MAX 2019: Brasil é principal país latino-americano sem film commission nacional

Ainda no primeiro dia da Minas Audiovisual Expo – MAX 2019, 28 de novembro, o evento de Belo Horizonte foi palco para mais um debate relevante sobre o mercado audiovisual, dessa vez sobre Film Commissions. Um dos pontos mais preocupantes da mesa-redonda foi a constatação do Brasil como o principal país latino-americano sem uma Film Commission nacional, ficando atrás de outros países como Colômbia, México, Costa Rica, Chile, entre outros.

A necessidade de uma entidade nacional para centralizar os processos, divulgar o País como locação para filmagens em nível global e aproveitar melhor essa atividade econômica que pode gerar milhões de reais de retorno – esses foram alguns dos pontos com os quais concordaram os participantes do painel André Faria da Rebrafic – Rede Brasileira de Film Commissions, Carolinne Golfeto da Spcine e São Paulo Film Commission, Tânia Pinta da RioFilme e RioFilm Commission.

Para Faria, é notável essa ausência nos principais eventos mundiais de audiovisual como Cannes, por exemplo. “Vemos todos os stands dos países convidando a filmar com incentivos fiscais, informações relevantes sobre cenários e infraestrutura, além claro da divulgação dos filmes do país em questão. O Brasil divulga seus filmes, que é super importante, mas sem convite para filmagem em terras nacionais – lembrando que essa atividade econômica tem o poder (e o dinheiro) para ajudar nosso mercado audiovisual interno por meio de contratações e prestação de serviço que poderiam ser um meio de termos mais sustentabilidade no nosso setor”, afirmou André Faria.

O executivo ainda explicou que film commissions de diversos países têm incentivos fiscais e divulgam em eventos do audiovisual e do turismo, isso porque sabem que cada centavo investido terá um retorno muito maior para o país em si seja em contratação de serviços, transporte, turismo cinematográfico, experiências e cases para o mercado audiovisual local. Os EUA têm Film Commission desde os anos 1940, tendo hoje em nível estadual, municipal e até de condados. Europa, Oceania e América Latina também têm essa preparação para aproveitar os proventos que vêm dessa atividade econômica. Além disso, cada obra audiovisual acaba por divulgar o local em que é gravada, incentivando o turismo e futuras filmagens. “Falta os órgãos públicos brasileiros para audiovisual e exportação fazerem benchmark com órgãos similares de outros países”, afirmou André.

Nesse contexto, além da falta de uma film commission nacional, alguns dos locais mais procurados para filmagens nacionais e internacionais como o Nordeste e o Amazonas não têm film commissions locais ativas. “São Paulo Film Commission, Rebrafic e RioFilme, nós estamos tentando se ajudar. Mas, sem uma film commission nacional, ficamos sem centralização e alinhamento”, comentou Tania.

Das entidades presentes no painel, a RioFilm Commission se destacou como a organização desse tipo mais antiga sem pausa de funcionamento no País; a São Paulo Film Commission também teve destaque com seu, aplicativo e procedimentos online padronizados. “Antes da film commission de São Paulo, não se seguia padrão e hvia dependência de indicação e familiaridade com os dirigentes. Hoje temos isonomia no procedimento, bem como temos como obrigatório o levantamento sobre impacto econômico das filmagens – isso acaba por dar mais uma razão para a entidade existir e abrir a cidade para gravações”, disse Carolinne, que destacou o app da film commission, que tem +400 locações identificadas por +550 tags de busca.

Tania da RioFilme, por sua vez, explicou que a RioFilm Commission é um braço da entidade que nasceu como uma distribuidora pública para o cinema nacional. Para ela, as principais funções de uma film commission são a desburocratização e a facilitação do procedimento necessário a uma filmagem na cidade. “O Rio é uma cidade complexa, quanto mais ajudarmos a facilitar, mais vamos aproveitar esse eixo econômico”, comentou. Ela ainda contou que, mesmo com apenas 10% das produções no Rio declarando seu impacto econômico e orçamento, as gravações no Rio de Janeiro já geraram mais de R$ 31 milhões para a cidade só neste ano até outubro. “Se todos declarassem, provavelmente teríamos mais de R$ 300 milhões”, estimou. Para Tania, somente com a TV Globo declarando seu impacto, já seria muito mais do que os R$ 31 milhões iniciais.

Contatos com as Film Commissions do debate:
Rebrafic
RioFilm Commission
São Paulo Film Commission

Confira mais da MAX 2019.

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