisibilidade contribui com a relação (por vezes negativa) que estas pessoas têm com o próprio corpo. Ao relembrar sua trajetória, citou o número de suicídios de homens trans: cerca de 11 mil ao ano. “Somos sistematicamente suicidados. Existem aspectos pessoais envolvidos nesta questão, mas também existem os coletivos e políticos”.
*A equipe viajou a convite do evento e teve parceria com a Agência Encontre Sua Viagem – Vila Maria (SP).