A Quem Interessa Um Cinema Identitário?

Abrindo os trabalhos do segundo dia do Matapi, o encontro recebeu Kariny Martins (Apan), Bruno Ribeiro (Talento Paradiso) e Bárbara Cunha (Talento Paradiso) na mesa “A quem interessa um cinema identitário”, onde os convidados debateram temas como a importância de entender os processos históricos e seus reflexos no audiovisual, questões relacionadas à identidade e representatividade e os processos de curadoria enquanto fatores essenciais para diálogos de mercado mais plurais.

“O processo curatorial deve ser associado ao processo histórico. Quanto mais os festivais contarem com bancas diversas, mais esse processo vai ser melhor conversado e dialogado durante o processo de exibição. Se os festivais de colocam no lugar do diálogo de mercado, essa mediação precisa estar melhor definida para que a gente realmente converse e saia com mais respostas, do que perguntas”, disse Kariny Martins, da APAN.

“Não é porque somos pessoas pretas que temos as mesmas vivências e contextos. É importante colocar essas especificidades durante as negociações. É preciso refletir porque sempre esperam que nossos conteúdos sejam autobiográficos e por quê não podemos estar, por exemplo, na figura da pesquisa. Roubar esse direito nosso é permitir que o sistema vá nos colocando nessas caixinhas”, completou Bruno Ribeiro, da Talento Paradiso.

 

Painel “Papo de Mercado com Todes Play”

Representatividade nas plataformas de streaming e filmes de gênero foram os principais assuntos das atividades da tarde e noite do segundo dia do Matapi 2020. No Papo de Mercado, Viviane Ferreira e Thais Scabio compartilharam o propósito por trás da criação da plataforma Todes Play e trouxeram provocações sobre o universo do streaming, além de apresentarem seu modelo de negócio.

“Pensar a dinâmica das assinaturas é entender que o streaming é um modelo de negócio, e que no Brasil ele tem sido dominado pelos estrangeiros. Precisamos pensar esse mercado sendo gerido e tocado a serviço dos nossos olhares políticos e sociais. As grandes plataformas não foram feitas para acolher todos nós”, afirmou Viviane Ferreira, da Todes Play.

 

Diálogo Formativo “Os Filmes de Gênero no Brasil”

A noite foi a vez de Gabriela Amaral e Juliana Rojas compartilharem suas trajetórias no cinema, assim como suas inspirações e desafios dentro do cenário dos filmes de gênero no audiovisual brasileiro.

“As histórias não existem para responder questões, mas para ilustrar elas. As histórias que colocam as pessoas em outro estado emocional e as vezes até físico, é o que interessa. O mais importante é que a gente esteja navegando pelo o que os personagens estão sentindo, eles me levam para esse horizonte de expectativas”, afirmou Gabriela Amaral, cineasta, roteirista e dramaturga.

“Nós trabalhamos muito com o poder da sugestão e da imaginação, e isso tem muita influência dos chamados Filme B, que são os de orçamento baixo. Isso faz você despertar a imagem do espectador, trabalhar o uso das sombras, dos sons e trabalhar a atmosfera com o tempo, além do desenvolvimento forte dos personagens, acrescentou Juliana Rojas, roteirista e diretora.

 

Confira também:

Ainda na primeira parte do dia os participantes puderam conferir as dicas jurídicas com Diego Medeiros, que falou sobre os cuidados para filmar na Amazônia.

 

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