Empreendedores se conectam com mais de dez setores da economia criativa no MicBR

Com mais de 200 atividades e 400 empresas presentes em aproximadamente 3 mil reuniões nas rodadas de negócios, o MicBR, Mercado das Indústrias Criativas do Brasil, reforçou as conexões entre cultura e negócios, e criou novas oportunidades de troca entre compradores, vendedores e público de cerca de 30 países, em especial da América do Sul.

O encontro realizado entre 5 e 11 de novembro na Avenida Paulista, em São Paulo contemplou dez setores da economia criativa: artes cênicas (circo, dança e teatro), audiovisual (cinema, TV, publicidade e novas mídias), animação e jogos eletrônicos, design, moda, editorial, música, museus e patrimônio, gastronomia, e artes visuais. Foram cerca de 8 mil inscrições nas palestras, oficinas e mesas-redondas.

Delegações de sete países estiveram no MicBR 2018 (Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai).

“Estive nas sessões de networking e pude conversar com mais de 100 empreendedores”, relata Tati Peres, diretora-executiva de entretenimento da Pyntado, empresa de audiovisual e realidade virtual de Campinas (SP), selecionada para participar do MicBR. Dois dias depois do painel “Nichos de mercado em novos conteúdos imersivos”, Tati se reuniu com a mediadora da mesa, a engenheira em gestão de inovação pela COPPE/UFRJ Camila Santo, para conversar sobre as possibilidades do mercado de realidade virtual no Brasil.

 

Economia em movimento

O intercâmbio de experiências promete fomentar ainda mais o setor da economia criativa, que já corresponde a 2,64% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, cria cerca de um milhão de empregos diretos e gera R$ 10,5 milhões de impostos por ano. Isso tudo além de levar cultura aos brasileiros. O Ministério da Cultura (MinC) espera que o MicBR tenha sido o ponto de partida para mais de US$ 10 milhões em negócios, geração de R$ 4,6 milhões em tributos federais, estaduais e municipais e a criação de cerca de 850 postos de trabalho, com um impacto estimado de cerca de R$ 40 milhões na economia nacional.

 

Realidade imersiva

Um mercado que poderá crescer até dez vezes nos próximos cinco anos vem ganhando espaço em projetos e serviços de grandes empresas no Brasil. O uso de realidade virtual já representa um mercado de US$ 250 milhões no País, e deve alcançar o mesmo faturamento do segmento de tecnologia até 2022, segundo o empresário Clifton Dawson, fundador da Greenlight Insight, focada em pesquisa e análise no setor global de realidade virtual e inteligência de mercado. ”A tecnologia no Brasil tem um papel importante, precisamos aproveitar esta oportunidade para criar novos modelos de negócio na indústria criativa”, disse Dawson.

Emily Olman, CEO da Hopscotch Interactive e cofundadora da Spatial First, explicou como usa as realidades virtual e aumentada no mercado imobiliário e defendeu que a tecnologia tem, sim, um lado emocional. “As pessoas sempre pensam em visualizar locais fantasiosos com a realidade virtual, sem ter realmente uma sensação de estar presente. Eu acredito que a presença não é algo físico, mas sim mental”, disse ela, que aposta em ‘transportar’ as pessoas para casas à venda.

 

Mapa de Regime Tributário deve facilitar produção cultural

O Ministério da Cultura (MinC) apresentou, durante o Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MicBR), em São Paulo, uma pesquisa para fortalecer as cadeias produtivas da economia criativa. Para a produção do Mapa de Regime Tributário, foram estudados os regimes regulatório e tributário incidentes sobre cinco setores culturais: música, mercado editorial, audiovisual, jogos eletrônicos e artes visuais. O objetivo foi abordar aspectos jurídicos e normativos, identificar possíveis pontos negativos e propor medidas para aperfeiçoar os ambientes regulatórios e de negócios.

Daniela Galvão, advogada tributarista do escritório Cesnik Quintino & Salinas, responsável pela elaboração do Mapa, opinou que são necessárias melhorias nos sistemas regulatório e tributário para se encaixar melhor ao mundo da internet e suas novas ferramentas, como streaming de músicas e e-books, por exemplo. O estudo foi realizado em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Segundo o coordenador-geral de Estudos e Monitoramento da Secretaria de Economia Criativa do MinC, Luiz Eduardo Lima de Rezende, o objetivo do Mapa é identificar os entraves hoje existentes, tanto do ponto de vista tributário quanto do administrativo. “Queremos buscar soluções, sejam elas de proposição de melhoria legislativa ou da melhoria na relação administrativa”, afirmou.

Em 2016, segundo estudo da PriceWaterhouseCoopers, o setor de mídia e entretenimento mundial arrecadou mais de US$ 1,8 trilhão e, em 2021, a previsão é chegar a US$ 2,23 trilhões. No Brasil, esse faturamento foi de mais de US$ 35 bilhões no mesmo período e a expectativa de arrecadação para 2021 é de US$ 44 bilhões, o que representa um crescimento de 4,66%, maior do que a média mundial, de 4,24%. Ou seja, há um grande potencial a ser explorado, e o Mapa do Regime Tributário pretende ser uma ferramenta de auxílio na busca por esse desempenho e crescimento.

 

A indústria dos games

Em 2017, a indústria de games faturou mais de US$ 120 bilhões no mundo, mais do que setores importantes, como a da música e o cinematográfico. Deste montante, o Brasil responde por US$ 1,3 bilhão no Brasil, o que coloca o país no 13º lugar no ranking mundial, com cerca de 1,7 mil jogos produzidos nos últimos dois anos.

O 2º Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, realizado pelo Ministério da Cultura (MinC) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) foi apresentada durante o Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MicBR), em São Paulo.

Pixel Ripped, game brasileiro

O estudo indicou crescimento do mercado de jogos eletrônicos brasileiros em todas as regiões do Brasil. De 2014 a 2018, o número de desenvolvedoras passou de 142 para 375, um aumento de 164%. Apesar de as empresas ainda se concentraram no Sul e Sudeste, as regiões Norte e Centro-Oeste foram as que apresentaram o maior crescimento proporcional de novos empreendimentos nos últimos quatro anos.

 

Apoio do BNDES

O BNDES participou da mesa-redonda sobre Economia Criativa, Design e Turismo, na Livraria Cultura (Teatro Eva Herz – Av. Paulista 2073 – Cerqueira César). Na ocasião, a gerente de Economia Criativa do Banco, Fernanda Farah, explicou como a instituição vem atuando no fomento a esses segmentos.

 

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