MAX 2019 começa com orquestra, papo com Netflix e debate sobre produção regional
A Minas Gerais Audiovisual Expo – MAX 2019 começou hoje (28/11) na sede do Sebrae-MG, em Belo Horizonte, com direito à apresentação de trilhas sonoras famosas do cinema com execução da orquestra do SESI-MG. O encontro mantém seu foco no fomento e promoção dos negócios do audiovisual com mais de 300 projetos aceitos para participar de rodadas de negócios. Vale lembrar que, somente em 2018, na edição anterior, o evento foi palco de prospecções na ordem de R$ 526 milhões. Com a edição de 2019, é esperado que o evento atinja um total de 1.350 rodadas de negócios em sua história.
Além disso, a MAX conta com sessões educativas de exibição para escolas da região, a exibição de animações mineiras e uma área dedicadas aos games em seu foyer, bem como uma exposição de tecnologias antigas e novas da indústria cinematográfica, esta realizada em parceria com o MAO – Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte.
Abertura do evento
Representando o Sebrae-MG, Afonso Maria Rocha, superintendente da organização, afirmou que o Sebrae quer ajudar o mercado audiovisual a ampliar conhecimento em gestão para garantir competitividade e continuidade do setor. Para ele, o compromisso da entidade com a MAX desde sua primeira edição em 2016 demonstra o desejo do Sebrae em contribuir para esse mercado.
“Peço que o contato entre o audiovisual e o Sebrae não seja só durante o evento, mas também nos demais dias. Estamos prontos para sermos demandados. Será um prazer fazer história com o setor audiovisual, fazer o setor crescer e ter ainda maior participação na economia do País”, disse Rocha. Estima-se, por exemplo, que os setores de economia criativa em geral têm um retorno de 160% de valor gerado para o País – a cada R$ 1 investido, retornam R$ 1,60 – e para o audiovisual essa estimativa pode ser ainda maior.
Papo reto com a Netflix
O primeiro painel da MAX 2019 foi um bate-papo com a Netflix, representada por Maria Ângela de Jesus, diretora de produções internacionais da Netflix no Brasil. As perguntas do painel foram endereçadas por Tiago Mello, produtor executivo da produtora Boutique Filmes.
Mello fez algumas das principais perguntas que qualquer produtora gostaria de fazer à Netflix, questionando temas como os gêneros de maior interesse, como mandar projetos, como os dados dos assinantes são usados e o olhar sobre a produção independente.
Maria Ângela afirmou que a Netflix não busca um gênero ou formato específico de conteúdo, mas sim boas histórias, capazes de gerar engajamento emocional com os assinantes. A executiva explicou que esse é um dos motivos que leva a empresa a participar cada vez mais de eventos fora do Eixo Rio-São Paulo, para ser capaz de acessar mais a diversidade do País. “Acreditamos que uma história com força local viaja melhor para outros locais. Quanto mais original e autêntica, mais a história viaja”, disse.
Quanto aos dados, Maria foi enfática ao dizer que eles não influenciam a história, a construção da narrativa do conteúdo. Os dados ajudam a entender os interesses dos assinantes, orientar a entrega do conteúdo, orientar investimentos da empresa em projetos. Já sobre as produtoras independentes, ela apontou esses profissionais e empresas independentes como os principais parceiros da Netflix em qualquer país. Enumerando os conteúdos brasileiros lançados em 2019 na plataforma, Maria frisou que cada um foi realizado com produtoras diferentes graças exatamente a essa pluralidade de parceiros e graças à liberdade criativa da Netflix por não ter formatos fechados.
Também se destacou no painel o suporte que a empresa concede, inclusive suporte financeiro separado dos orçamentos dos projetos, para a inclusão de jovens de origem periférica. O chamado Programa de Capacitação de Jovens Profissionais levou 10 jovens para a produção de “3%” da Boutique Filmes, que nas últimas produções passou agora a receber 20 jovens – sempre dando oportunidade de crescimento dentro da companhia e dos projetos criados. Vale destacar também que a empresa já gerou 40 mil empregos no Brasil desde sua primeira produção em 2015.
Por fim, Maria Ângela reforçou o compromisso da Netflix com o mercado audiovisual brasileiro ao orientar sobre o envio de projetos. O procedimento indicado é enviar e-mail para a Netflix avisando que tem um projeto para enviar (seja qual for a fase de execução dele). Então, a empresa responde encaminhando um link para upload seguro do projeto, evitando que ele se perca nos e-mails e spam. Um e-mail que pode ser usado é o de Isadora Laban, responsável pela organização da avaliação inicial dos projetos: ilaban@netflix.com.
Giros Filmes e Maria Farinha Filmes – Produção regional
Participaram da mesa-redonda os profissionais, Belisário Franca e Maurício Magalhães, da Giros Filmes, e Mariana Oliva, da Maria Farinha Filmes. Juntos, debateram a necessidade de valorização do poder criativo das histórias regionais como relevantes globalmente, bem como a urgência de fazer um planejamento detalhado para cada projeto já no momento de criação para garantir a vida útil mais longa possível e saber onde se quer chegar.
Um exemplo foi dado por Belisário sobre o documentário “Menino 23”, que foi lançado há três anos e ainda continua relevante em universidades, exibições e estudos dentro e fora do Brasil.
– “Cada projeto da Maria Farinha Filmes está conectado a um tema da ONU, sempre é pensado na estratégia de produção de impacto (social) de cada projeto. Além disso, é valorizado o olhar do autor, sua capacidade criativa e de narrativa”, disse Mariana.
– “As histórias regionais são globais. Temos que mudar o olhar da nossa indústria, não é para sermos conhecidos no bairro, mas no mundo. Temos que ter relevância e planejamento em cada projeto”, afirmou Magalhães.
Confira como foi a cobertura do Prodview da MAX 2018.
*A equipe Prodview viajou para Belo Horizonte à convite da organização do evento.