3º Seminário Internacional Mulheres do Audiovisual: Diversidade, representação e representatividade

No Brasil, segundo a última pesquisa em profundidade feita pela ANCINE, divulgada em janeiro de 2018, as mulheres dirigiram apenas 19,7% dos filmes brasileiros lançados em 2016; homens negros dirigiram apenas 2% desses filmes e nenhuma mulher negra assinou a direção de um filme. Normalmente, a participação de mulheres na direção dos filmes lançados comercialmente no Brasil a cada ano é de cerca de 15%, tendo chegado a ser de apenas 10% em 2014. 

Com o objetivo de ampliar a percepção e inspirar a ação dos profissionais do audiovisual brasileiro quanto às questões de gênero e raça no setor, a Ancine realiza anualmente o Seminário Internacional Mulheres do Audiovisual. 

O evento, que conta com a parceria do Sesc São Paulo, da Firjan e do Goethe-Institut, acontecerá em São Paulo no dia 13 de junho e no Rio de janeiro no dia 14 de junho. Esta edição vai abordar a importância das políticas públicas para a promoção da diversidade no audiovisual e o papel da sociedade civil na criação da mudança.  

No que diz respeito às políticas públicas, a palestrante internacional será Amanda Nevill, CEO do British Film Institute – BFI, órgão do Reino Unido, que é referência mundial na implementação de políticas para a diversidade no setor audiovisual. 

A política de padrões de diversidade do BFI tem sido tão bem-sucedida que passou a ser um recurso utilizado pela indústria audiovisual do Reino Unido como um todo. Por exemplo, os padrões de diversidade foram adotados também pela BBC Films e pela Film4, pela British Academy of Film and Television Arts – BAFTA como critério de premiação, em duas categorias, do BAFTA Film Awards e pela British Independent Film Awards – BIFA

Para dialogar com a experiência do BFI, o Seminário contará com uma mesa sobre políticas públicas brasileiras, tanto federais quanto estaduais.

Em São Paulo, a mesa terá a mediação de Ana Paula Souza(jornalista e doutora em sociologia pela Unicamp) e a participação das convidadas: Carolina Costa (presidente da Comissão de Gênero, Raça e Diversidade da ANCINE),  Laís Bodanzky (diretora-presidente da SPCINE), Simoni de Mendonça (presidente do Sindicato da Ind. Audiovisual de SP- SIAESP), Jussara Locatelli (coordenadora do Fórum Audiovisual- Minas Gerais, Espírito Santo e Sul/Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul- FAMES), Lyara Oliveira (representante da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro-APAN ) e Alessandra Meleiro (presidente do Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual-FORCINE) .

No Rio de Janeiro, a mesa terá a mediação de Edileuza Penha de Souza( professora de etinologia visual da imagem do negro no cinema da UnB) e contará com  participação das convidadas: Iafa Britz (diretoria do Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual- SICAV), Clélia Bessa (conselheira da Brasil Audiovisual Independente- BRAVI), Jorane Castro (diretora Norte da Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte e Nordeste-CONNE),  Daniela Fernandes (diretora de audiovisual da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia) e da diretora Anna Muylaert. 

No que diz respeito à importância da Sociedade Civil, a palestrante internacional Barbara Rohm vai apresentar a experiência da ProQuoteFilm, uma organização da sociedade civil da Alemanha criada em 2014 para promover a igualdade de gênero na indústria cinematográfica e televisiva alemã. Lá, como no Brasil, menos de um quarto dos filmes são feitos por cineastas mulheres. 

Desde sua criação, várias foram as conquistas da ProQuoteFilm: a alteração da lei de financiamento público do cinema, que passou a incluir uma seção geral sobre a igualdade de gênero e a representação paritária nos Comitês Decisórios dos órgãos envolvidos; a introdução de metas de igualdade de gênero e outras medidas para favorecer o emprego de mulheres em diversas produtoras e emissoras de TV; a realização, por parte do governo alemão, de estudos oficiais sobre mulheres no setor cultural e nos mídia, trazendo dados inéditos, inclusive sobre igualdade salarial; e o estabelecimento de um serviço para o adequado acolhimento às mulheres vítimas de assédio ou violência sexual no ambiente profissional dentro da indústria cinematográfica.

Em São Paulo, o debate sobre o papel da sociedade civil na promoção da igualdade de gênero terá a mediação de Neusa Barbosa (membro do Elviras- Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema) e a participação das convidadas: Malu Andrade (fundadora do grupo Mulheres do Audiovisual Brasil), Valdirene Assis (coordenadora Nacional da Coordigualdade/MPT-SP), Marina Pecoraro (conselheira da Diversidade da Abragames) , Minom Pinho (idealizadora do FIM- Festival Internacional de Mulheres), Bárbara Sturm( diretora de conteúdo da Elo Company)  e da Graciela Guarani( produtora cultural e cineasta ameríndia).

No Rio de Janeiro, a mesa contará com as convidadas: Krishna Mahon (administradora do grupo Mulheres do Audiovisual Brasil), Mônica Monteiro (presidente da Federação das Mulheres empreendedoras da CPLP), Paula Neves (conselheira da diversidade da Abragames), Paula Trabulsi (fundadora do colaborativo Internacional de Inteligência Criativa ASAS), Lyara Oliveira (representante da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro- APAN) e a produtora Érica de Freitas.  

Durante o evento, será feita a assinatura do Memorando de Entendimento entre ANCINE e ONU Mulheres, em uma cerimônia que terá a presença do diretor-presidente da Ancine, Christian de Castro, dos diretores da Ancine, Débora Ivanov e Alex Braga e da representante interina da ONU Mulheres Brasil, Ana Carolina Querino. A atriz e defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres,  Taís Araújo, encerrará o seminário com uma reflexão sobre a importância da representação de mulheres nas produções audiovisuais para a construção do futuro que queremos.

O Terceiro Seminário Internacional Mulheres no Audiovisual será o marco inicial dessa parceria entre a ANCINE e a ONU Mulheres, que tem por finalidade não apenas para ampliar a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres no setor audiovisual, mas, também, a contribuição do audiovisual para a criação de uma cultura igualitária e livre de estereótipos.

 

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