MAX 2019: mulheres no mercado de animação, janelas e modelos de negócio

O último dia da Minas Gerais Audiovisual Expo – MAX 2019, 29 de novembro, manteve a programação intensa do evento de Belo Horizonte, realizado na sede do Sebrae Minas. O encontro teve performance musical ao vivo e sessões educativas para escolas da região, além de permanecer como palco de debates relevantes do setor audiovisual.

Elas na animação

Participaram do debate sobre a presença de mulheres no mercado de animação: Fernanda Salgado da Apiário Estúdio Criativo, a artista visual Giuliana Danza, a diretora de animação Lena Franzz, além da moderadora Adriane Puresa, da empresa Elefante Voador. “A formação é 60% de mulheres em cursos formais de animação, mas no mercado somos só 21% do setor. Quando muito, por vezes as mulheres conseguem ficar como diretora de produção, poucas são diretoras ou produtoras. Temos que nos impor mais”, afirmou Adriane.

Fernanda, por sua vez, comentou como a situação atual da mulher na animação é reflexo de sua situação no meio audiovisual como um todo – especialmente em cargos mais técnicos como diretora de fotografia, quando se encontram ainda menos mulheres. “A consequência é uma falta de representatividade, nós não nos vemos. Mesmo nos EUA as mulheres não têm tanto espaço, menos ainda para as ‘women of color’ (negras, indígenas etc.). E os estereótipos são perpetuados, colocadas em cargos de organização porque são “boas organizadoras e boas mães”, pra cuidar de um bando de marmanjo”, declarou.

Uma trajetória de mudança foi a contada por Lena, que faz parte da produção “Irmão do Jorel” desde o início da animação, que hoje já passou da terceira temporada. “Na primeira temporada éramos três mulheres em um time de 16 pessoas. Hoje somos maioria, somos sete em 12”, comentou. Para ela, as mulheres da área ainda sentem bastante insegurança, não por culpa delas, mas por consequência da situação do mercado. “Mas temos que pensar em como vencer isso”.

Giuliana concordou e ainda apontou que muitas mulheres sofrem assédio sexual e moral no mercado só por serem mulheres, desde a faculdade. “A gente batalha por equidade, 50%. A meta é essa, o equilíbrio, não precisamos eliminar ninguém – é para somar forças”.

Cinemascope, cursos para formação profissional

Crédito: Paulo Marcio

Joyce Pais e Magno Martins, do Cinemascope, apresentaram o portal que nasceu como um hub de notícias e agora se dedica especialmente a cursos de formação profissional para o setor audiovisual com temas como direção de fotografia e Introdução à Linguagem Cinematográfica. “A direção de fotografia é uma das carreiras com maior desigualdade de gênero, tanto que fizemos promoções especiais em grupos direcionados a mulheres no audiovisual para incentivar a chegada dessas mulheres na área”, comentou Joyce.

Ambos, inclusive, apontaram sete dicas para monetização de projetos:

  1. Defina o seu modelo de negócio
    2. Escale uma equipe com skills variadas
    3. Busque parceiros e conteúdos fora da caixa
    4. Planejamento estratégico pré, durante e pós-execução
    5. Dialogue constantemente com a sua comunidade
    6. Vá além do óbvio: arrisque, engaje e inove
    7. Planeje o futuro: busque novos horizontes no audiovisual

Janelas e modelos de negócio

Crédito: Paulo Marcio

Para trazer as visões diferentes presentes entre players do mercado, foram convidados a um mesmo painel: Luiz Bannitz do Fitness Channel, Rodrigo Carneiro da 98 Live e, como moderador, Carlos Ribas da Cisup.

Carneiro afirmou que o futuro da monetização do audiovisual não se dará na dependência da publicidade. “O futuro não está no conteúdo apenas, mas na curadoria desse conteúdo. O volume é enorme e a qualidade não tanto”, disse. Para ele, cada novo conteúdo precisa já nascer com um plano de monetização incluso, de autossuficiência. Além disso, o executivo acredita ser necessário que os conteúdos que nascem em locais mais regionais precisam ser apresentados como capazes de atingirem uma audiência global.

Falando sobre criação de conteúdo autossuficiente, Bannitz explicou que o Fitness Channel está evitando uma dependência demasiada do patrocínio e publicidade dos fabricantes de itens para exercícios físicos. Além disso, o canal está adaptando seu conteúdo para que os cenários e situações sejam mais próximos da realidade do público: com menos exercícios em paisagens “perfeitas” e mais nas salas de estar de pessoas reais, por exemplo.

 

Confira os demais textos sobre a MAX 2019:

Um olhar da Moonshot Pictures e Fórum de Lideranças Femininas no Audiovisual
Brasil é principal país latino-americano sem film commission nacional

MAX 2019 começa com orquestra, papo com Netflix e debate sobre produção regional
– E ainda: Cobertura da MAX 2018

*O Prodview foi à MAX 2019 a convite da organização do evento.

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