MAX 2020 – Parte 2: mais de 1.000 inscritos, 5G e ausência de políticas públicas no Brasil

Em quatro dias de programação on-line e gratuita, a Minas Gerais Audiovisual Expo – MAX 2020 entregou muitos conteúdos, debates e negócios. Por isso, o Prodview condensou a cobertura do evento em duas matérias com os principais destaques do encontro.

Neste link está a primeira parte da cobertura.
Vale lembrar também que todos os debates e painéis estão já disponíveis no site da MAX 2020 até 18/12: www.minasgeraisaudiovisualexpo.com.br/pt/.

Agora, confira a parte 2 dos destaques:

BALANÇO GERAL

Com 1.265 pessoas inscritas para conferir as 15 horas de debate e todo o conteúdo gratuito, a MAX 2020 contou com quase 50 convidados de destaque, expectativa de geração de negócios na ordem de R$ 427 milhões e teve curadoria da Brasil Audiovisual Independente – BRAVI. “Hoje a MAX é uma das protagonistas nas ações de mercado voltadas para as produções brasileiras independentes e acredito que essa tenha sido a melhor de todas as edições. Tivemos colaboradores de altíssimo nível e, por ser totalmente virtual, conseguimos internacionalizar o evento e trazer pessoas muito importantes do mercado global. Esses palestrantes deram verdadeiros shows e trouxeram novas visões e possibilidades para a produção audiovisual brasileira”, declarou Lucas Soussumi, gerente pre projetos da BRAVI, em comunicado oficial.

DEBATES E PAINÉIS

Abertura “Visões do conteúdo infantil para além da pandemia”
Com David Kleeman, da inglesa DUBIT, e Artur Costa, game designer, o painel abrir o terceiro dia da MAX 2020. Para isso, Kleeman apresentou os resultados de uma pesquisa mundial sobre o comportamente de crianças em meio à pandemia, com especial destaque ao consumo de mídias. Como era de se esperar, o tempo de tela aumentou, ainda mais no consumo de serviços de streaming, com alta demanda de conteúdos para o público infantil.

Debate “Rumos da narrativa ficcional”
A moderação ficou com a jornalista Ana Paula Sousa, enquanto os painelistas foram o roteirista
Gustavo Bragança, que comentou sobre a série “Bom Dia Verônica”(Netflix), e a roteirista e script editor Helen Beltrame-Linné, que participou de “Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro”. Para Bragança, “a maior preocupação é sempre construir muito bem os personagens e tramas para contar bem a história. É preciso ter coerência e força no desenvolvimento da narrativa. Essa é a marca de projetos bem-sucedidos, mesmo que polêmicos”. Já para Helen, “roteiros são objetivos políticos e as mesmas histórias são contadas desde a Grécia antiga. O que muda são as ferramentas, a trajetória e o ponto de vista de quem conta. Há espaço para personagens complementares e precisamos refletir muito sobre isso”.

Debate “Novo real: retratos do mundo contemporâneo”
Com a participação do escritor e ambientalista Ailton Krenak e do diretor Marco Altberg, da Indiana, o debate abordou os formatos de documentário no momento de pandemia que vivemos, destacando algumas ficções que se mostraram bastante reais. “Pandemia é isso. Ficar isolado querendo fazer as coisas sem poder. Estamos presos a essas telas e isso não é cinema ou audiovisual. A arte está subjugada a este formato estetoscópico do computador e considero isso indecente. Olha o universo criativo que estamos habitando agora? Estamos mesmo é perdidos”, desabafou Krenak.

Painel “A produção documental, o registro da história mundial”
O encontro de cineastas trouxe um olhar sobre ideias para aqueles que queiram começar a produzir documentários. Fizeram parte do painel os diretores Pablo Guelli (Salamanca Filmes), Alice Riff (Riff Studio) e Tali Yankelevich, com moderação da jornalista Cris Padiglione. No caso de Alice, por exemplo, ela afirmou que a pandemia, ao mesmo tempo, representa dificuldade para filmar por falta de financiamento e oportunidade de participar de eventos internacionais para negociar com players sem sair de casa.

Debate “Atualizações do Audiovisual Brasileiro”
O sócio-diretor da Solo Filmes, Guilherme Fiuza, conversou com o diretor editorial do Teletime News, Samuel Possebon, sobre alguns desafios do setor audiovisual atualmente, em especial o mercado brasileiro e a ausência de políticas públicas. “A verdade é que vivemos um momento inédito. Já passamos por muitos problemas, mas nada como agora. Há uma conjunção de fatores negativos que criaram uma tempestade perfeita. Temos crise administrativa, econômica, política, cultural, estrutural e histórica. Não temos mais um ministério ou mesmo secretarias de cultura estáveis. Estão implodindo o audiovisual por dentro”, disse Possebon.

Captura de tela do painel “Propostas ao Setor Audiovisual”

Painel “Propostas ao setor audiovisual”
Com moderação de Ana Paula Sousa: Julia Nogueira (sócia da Camisa Listrada BH), Mauro Garcia (Presidente Executivo da BRAVI), Vânia Lima (Sócia da TemDênde Produções) e o diretor Luiz Carlos Barreto. Com 92 anos, Barreto mesmo afirmou que a crise que o setor enfrenta agora é uma repetição histórica de grandeza do audiovisual seguida por risco e queda por falta de apoio de políticas públicas. Ele declarou que o mercado “sempre cresce de novo”.

Painel “Oportunidades no mercado audiovisual chinês”
Este painel contou com muitos participantes, confira: o presidente da Empresa Mineira de Comunicação (EMC), Sérgio Rodrigo Reis; Xu Yuansheng, cônsul comercial da China (Consulado Geral da China no Rio de Janeiro); Yanlan Mu, diretora Global da MangoTV; Cristal Zhou Jing, executive General Manager
do Huitong Riverside; Dean Zhao, diretor da Perfect World Games Ltd.; e Mary Morita, gerente executiva do Brazilian Content. Segundo o cônsul Xu Yuansheng, “esta edição virtual [da MAX] combina recursos audiovisuais com novas mídias e tecnologias e atrai novas empresas. O governo chinês incentiva o comércio cultural. A China está de portas abertas para o Brasil e queremos criar, em conjunto, uma cooperação benéfica. Considero a MAX uma ponte cultural entre a China e a América Latina”.

Debate “Reflexões sobre a inovação tecnológica no audiovisual”
O debate abordou principalmente a chegada em breve do 5G ao País, tendo como participantes Daniela Souza, da AD Digital e Carlos Fini, presidente da SET e diretor de Tecnologia do Grupo RBS. Daniela aproveitou o momento para trazer um olhar da possibilidade para o futuro: “O 5G já é realidade na China e trouxe muitas reflexões e mudanças. O 5G vai diminuir os custos de distribuição, pois poderemos baixar os filmes nas salas de cinema da nuvem, por exemplo. Os carros serão autônomos e o tempo, antes gasto com mobilidade, poderá ser usado para ler, estudar, namorar e até dormir. O que é futuro para a gente já é presente no oriente”. Fini, por sua vez, apontou também para um mundo “hiperconectado”, declarando-se um otimista sobre o fato.

Keynote “Diversidade e inclusão”
A estrela do keynote foi Deborah Williams, presidente da rede inglesa Creative Diversity Network (CDN), que apresentou as experiências de iniciativas de representatividade no setor audiovisual britânico. Ela contou que a CDN desenvolveu um sistema online que coleta dados sobre gênero, identidade, idade, etnia, orientação sexual e deficiência de pessoas que trabalham neste mercado. Tudo com o objetivo de promover a criação de conteúdos com mais inclusão e colaboração.“É necessário ter informações para saber onde estão os problemas, as lacunas e os desafios. A partir daí, fazemos campanhas para estimular as redes de TV a assumirem compromissos no sentido das mudanças e estimulamos o engajamento das pessoas para as causas da diversidade e da inclusão. Nosso próximo objetivo é ampliar para 9% de participação de pessoas com deficiência nas emissoras”, afirmou.

Painel “Políticas de inclusão e representatividade na indústria audiovisual”
Antes de abordar o painel, vale lembrar que a desigualdade no setor audiovisual é algo que se vê muito fortemente no Brasil. Segundo a organização da MAX, citando dados do IBGE disponíveis no site da RAIO, 54% da população brasileira é composta por negros. Porém, utilizando também um levantamento da Agência Nacional do Cinema – Ancine, constatou-se que, nas fichas técnicas de obras apoiadas com recurso do Fundo Setorial para o Audiovisual – FSA, 71% dos profissionais são brancos.

Com esse cenário e outros mais, envolvendo também questões de gênero e acesso, este painel recebeu um debate da inclusão e representatividade por meio de suas participantes: Viviane Ferreira, presidente da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro – APAN, Debora Ivanov, fundadora do +Mulheres Lideranças no Audiovisual Brasileiro e Luciana Bobadilha, diretora executiva do Instituto Criar.

 

*O Prodview agradece à organização do evento e à assessoria ETC Comunicação pela atenção e envio de informações do evento.

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