MIPCOM: Brasil se destaca no cenário global com resultados positivos e assinatura de acordo internacional

A produção brasileira independente ganhou um reforço essa semana ao participar da missão internacional promovida pelo programa de exportação Brazilian Content, um projeto da BRAVI em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

Essa é a 15ª vez da participação dos brasileiros no MIPCOM, que ocorreu em Cannes, na França, entre 15 e 18 de outubro, e no MIPJunior, que tem como foco o conteúdo infantil, e foi realizado entre 13 e 14 do mesmo mês.

Com 52 profissionais de 41 produtoras, a animação foi a aposta desse ano, com 46 projetos formatados e outros 35 em desenvolvimento em busca de parcerias ou financiamento para coprodução ou distribuição fora do país.

Ao final do evento, que este ano homenageou a China, maior mercado digital do mundo, com 40% dos internautas, o otimismo dos brasileiros podia ser sentido.

 

Visão dos participantes

“Esse é o evento mais importante do audiovisual quando o foco é exportação e é nítido que o conteúdo brasileiro está cada vez mais valorizado. Viemos com um catálogo bastante amplo, focado em exportação, e lineup de animação. Já fechamos vendas para a China, mas ainda não posso divulgar antes do contrato assinado. Também estamos negociando um documentário com a Índia”, disse Sabrina Nudeliman Wagon, da Elo Company.

“Como resultado da nossa participação, estamos celebrando aqui no Mipcom novos parceiros, cujos contatos começaram em outras edições. Entre eles está a exibição da Galinha Pintadinha na NatGeo Kids, a partir de novembro, em toda a América Latina. Outra importante conquista foi o acordo de distribuição e licenciamento da Galinha Pintadinha para a Itália, onde o personagem será chamado de “Gallina Puntolina”, revelou Guilherme Coelho, da 01 Digital, distribuidora da Bromélia Produções, criadora da personagem.

A mesma percepção positiva acompanhava Zé Brandão, do Copa Studio. “Trouxemos pela primeira vez para internacionalizar ‘Irmão do Jorel’, nossa série mais conhecida no Brasil, e já tivemos respostas muito positivas de países da Ásia, Europa e Oceania. Outras séries, como Historietas Assombradas e Tromba Trem, foram também muito bem recebidas”. E a estreante Tree House Studios não deixou por menos. “Fechamos parceria com uma empresa indiana para o longa que estamos produzindo, além de negócios com uma empresa neozelandesa para áudio e cor de dois projetos que trouxemos”, conta Márcio Moraes.

“Nossa participação foi bastante vigorosa, melhor do que eu esperava. Reuniões super objetivas, com a intenção real de fechar algum negócio ou projeto de coprodução. Ainda não posso revelar por uma questão contratual, mas concluímos e fechamos a comercialização de duas novas séries para o mercado internacional e para o Brasil com lançamento previsto para vários países, além de um grande projeto que estamos construindo desde o ano passado e fechamos ontem. Estamos orgulhosos de sermos os brasileiros que estarão nesse projeto”, confidenciou João Daniel Tikhomiroff, da Mixer.

Pelo segundo ano no Mipcom, Vinicius Oppido, da PushStart, comemorava a citação de uma de suas produções no MIPJunior como um case de tendências. “Isso nos trouxe muita visibilidade e aumento de acessos à nossa biblioteca de vídeos do MIPJunior, que os compradores acessam. Outra coisa que percebi é que manter a frequência no evento é muito importante, pois as relações com o mercado vão sendo fortalecidas ao longo do tempo”. Gabriel Garcia, da Hype, também concorda que o Mipcom é sempre uma oportunidade para se concretizar ótimos negócios. “Chegamos a fazer 30 reuniões com 10 países diferentes e para nós foi muito bom. Queremos voltar nos próximos anos”.

“Fomentamos muito as parcerias internacionais para o setor e é de fundamental importância estar aqui participando do Mipcom”, disse Diogo Almeida, da Divisão de Promoção do Audiovisual do Ministério das Relações Exteriores. Assim como ele, Tiago Mello, da Boutique Filmes, também estava animado com os encontros com canais, produtores e parceiros internacionais. “O Brasil mais uma vez trouxe uma grande delegação e está conquistando cada vez mais espaço internacional”.

 

Estreantes

Das 41 empresas que compõem a delegação brasileira, sete estrearam no evento esse ano – Apiário, Astronauta Filmes, Feel Filmes, G Entretenimento e Audiovisual, Manifesto GamessBusiness e Tree House Studios.

Erica Ferrer, da Manifesto Games, conta que ficou surpresa com a magnitude do evento e que a participação foi muita produtiva. “Como somos focados em jogos para crianças, conseguimos entrar em contato com muitas produtoras de conteúdo infantil e também com canais de TV. Esperamos estar aqui novamente ano que vem”. “Não tinha ideia do tamanho do evento, o mundo inteiro está aqui. Para nossa empresa foi muito bom, porque nos possibilitou fazer parcerias com empresas que não faríamos se não estivéssemos aqui, especialmente as asiáticas, que nos interessavam muito”, diz  Márcio Moraes, da Tree House Studios.

Também primeira vez no Mipcom, Sebastião Braga, da Feel Filmes, disse estar surpreso com o tamanho do evento. “É muito grande e é o tipo de mercado que a gente tem que fazer a lição de casa antes de vir, organizar bem a agenda. Já frequentamos o Sunny Side of the Doc e já viemos com alguns contatos amarrados de lá de coprodução com a França, aos quais estamos dando prosseguimento”. Ainda segundo ele, como estão filmando em vários lugares do mundo, foi uma oportunidade para fechar alguns serviços de produção.

Já para Gaby de Saboya, da G Entretenimento e Audiovisual, e Victor Dias, da Apiário, o Mipcom se revelou uma oportunidade única de aprendizado. “Estou conseguindo enxergar todo o processo e encontrei muito conteúdo de ficção, animação e documentários. Valeu muito a pena”, diz Gabi. “Encontramos produtoras do mundo todo, o que nos deu uma boa noção de como o mercado está funcionando”, emendou Victor.

Para André Vieceli, da Astronauta Filmes, a participação foi importante para observar o que ocorre nos outros países. A sBusiness, representada por Maurício Carvalho, por sua vez,  trouxe na bagagem a série animada “As Aventuras de Bob Zoom”, voltada ao público pré-escolar (de 2 a 5 anos), cujos canais oficiais têm atualmente mais de 1 milhão de inscritos e mais de 1 bilhão de visualizações. “O evento foi muito interessante e produtivo para divulgação e distribuição dos produtos brasileiros, além do networking com pessoas de diversos países”, finaliza Maurício.

 

Matchmakings Argentina e Canadá

Além das inúmeras reuniões dos produtores com players internacionais, o Brazilian Content organizou rodadas de negócios com a Argentina, em conjunto com a Agencia Argentina de Inversiones y Comercio Internacional (INCAA), e com o Canadá, por meio dos parceiros Canada Media Fund e Telefilm Canada.

A primeira delas aconteceu no dia 16, com o Canadá e, no total, foram 35 reuniões de negócios entre os dois países. Durante uma hora, Visom Digital, hype.cg, Moonshot Pictures, Capelini Filmes, Kampai, Feel Filmes, Alopra Studio, PushStart, 2DLab, G Entretenimento, Copa Studio, Manifesto Games, Apiário Estúdio Criativo, Flamma e Split Studio estiveram reunidas com produtores e distribuidores canadenses interessados em possíveis parcerias com o Brasil. Do lado canadense participaram Yowza Animation, Aux Mode, Group PVP, All Pictures, Productions Avenida, Less Brand, Anaid Productions, CineGroupe Corporation, A etios Productions, Landslide Copernicus, Big Bad boo, Blue Ant International, Fifth Ground e Mirinly.

“O Canadá para nós é muito importante porque eles têm muita experiência em coprodução”, diz Reynaldo Marchesini, da Flamma. Já para Zé Brandão, da Copa Studio, embora curtas, as reuniões representam uma excelente oportunidade para estabelecer contatos que futuramente podem render negócios.

Para Edison Viana, da Moonshot, trata-se de um momento promissor para a aceleração de parcerias internacionais. “Com os novos editais de coprodução internacional da ANCINE a caminho, a parceria com as produtoras argentinas é estratégica para viabilizar propriedades intelectuais de ambos os países, com potencial de comunicar para audiências na América Latina”.

O otimismo é compartilhado por Márcio Moraes, da Tree House Studios. “Fizemos três encontros, sendo dois com produtoras de conteúdo, uma delas de animação já com a proposta de fazer um trabalho comum”, conta. Ainda segundo ele, foi também muito interessante a conversa com uma dubladora que pode se tornar um parceiro para preparar as produções da empresa para a língua espanhola.

No dia 17 foi a vez da Argentina. As representantes do Brasil nas 32 reuniões de negócios entre os dois países foram Cabong Studios, Visom Digital, Kampai, Copa Studio, Moonshot, Tree House Studios, Feel Filmes, PushStart, Manifesto Games, Apiário Estúdio Criativo, G Entretenimento, Medialand, Capelini Filmes e Hype. Participaram do matchmaking pela Argentina Can Can Club, Federal Distribución International, Jaque Content, Yellow Kingdom, Glowstar Media, Very B International, Zoomin S.A., Waira, VLexus Animación, Onceloops Media, Chulengo, Etermax e Puerta Amarilla Cine.

 

Protocolo internacional de cooperação e coprodução audiovisual

No dia 14, o Brasil assinou protocolo internacional de cooperação e coprodução audiovisual, iniciativa liderada pela Aliança de Produtores de Cinema e Televisão do Reino Unido (PACT) com o apoio do Brazilian Content. O país é agora o único signatário da América Latina. O conselheiro federal da BRAVI, Kiko Mistrorigo (TV Pinguim) foi quem representou a associação na assinatura do acordo. “Estamos muito felizes porque, certamente, esse acordo pode gerar muitas oportunidades para os mais de 650 produtores independentes brasileiros representados pela BRAVI”, disse ele.

Dawn McCarthy-Simpson, diretora para estratégia internacional do PACT, também comentou a iniciativa. “Acabamos de assinar essa aliança global de criatividade que vai unir associações de 15 países. Assim, elas poderão compartilhar ideias de produção por meio de uma plataforma online que todos terão acesso e poderão encontrar conteúdo de diferentes países. O Brasil é o único país da América Latina parceiro do Reino Unido. Acredito que a coprodução esteja se tornando uma parte vital da produção no geral, e agora todos poderão trocar informações, se conhecer e discutir coprodução entre seus territórios”.

Além da BRAVI assinaram o acordo SP – Screen Producers Australia (Austrália); VOFTP – Viaamse Onafhankelijke Film & Televisie Procudenten (Bélgica); Canadian Media Producers Association e AQPM – (Association Québecoise de la Production Médiatique (Canadá); HDNP – Croatian Association of Independent Producers (Croácia); TV France International (França); Film und Medien Verband NRW (Alemanha); Producers Guild of India (Índia); ANICA – National Association of Cinematographic Audivisual and Multimedia (Itália); Spada – Screen Production and Development Association of NZ (Nova Zelândia); APIT – Independent TV Producers Association (Portugal); AIPRO – The Association of Independent Producers (Singapura); RAPA – Korea Radio Promotion Association (Coreia do Sul); PACT – Producers Alliance of Cinema & TV (Reino Unido); e NPACT (EUA).

 

Números

O MIPCOM 2018 recebeu 13.800 participantes, incluindo mais de 4.800 compradores de mais de 110 países

 

Essa reportagem foi feita em parceria com a delegação do Brazilian Content com informações diretamente do evento.

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