Pixel Show 2019: trajetória de animação latino-americana e dicas para mercado de pós-produção
O Pixel Show 2019 foi realizado em São Paulo entre os dias 30 de novembro e 1º de dezembro, tendo abertura da conferência um dia antes, em 29 de novembro. Com este ano, o evento completou 15 edições, mais de 50 mil participantes em edições anteriores e 48 workshops.
Só no encontro deste ano, a chamada Feira de Criatividade, que contou com entrada gratuita, teve mais de 200 expositores dos mais variados, de tatuagem a videogames, de patchwork a esculturas realistas e conteúdos de realidade virtual, entre outros itens e artes. Além disso, a conferência, esta sim com entrada paga, teve uma série de palestras e debates simultâneos divididos em espaços com nomes como Tech, Voice e, claro, um auditório principal. Este, inclusive, recebeu a palestra de Alvaro Ceppi, diretor criativo da produtora Zumbastico Studios, responsável pela obra mista de animação e stop motion com papel: “Puerto Papel”, que é exibido em canais dentro e fora da América Latina, tendo sido dublado em espanhol, português e inglês.
Ceppi contou sobre o processo de criação, venda e realização do conteúdo como a vitória do pitching em Annecy, porém ele enfatizou especialmente os detalhes do processo criativo. “A animação nem sempre é sobre o movimento corporal forte, mas sobre as expressões faciais”, comentou ao apresentar como os personagens foram construídos de modo que as expressões são adicionadas depois por meio de animação, computação gráfica.
Para criar os cenários, que foram primeiro testados em computação gráfica 3D também para evitar gasto com teste de materiais, bem como todos os outros itens necessários à produção, a empresa precisava de muitas pessoas. “Precisávamos de 50 pessoas, mas não tinha gente capacitada em stop motion, então tivemos de escolher pessoas para capacitarmos”.
Outra palestra interessante ao mercado audiovisual foi a “Por que não, Brasil?”, apresentada por Kleber Darcio, lead lookdev e render da Orbtal Studios, empresa especializada em efeitos especiais e pós-produção em geral que é um braço da empresa Casablanca. O executivo abordou a saída comum de profissionais brasileiros do mercado brasileiro para criar experiência em países estrangeiros, questionando até onde isso realmente se faz necessário. “Tem gente que sai porque quer mesmo sair do País, tudo bem. Mas tem uma galera aqui que não gostaria de sair, que gostaria de provar seu talento aqui dentro”, comentou.
Para ele, o mercado é complicado e falta respeito aos profissionais da pós-produção, que deveriam ser tratados com o mesmo respeito de toda a equipe envolvida na produção de uma obra audiovisual. Além disso, Ceppi acredita que é possível sim criar a carreira no Brasil. “Se você entra em um estúdio aqui no Brasil você tem que vestir a camisa, tem que ter a mente aberta e deixar o ego de lado. As pessoas precisam trabalhar em equipe, temos que lembrar que os departamentos dependem uns dos outros. No geral, no Brasil precisamos de um amadurecimento no setor”, disse.
O Pixel Show 2019 contou com parceiros como Mercado Pago, Oi, PROAC, Vale Cultura, Meio&Mensagem, 3M, cmpc, Governo do Estado de São Paulo, Leo e Lei de Incentivo à Cultura.