Experiências do cinema brasileiro no exterior: recepção, circulação e programação das produções

Anualmente a Mostra de Cinema de Tiradentes promove a mesa “Um olhar sobre o cinema brasileiro”, que reúne convidados internacionais para discutir como vem sendo a recepção e circulação das produções do país no circuito e em festivais no exterior. Nesta 22a edição, o encontro reuniu o argentino Roger Koza e a francesa Claire Allouche, que integram o júri da crítica.

Koza é um dos grandes responsáveis pela exportação de filmes revelados em Tiradentes, como “Baronesa”, para os festivais internacionais. Já Allouche centra sua pesquisa de doutorado no cinema latino e atualmente desenvolve parte de sua tese no Brasil.

Claire Allouche mostrou informações a partir da apresentação intitulada “Notas sobre ocorrências e ausências do cinema brasileiro contemporâneo nas telas francesas”. Entre dados do circuito exibidor e de eventos segmentados de cinema na França, a convidada detectou a dificuldade de determinados filmes, que acredita relevantes e de invenção, atingirem espaços fora dos tradicionais ou canônicos.

“A última grande retrospectiva de cinema brasileiro na França tinha sido em 1987, com curadoria de Paulo Paranaguá, até que, em 2015, outra retrospectiva ocorreu, feita por Bernard Payen”, relembrou ela, que destacou as controvérsias em torno do programa desenvolvido por Payen, que deixou de fora diversos títulos representativos tanto de cinema contemporâneo quanto histórico. Em termos de festivais, Claire falou sobre o Três Continentes (Nantes) e o Cinelatino (Toulouse), que sempre contam com brasileiros em suas grades, tanto nas competitivas quanto nas mostras paralelas.

Já o crítico Roger Koza preferiu refletir sobre a figura do programador como aquele que leva os filmes para serem exibidos a determinadas plateias. “Um dos elementos políticos no trato com o cinema hoje é o trabalho da programação, que exige muito estudo e concentração, muito cuidado para o que se vai escolher mostrar”, disse ele. Grande entusiasta do cinema independente brasileiro, Koza afirmou que a Mostra de Tiradentes tem por característica a exibição de filmes muito distintos entre si e sobre os quais públicos de outros países às vezes não entendem de imediato, mas apreciam ao tomarem contato.

 

“Estratégias de Festivais Internacionais e a Visão de Programadores sobre o Cinema Brasileiro”

Na mesa, os argentinos Diego Lerer (representante da Quinzena dos Realizadores na América Latina) e Violeta Bava (consultora de programação do Festival de Veneza), juntamente com a equatoriana María Campaña Ramia (programadora do Ambulante Documentary Film Festival) e a suíça Mathilde Henrot (COO do site Festival Scope e programadora do Festival de Locarno), revelam os mecanismos e linhas de seleção de seus corpos curatoriais e apresentam suas impressões sobre o cinema brasileiro contemporâneo. A mediação foi da curadora de longas Lila Foster.

 

*Veja a cobertura completa.

*A equipe viajou a convite do evento e teve parceria com a Agência Encontre Sua Viagem – Vila Maria (SP).

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