26a MCT – Som em Cena: oficina teve como tema a arte do Foley

A 26 Mostra de Cinema de Tiradentes demonstrou ser um misto de esperança, renovação e beleza. Além dos inúmeros filmes, curtas, documentários, também houve espaço para a aprendizagem, com os workshops e oficinas realizados, tanto para profissionais do audiovisual, mas também para jovens talentos.

Beto Strada é um dos oficineiros e o Prodview realizou uma entrevista especial com ele, confira:

 

Prodview: Me conta um pouco como foi a sua oficina?

 Beto Strada: O nome da minha oficina se chama O Som em Cena. Há 20 anos eu ensino essa oficina em unidades do SESC, Centros culturais e Festivais de Cinema.

Minha oficina tem como objetivo ensinar sobre o curioso mundo das bandas sonoras dos filmes e séries que assistimos.

Então ela começa com uma parte teórica sobre a história do som no cinema e depois ela vai para a parte prática, onde os alunos são introduzidos na dublagem e depois na arte do foley – arte de dublar todos os ruídos que acontecem durante uma sequência em um filme.

Todos esses sons que você ouve, um copo que cai, uma briga, por exemplo, as coisas se quebrando são produzidas por um cara chamado “artista do foley”, que foi criado por Jack Foley, quando inventaram o som no cinema e de lá para cá, não houve nenhuma modificação que a tecnologia que pudesse fazer nessa arte, ela continua igual.

 

Prodview: Você comentou que há 20 anos você dá essa oficina, e você nota alguma diferença em relação ao público que participa das oficinas?

Beto Strada: Olha, eu tenho feito essas oficinas com pessoas exatamente assim: estudantes de jornalismo, estudante de cinema, estudante de rádio TV que querem aprender sobre o som, por existe no Brasil uma ignorância brutal sobre o som, ainda se faz filmes que não se entende direito o que o cara tá fazendo, o que ela está falando.
Você já deve ter assistido um filme em que se perguntou “O que é que ela disse, não entendi”.

Não existe ensino do som. Existe ensino da fotografia, existe ensino da direção de arte, existe ensino de tudo que tem a ver com imagem, mas não tem ensino sobre o som.  Eu, por exemplo, sou o único cara que ensina foley, e Foley é uma profissão que na TV Globo tem dois artistas do Foley que trabalham fazendo todos os ruídos das novelas lá.

 

Prodview: E como você avalia que foi essa edição da sua oficina na MCT?

Beto Strada: A de hoje foi absolutamente sensacional, uma das melhores que já aconteceram. Porque eu tive figuras maravilhosas, que deram toda a sua vida dentre esses 28 alunos na oficina, ficaram extremamente surpresos com coisas que eles nunca tinham ouvido falar, então foi um sucesso!

 

Prodview: Esse resultado é muito gratificante, né?

Beto Strada: Muito! Eu amo ensinar. Sou compositor, maestro e arranjador. Criei 34 longa metragens no Brasil, trabalhei com Os Trapalhões, trabalhei com todo mundo que você possa imaginar. E há 20 anos para cá decidi virar professor e passar todos os meus conhecimentos para as pessoas que gostam de cinema, que são amantes de cinema.

E o mais bacana que me aconteceu em 2022 foi a experiência de ensinar para alunos do ensino fundamental II e do ensino médio num workshop chamado Ouvindo Cinema, entre o período de 2022 e 2023 eu dei aula para mais de 400 alunos na escola EduSesc de Taguatinga em Brasília e foi uma aula… espetacular!

Os alunos ficaram 3 horas – adolescentes, imagine – parados, ficcionados na imagem que eu tinha para mostrar a eles. E esse ano minha meta é levar esse conhecimento às escolas públicas, crianças que tem na mão uma ferramenta fantástica coisa que filma melhor do que qualquer câmera do século passado, que grava melhor do que qualquer gravador do século passado e não sabe fazer nada com isso.

 

Veja aqui mais uma reportagem sobre as oficinas.

Saiba mais sobre a 26ª edição da Mostra de Cinema Tiradentes em nossa cobertura completa.

*Texto produzido com a colaboração de Fabiane Watanave.

Leave comment

Your email address will not be published. Required fields are marked with *.