Quais os caminhos que a rádio, a inteligência artificial e as mídias imersivas devem seguir?

De 27 a 30 de agosto, São Paulo recebeu a SET Expo, feira e congresso dedicados ao mercado audiovisual. O encontro trouxe soluções novas apresentadas por startups (aliás, confira os ganhadores do Desafio SET abaixo), novidades tecnológicas, tendências em TV digital, a comemoração dos 30 anos da SET Brasil e ainda percorreu debates sobre VR, automação e TV Digital, além de contar com uma feira com mais de 150 expositoras.

Assim, o evento termina trazendo mais alguns questionamentos, confira:

 

O futuro do rádio

O desafio do rádio hoje é deixar a plataforma original. Não se trata de abandonar a essência mas de fincar bandeira em um ambiente onde a audiência já está presente. Essa é a opinião de Carlos Aros, jornalista da Rádio Jovem Pan, que falou sobre Rádio “on line” – imagem/áudio – novos hábitos, no painel Conteúdo: o futuro do rádio – alternativas.

Para Luciano Costa Hoerbe, gerente de redes, licenciadas e afiliadas da área de rádio do Grupo RBS, de Porto Alegre, é preciso entender o processo de transformação do mercado e se conscientizar de que não é possível mais ser apenas emissora de rádio, mas distribuidoras de conteúdo e receptora dos desejos de seus clientes.

Em outro painel, O rádio e as plataformas inteligentes, foram apresentados cases de sucesso. Mas está claro que é preciso sair da “caixinha” e criar produtos que atendam às exigências do novo ouvinte.

Dos smartphones às smart speakers, passando por plataformas de inteligência artificial, assistentes virtuais, interfaces de voz e plataformas de publicidade especializadas em áudio, o rádio é a mídia com maior potencial para explorar de forma ágil e com sucesso esse conjunto de novas tecnologias segundo Marco Túlio Nascimento, diretor da ZYDigital e vice-diretor de Rádio da SET Brasil, moderador do painel.

 

Inteligência artificial: voz e classificação de dados interferem no consumo

Os assistentes baseados em inteligência artificial, em poucos anos, devem dominar a interação dos usuários com novas tecnologias. De um lado, buscas por voz representam 20% das pesquisas do Google nos Estados Unidos; de outro, a classificação avançada dos dados das produções permite entender roteiros e selecionar cenas de um personagem determinado.

A aplicação desses tipos de tecnologia na mídia foi tema do painel Inteligência artificial e assistentes virtuais no cenário das mídias”. Segundo Walquiria Saad, gerente de desenvolvimento de parceiros estratégicos do Google Assistant LATAM, em três anos a linguagem natural (que usa “vai chover hoje?” em vez de “clima são paulo hoje”) deve se tornar o principal meio de interação entre marcas e consumidores. “Hoje, 70% dos requests no Google Assistant são em linguagem natural sem inputs robóticos. Quanto mais opção de interação, melhor. Depende do momento, da pessoa e do uso”.

 

O papel do áudio nas mídias imersivas

Realidade virtual, aumentada, mista, vídeo 360 graus e demais formatos começam a ganhar evidência. A produção de áudio para esse tipo de conteúdo foi debatida em painel comandado por Carlos Ronconi, assessor técnico de áudio da Rede Globo. “Nunca antes houve tanta demanda por trabalhos sonoros realistas e envolventes”, observou o moderador. “É um contexto novo e desafiador para os engenheiros de som e demais profissionais do setor”.

Daniel Reis, Head of Sales da Sennheiser no Brasil, deu detalhes do processo de captura, mixagem e renderização de som para conteúdo audiovisual imersivo. Apesar de conteúdos de realidade virtual geralmente entregarem áudio em forma binaural, a captação segue um ritual diferente. “É preciso utilizar todo um aparato voltado ao áudio 360 graus, como gravadores de campo multicanal, com no mínimo quatro canais, ou interface de áudio”, explicou. Segundo Reis, também são necessárias metodologias dedicadas de mixagem, como aquelas baseadas no Ambisonics – formato de som surround de esfera completa que, além do plano horizontal, cobre as fontes de som acima e abaixo do ouvinte.

A pós-produção é responsável por materializar os efeitos especiais, como as mudanças de som que ocorrem conforme o usuário dos óculos VR (de realidade virtual) movimenta a cabeça. Um desafio nessa etapa, disse Reis, é o acompanhamento do material em fase de produção. “Existem plug-ins que transformam o áudio de esfera completa em binaural, permitindo a audição”, explicou.

 

Vencedores do Desafio SETup 2018

A SET Innovation Zone anunciou o resultado do Desafio SETup 2018. Venceram a Chili Gum, plataforma que transforma dados estruturados em vídeos personalizado; a Sling Musical, plataforma digital de música, produtores e artistas independentes; e a Xtream Solution, empresa de acervos de vídeos com reconhecimento facial e busca de áudios por texto.  As três vencedoras participarão do Desafio Like a Boss na CASE 2018 – Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo, que ocorre em 29 e 30 de novembro, em São Paulo e concorrerão a uma vaga no programa de aceleração da Dream2B, no Canadá.

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